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CAMILLE NARRANDO
12 de outubro, 2024.
Era hoje. O Estadual que o Apollo tanto esperava.
Nos últimos dias, ele tinha respirado música. Era o único assunto, a única prioridade. E, sinceramente? Eu admirava isso. A dedicação dele, a forma como ele se entregava a cada linha, cada beat, era algo que eu nunca tinha visto antes em ninguém. Apollo era intenso, apaixonado pelo que fazia, e ver isso de perto era inspirador.
Ele acordou cedo, mais cedo do que eu esperava pra um sábado. Enquanto eu ainda tentava espantar o sono, ele já estava passando as letras, ajustando os últimos detalhes com Nolly pelo celular. O brilho nos olhos dele era inconfundível, misturado com uma pontinha de ansiedade que ele tentava disfarçar.
Enquanto o observava, não pude deixar de pensar em como ele estava preparado. Apollo vinha se dedicando há meses, quase como se estivesse se construindo peça por peça pra esse momento. Ele sabia o peso que a batalha carregava, mas não deixou isso definir quem ele era. Ele era mais do que o Estadual. Era talento puro, uma força que ninguém podia ignorar.
E, mesmo assim, ele ainda era humano. Ainda duvidava, se questionava.
— Tá nervoso? — Perguntei, encostada no batente da porta do quarto.
Ele olhou pra mim, com aquele sorriso de canto que me derretia, mas que hoje parecia mais tímido.
— Um pouco, princesa. Normal, né? É grande o negócio hoje.
Me aproximei, cruzando o quarto e sentando ao lado dele. Peguei a mão dele na minha e dei um leve apertão.
— Cê tá mais do que pronto, amor. Sabe disso, né? Não importa o resultado, o que cê tá fazendo aqui já é gigante. Tô muito orgulhosa de você.
Ele ficou em silêncio por um momento, como se estivesse deixando minhas palavras se acomodarem dentro dele. Então, suspirou e encostou a testa na minha.
— Obrigado por isso. Por acreditar em mim, mesmo quando eu duvido.
— Sempre, Apollo. Cê é mais forte do que imagina.
E eu realmente acreditava nisso. Ele tinha algo que ia além de técnica ou talento. Era coração, alma, a forma como ele fazia tudo com intensidade. Independentemente de quem subisse no palco hoje, ele já era um vencedor. Pra mim, pra gente. E eu sabia que ele sentia isso também.
Enquanto nos preparávamos pra sair, o clima no ar era uma mistura de excitação e apreensão. Mas eu sabia, sem sombra de dúvidas, que hoje era só o começo de algo ainda maior pra ele.
Apollo se levantou, puxando minha mão e me guiando até o banheiro. Aquele jeito decidido, mas ao mesmo tempo cheio de carinho, sempre me desmontava. Ele abriu a porta e me olhou com um sorriso de canto.
