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APOLLO NARRANDO
20 de julho, 2024.
Ela dormia tranquila, respirando suavemente, e eu não conseguia parar de olhar pra ela. Cada detalhe do rosto da Camille me fazia sentir que, finalmente, as coisas estavam no lugar certo. Os anos que passei escondendo o que sentia, fingindo que tudo tava bem, tinham sido pesados demais. E agora, com ela nos meus braços, a sensação era de alívio, de paz.
Lembro de quando começamos a nos entender melhor. Tudo foi acontecendo de um jeito inesperado, mas, ao mesmo tempo, parecia que a gente tava destinado a ficar junto. Cada troca de olhares, cada discussão boba, cada rima trocada nas batalhas... tudo tinha nos levado até esse momento.
- Eu demorei demais pra me tocar que você é o que eu precisava - murmurei baixinho, sem querer acordá-la.
A sensação de tê-la ali comigo era diferente de qualquer coisa que já tinha sentido antes. Não era só atração, era algo muito mais profundo, como se a Camille tivesse preenchido um espaço vazio que eu nem sabia que existia. Ela me fazia querer ser alguém melhor, sabe? Mais do que só um MC ou um cara que faz os outros rirem. Ela via algo em mim que eu mesmo não conseguia enxergar.
Ela se mexeu um pouco, apertando mais o abraço, e eu sorri. Sentir o peso dela em cima de mim, o calor do corpo dela. Talvez porque, com a Camille, eu sabia que podia ser eu mesmo, sem medo de julgamentos, sem precisar esconder nada.
- Não sei como demorei tanto pra perceber - pensei, enquanto continuava acariciando as costas dela.
Ficar escondendo o que eu sentia por tanto tempo só me fez ver que eu tava tentando fugir de algo que era inevitável. Tá ligado quando você acha que tem controle sobre os sentimentos, mas na real, cê só tá adiando o que é óbvio? Então, foi isso que rolou. Eu tava adiando o inevitável, mas agora não tem mais volta.
Camille é a melhor decisão que eu já tomei, e eu faria tudo de novo.
Percebo ela abrir os olhos devagar, me dando um olhar rápido antes de sorrir de leve. Não consigo segurar o sorriso que se espalha no meu rosto.
- Cê sabe que eu te amo, né? - murmuro, meio distraído, mas com a certeza de que ela vai ouvir.
Ela levanta o rosto pra me encarar, aquele sorriso de canto nos lábios, e os olhos dela brilham de um jeito que só ela consegue. É como se, em um simples olhar, ela dissesse tudo o que eu precisava saber.
- Sei... - responde baixinho, a voz suave, antes de se aconchegar de novo em mim, sua cabeça descansando no meu peito. - E eu te amo também, seu bobo.
Não deu pra segurar o sorriso bobo. Era foda como momentos assim, tão simples, podiam deixar tudo mais de boa. O jeito que ela se encaixava em mim, como se fosse o lugar certo, me dava uma paz que eu nem sabia que precisava até sentir.
