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CAMILLE NARRANDO
15 de julho, 2024.
Estávamos eu, Kakau, Jotapê, Apollo e Tavin jogados pela sala da minha casa, a vibe meio preguiçosa enquanto o tempo passava devagar. Só faltava esperar o horário de se arrumar pra última BDA antes do aniversário de 8 anos da batalha. Um marco importante, não só pra nós, mas pra todo mundo que acompanhava.
Eu ia batalhar hoje, mas, no evento, acabei pensando muito antes de decidir que não ia. Sei que essa batalha de hoje é importante, igual os aniversários dos anos anteriores. Só que, dessa vez, tinha MC que parecia com mais fome de rimar do que eu. Então, preferi ficar só como plateia.
Enquanto isso, o clima na sala era de pura descontração. Kakau tava deitada no colo do Jotapê, que mexia no celular como se não tivesse preocupação no mundo. Tavin tava na cadeira do canto, ouvindo música no fone e batucando o ritmo na perna. Apollo tava do meu lado, jogado no sofá com o boné virado pra trás, sem falar muito, mas presente, como sempre.
A última BDA antes do grande evento tava prestes a começar, e mesmo sem rimar, eu sabia que ia ser uma noite marcante.
Apollo e eu conversamos sobre o nosso "relacionamento" e decidimos contar pro pessoal umas duas semanas atrás. Quando finalmente revelamos, a reação foi surpreendente. Eles disseram que já sabiam e comemoraram, como se aquilo fosse uma grande vitória.
Lembro da expressão dos nossos amigos, os sorrisos largos e as provocações bem-humoradas. Tava todo mundo na pilha, empolgados com a novidade, como se a gente tivesse acabado de vencer um campeonato. E isso só deixou tudo mais leve entre a gente.
Com o tempo, a relação foi se moldando. As trocas de olhares e os toques casuais se tornaram mais frequentes. Entre piadas e risadas, a conexão crescia, e eu me via cada vez mais envolvida com Apollo. Era um jogo de nuances, onde cada conversa, era uma forma de expressar o que sentíamos, mesmo que ainda não soubéssemos exatamente como definir.
Eu me pegava pensando nele mais do que admitia, e sabia que o sentimento era recíproco. O jeito como ele me olhava quando pensava que eu não tava vendo, o sorriso de canto que ele soltava quando eu fazia uma piada boba... Tudo isso só deixava claro que, de alguma forma, a gente já tinha passado daquele ponto de "curtição".
A verdade é que, com Apollo, cada dia era uma nova descoberta, e, mesmo sem saber exatamente aonde aquilo ia dar, eu tava disposta a deixar acontecer.
Fui tirada dos meus pensamentos com o Apollo me chamando.
- Cê tá bem mongol hoje, né? - ele zoou, claramente se divertindo por eu não ter escutado.
Não pude deixar de revirar os olhos, soltando uma risadinha.
- Pode falar, lindeza do meu coração - respondi, usando a ironia no tom.
Ele logo deu uma risada curta, balançando a cabeça com um sorriso maroto. Aquela leve provocação entre a gente sempre tinha um jeito de deixar o clima mais descontraído, e eu adorava como a interação fluía fácil assim.
