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APOLLO NARRANDO

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APOLLO NARRANDO

27 de maio, 2019.

A praça tava fervendo. Os postes de luz iluminavam o espaço e, diferente das antigas batalhas, hoje o rolê tava lotado. A última batalha entre Jaya Luuck e Jotapê estourou, pegando 1 milhão de views em duas semanas, então o hype tava altíssimo.

'Tava com os moleques ali, na roda, esperando o Bob e o Alva chamarem pra primeira fase, quando meus olhos bateram numa mina no canto da roda. Ela tinha um estilo que chamava atenção sem nem precisar tentar. O cabelo cacheado caía leve, emoldurando o rosto com um delineado que destacava o olhar dela de um jeito hipnotizante. Tava num look nada exagerado, mas o suficiente pra marcar presença.

A jaqueta preta da Adidas, com aquelas três listras brancas clássicas, era gigante nela, mas dava um ar de conforto e estilo, bem street. Calça jeans preta, largona, meio surrada, e um tênis preto da Adidas também, completavam o visual. Tudo no preto e branco, sóbrio, mas pesado ao mesmo tempo.

E aí vinham os detalhes. Um fone grandão no pescoço. Cinto com uma fivela estilosa, relógio branco no pulso, e uns anéis com formatos tipo escorpião, aranha, tudo metálico. Tinha um ar meio dark, um toque street que era só dela. Era aquele tipo de estilo que não se vê todo dia e que, sem esforço nenhum, me prendeu a atenção.

- Carai, Apollo, cê tá escutando? - Jotapê me chamou, balançando a mão na minha frente pra me tirar do transe.

Balancei a cabeça, tentando disfarçar. - Tô sim, cê é mó chato, mano!

Ele riu, sacando que eu tava encarando a menina. - Sei, sei... e aí, mermão, quem é a sortuda? - ele provocou, dando uma cotovelada de leve.

Revirei os olhos, mas não consegui segurar um sorriso. - Viaja não, Jotapê. Bora focar na batalha, cê tá mó zé.

Assim que Bob e Alva chamaram pro combate, a galera começou a se agitar em volta. - Cola pra cá, Salvador x Camille! - a voz deles ecoou, e eu e Jotapê trocamos um olhar meio confuso. Nunca tinha ouvido falar de um MC com esse nome por aqui.

Olhei em volta, tentando achar quem ia colar na roda pra enfrentar o Salvador, que já tava lá no centro esperando. E, pra minha surpresa, a mina que eu tinha ficado de olho apareceu, entrando na roda com uma confiança de quem sabe o que tá fazendo. Ela cumprimentou o Salvador, o Bob e o Alva, como se fosse rotina.

- É ela a Camille? - Jotapê perguntou, espantado, como se tivesse lido meu pensamento. Eu só consegui acenar, tentando processar.

Eles tiraram o ímpar ou par ali mesmo, e deu pra ver quando ela venceu com um sorriso meio sacana, mas na humildade, deixou o Salvador começar. Não sei se era confiança ou respeito, mas tava claro que ela sabia o que tava fazendo.

O beat começou a tocar, um boombap daqueles que já faz a galera balançar a cabeça sem nem perceber. Ela entrou na vibe de um jeito diferente, acompanhando o ritmo com uns movimentos lentos, como se cada batida puxasse um passo dela. A mina tava totalmente no controle, como se o beat fosse dela, e a roda inteira percebeu isso. O clima ficou pesado, e dava pra sentir a tensão e a expectativa da galera.

𝐕𝐄𝐌 𝐂𝐎𝐌𝐈𝐆𝐎, apollo mc.Onde histórias criam vida. Descubra agora