trinta e oito | banho.

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Isabella Trajano.

Abri os olhos lentamente, quando acordei com o som do despertador, levando uma questão de segundos para me lembrar onde estava e com quem

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Abri os olhos lentamente, quando acordei com o som do despertador, levando uma questão de segundos para me lembrar onde estava e com quem. Meus lábios se curvam em um sorriso, quando as lembranças tomam a minha cabeça. Desligo o aparelho e admiro o fato do moreno não ter despertado também. Imagino que estava muito cansado. Virando o corpo para o lado, meus olhos se fixam nele.

Ontem depois de tudo, decidimos passar o resto da noite assistindo filme e pedimos lanche já que ele nem tinha almoçado. Richard foi tomado pelo sono quase na metade do filme e ja era bem tarde quando eu também capotei.

Ele dormia serenamente ao meu lado, e merda, nunca pensei que alguém pudesse ser tão bonito dormindo, mas ele de alguma forma conseguia ser.

Analisando seu rosto, me recordo de que mais tarde ele teria que enfrentar as quarta de final, junto dos seus medos e inseguranças sobre o resultado. Sinto um pouco do peso da responsabilidade que ele estava sentindo, podia imaginar que se sentia na obrigação de conquistar o título, devido toda a expectativa que o público colocou em cima dele.

Mas não era verdade, ele não tinha que carregar essa responsabilidade sozinho, independente do que as pessoas pensavam ou não.

Suspirei levemente, levando minhas mãos até o seu rosto e acariciando-o. Dedilhei suas tatuagens e me questionei se algum dia ele me contaria o significado de cada uma delas.

Sinto o movimento do seu corpo na cama, ele desperta lentamente e leva alguns segundos para raciocinar. Por algum motivo desconhecido, tomada pela vergonha, puxei o lençol até a altura do meu pescoço, cobrindo meu corpo. Ele observa meus movimentos, os olhos pouco vermelhos e aparência cansada. Ainda assim, lindo.

─── Bom dia, princesa. ─ ele diz, a voz pouco rouca e gostosa próxima ao meu ouvido. Ele beija minha bochecha, em seguida meu pescoço.

─── Bom dia, lindo. ─ sem a intenção de ser muito pegajosa, mas não contendo meu desejo, deixei um selinho rápido na sua boca. Isso o fez sorrir. ─── Seu despertador tocou algumas vezes, você tem algum compromisso agora? ─ informei e o seu sorriso murchou ligeiramente.

Richard se levantou com tanta pressa, que chegou a me assustar.

─── Merda, merda, merda!! ─ ele resmunga, não se dando o trabalho de se vestir. Pega uma toalha na gaveta e enrola na cintura rapidamente, antes de dizer: ─── Eu até te chamaria pra tomar banho comigo se eu não tivesse atrasado pra caralho, o ônibus sai do hotel em 10 minutos pra o estádio. Lucho me mandou várias mensagens, porra, porra, porra! ── ele diz apressado e só consigo rir do seu desespero. ─── Tenho treino agora, na verdade, daqui a alguns minutos. Fica a vontade, amor, vou ir banhar rapidão. ── ele beija o ar, entrando no banheiro, me deixando eufórica com o novo apelido.

Talvez tenha saído sem querer, talvez ele também tenha o mesmo hábito que eu e acabar chamando qualquer pessoa próxima assim.

─── Tudo bem, a gente se vê mais tarde. Eu vou voltar pro meu quarto. ─ digo simplesmente, um pouco mais alto para que ele pudesse escutar. Me levanto da cama e começo a catar minhas roupas que estavam no chão, as vestindo.

Ouço o chuveiro ser desligado poucos segundos depois e ele aparece na porta, quando eu já estava vestida. Seu cabelo estava cheio de espuma, assim como algumas partes do seu abdômen. Acabo deixando uma risada escapar de meus lábios, ele conseguia ser fofo e engraçado ao mesmo tempo, isso era incrível.

─── Vem aqui. ─ ele chama, com um sorriso sacana no rosto e pouco se importando se estava molhando todo seu quarto. ─── Não iria embora sem se despedir, iria? ─ pergunta, me puxando pela cintura quando me aproximo o suficiente. Cerco seu pescoço com meus braços e analiso seu rosto por um instante.

─── Digamos que sim, você tem compromisso, não quero te atrasar mais. ─ respondo simples e ele umedece os lábios, mantendo o maldito sorrisinho.

Ele nega com a cabeça, como se eu tivesse dito o pior absurdo do mundo. Seus dedos seguram meu rosto com carinho e ele pressiona seus lábios nos meus, de maneira lenta e cuidadosa, abrindo caminho em minha boca com sua língua quente e úmida. Ele finaliza o beijo com um selinho, me fazendo sentir vontade de choramingar pela distância posta.

─── Não quer ir para o treino comigo? ─ pergunta, me olhando tão profundamente nos olhos que fiquei um tempo sem conseguir raciocinar.

─── Acho que é melhor eu ficar por aqui mesmo. Talvez eu vá na piscina, ou dê uma volta por aí. ─ dei de ombros.

─── Cê tá certa, eu iria prestar mais atenção em você do que no treino. Digamos que não daria muito certo. ─ ele diz, sorrindo.

─── Bobo. Termina seu banho, tenho que ir. Boa sorte lá. ─ pisquei em sua direção, caminhando até a porta.

*

Richard Ríos.

Eu sabia que não podia me atrasar para o último treino antes do jogo de hoje a tarde, mas o meu corpo, porra

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Eu sabia que não podia me atrasar para o último treino antes do jogo de hoje a tarde, mas o meu corpo, porra. Insistia em sentir saudade dela, e minha mente simplesmente não conseguia parar de pensar na noite anterior. De olhos fechados e enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, era como se eu estivesse vivendo tudo novamente.

Eu não podia simplesmente me sentir dessa forma, isso é a porra de uma ironia.

Me desperto do turbilhão de pensamentos, quando meu celular vibra em cima da pia. Seco as mãos e os cabelos com a toalha, antes de atender a ligação do Lucho.

─── Qual é, seu vacilão? Bora bora, cabou o bem bom parceiro. Hora de treinar, anda logo antes que o Néstor apareça primeiro e note sua falta. ── ele desanda a falar antes que eu dissesse o típico "alô".

─── Tô indo, idiota. Tô saindo do banho, desço em 5 minutos.

─── Já era pra tá aqui, porra inventa de fuder logo um dia antes do jogo, é foda.

─── Cala essa boca, seu merda.

─── Cala a boca nada, cê vai me contar tudo. Com quem, como foi e essas parada toda aí. ─ ele diz, com um tom exigente.

─── Tchau Lucho, tchau. ── desliguei na cara dele, dando risada sozinho depois.

Me vesti com pressa e dentro de poucos minutos eu já estava descendo. Os meninos me recepcionaram com gritinhos e piadinhas idiotas, como se eu fosse um adolescente e tivesse acabado de perder a minha virgindade. Pela primeira vez na minha vida, fiquei tímido com os comentários, muito quieto também. Não era do meu feitio.

Tentei fazer com que minha mente parasse de trabalhar um pouco; foquei apenas no longo dia que teríamos hoje. Treino e quartas de final, estávamos tão perto do fim. Isso me assustava muito.

mensagens | richard rios Onde histórias criam vida. Descubra agora