mensagens | richard rios

quarenta e seis | gostando dela.

diálogo da narrativa em português para melhor entendimento dos leitores.
🫶🏼

Richard Ríos.

─── E você acaba de agir como um adolescente na puberdade. ─ Miguel diz, enquanto chupa a porra do canudo de um Toddy que já estava seco. O barulho me deixando ainda mais irritado.

─── Adolescente na puberdade? Você tava claramente dando em cima da garota que eu tô ficando e eu sou o adolescente aqui? — me altero, noto meu tom de voz se elevando.

─── Que dando em cima o que cara, cê nem sabe sobre o que a gente tava falando, se liga idiota. — suspiro, passando a mão pelo cabelo.

Tenho sérios problemas com ciúmes, toda minha vida fui assim e parece que fazem de propósito para me ver em surto.

─── Vai se ferrar, Miguel. Eu sei que o lance entre eu e a Isa não é oficial nem nada, mas você sabia que a gente tava ficando, porra! O que foi essa ceninha que eu vi aqui??? ─ acabo falando mais que o necessário, admito.

Mas é incontrolável não falar tudo que dá na telha quando se está irritado, se já não bastasse ter que lidar com as mensagens do grupo da seleção, tenho que lidar assim também? Ao vivo e a cores? Tocando nela assim tão intimamente? Não.

──── Quer dizer então que porque vocês tão ficando não posso ser amigo dela? Deixa de ser otário, mané. A gente só tava conversando, tu tem um jeito doido de demonstrar teus sentimentos. Ciúmes não é a melhor maneira, eu te garanto.

──── Você não é amigo de mulher, Miguel. Você é a porra de um mulherengo idiota. Não fala o que eu devo ou não fazer, quando nem mesmo tu sabe o que faz. ─ mandei na lata.

Eu estava sentindo ciúmes de uma mulher que não é minha? Sim. Mas ela vai ser.

─── Não precisa falar assim também. Eu não estava dando em cima dela e muito menos tenho segundas intenções. Te respeito muito e aquelas coisas que digo no grupo é zoeira, você sabe disso. Não precisa ficar nervosinho, não quero tua mulher não. ─ se explica, erguendo as mãos como quem se rende.

─── Sei. — respondo simples, ainda sem dar muita credibilidade.

Conheço Miguel suficientemente bem para não acreditar nele.

─── Cê devia era correr pra pedir desculpas pela ceninha idiota que tu fez aqui, mulher é um bicho estranho, quanto mais rápido pedir desculpas, melhor. Eu te juro cara, que não fiz nada. Somente desabafei com ela sobre a minha situação com a Fernanda e só.

Cocei a nuca, começando a perceber a besteira que eu fiz. De fato tava me mordendo de ciúmes, mas como não ficar? A cena de longe parecia que algo estava acontecendo ali, não tinha como imaginar outra coisa.

─── Odeio admitir que você tá certo, mas porra, o que você queria que eu pensasse? De mãozinha dada e todo cheio de sorrisinho com ela? Tá doido! ─ estalo a língua no céu da boca.

─── Relaxa, a gente tava conversando sobre meu lance mal resolvido. Ela me deu uns conselhos e só. Você tá se apaixonando mesmo né? É a única resposta pra essa cena mega desconfortável. ─ ele diz, como se isso estivesse muito na cara.

─── Na verdade eu não sei, acho que tô.

─── Como assim não sabe?

─── Eu não sei, Miguel. ─ digo mais nitidamente e esfrego as mãos na cabeça, confuso.

─── Trata de descobrir isso logo então, e pede desculpas, porque isso foi a gota d'água, cara. ─ ele da uma risadinha e contenho a vontade de lhe acertar um soco. ─── Vou subir pro quarto, vê se consigo convencer Fernanda a me deixar sair com meus filhos hoje.

─── Mó confusão essa sua com tua ex né, não queria tá na tua pele não, irmão. ─ falo, mudando o rumo do assunto para tentar esquecer a besteira que eu fiz e me levantando junto.

─── Pior que não tô sabendo como resolver, essa porra tá tirando meu sono. ─ ele diz, suspirando. Eu o acompanho até o elevador, pois iria tomar café no meu quarto.

─── Mas vem cá, falando sério agora, o que te deu na cabeça pra trair a mãe dos teus filhos?

─── Cara, nem eu sei. Eu tava bêbado na primeira vez, tinha brigado com a Nanda. Nem lembro direito como tudo aconteceu, tava chapado demais. É claro que isso não justifica o que eu fiz, poderia ter tentado me resolver com ela ao invés de beber e fazer o que não devia. E agora, porra, descobri que me meti com a mulher errada. Manuela não larga do meu pé, não me deixa em paz um minuto, sempre tenta fazer as pessoas pensarem que estamos juntos. Isso só queima ainda mais o meu filme com a Fernanda, e eu tô tentando fazer tudo diferente. ─ ele desabafa e eu fico sem ter o que dizer.

Nunca fui bom em conselhos, aposto que se abrir minha boca vou acabar falando merda.

─── Mó bagulho doido essa tua história aí, mas tipo, sei lá, tenta conversar com ela. Fala o que você sente, dá um presente, não sei. Eu tô ligado, que presente não faz ninguém perdoar nada, ainda mais algo assim. Mas, acho que seria uma boa.

─── Você e a Isa combinam até nisso, ela me disse quase o mesmo que você. ─ ele diz e acabo sorrindo com o comentário, pensando nas possibilidades que rondavam meus pensamentos ultimamente.

─── Acho que tô mesmo gostando dela. ─ confesso baixinho, mudando o assunto de novo. ─── Vivo pensando nela, dia e noite. E isso só se tornou mais intenso depois que passamos uma noite juntos. Eu estava confuso mas.. agora não, só preciso de um tempo pra fazer tudo direito, não quero errar com ela.

─── Eu já imaginava, não se sente ciúme de alguém que a gente não gosta.

─── Me desculpa, eu não sei o que me deu, na verdade eu sei. Você sabe como eu sou. Senti uma pontada no peito quando te vi com ela e simplesmente falei tudo que me veio na mente. Eu sei que tu ama tua mulher.. ─ estendi a mão, para que tudo ficasse esclarecido entre nós.

─── Tranquilo, irmão. Mas pede desculpas pra ela, não pra mim. Eu nem levei a sério o que cê falou, fica de boa. ─ ele aperta os meus dedos, sorrindo.

─── Vou fazer isso, valeu.

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