Capítulo Um

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Atenção!! Plágio é crime.

Vagar pela cidade em plena noite de domingo é uma ótima maneira de se começar a semana. Às vezes eu penso em como eu e Raikes conseguimos deixar que nossa geladeira chegasse a um estado tão precário. Eu só queria alguma coisa para comer e estava ficando cada vez mais difícil achar algum estabelecimento aberto já que a maioria das pessoas estavam em suas casas curtindo o último dia da semana.

— Ora, ora. — uma voz familiar soou, fazendo-me olhar para o lado em que ela vinha  — Não poderia estar mais feliz em ver a filha do Almirante Shane. — sorriu.

Alex Hopper estava parado a alguns centímetros de mim, esperando que eu falasse alguma coisa e entrasse em suas brincadeiras de mal gosto, porém eu simplesmente dei as costas para ele e voltei a caminhar pela escuridão úmida e sombria da noite.
Ouvi uma risada alta e um barulho de passos se aproximando.

— O que você está fazendo a essa hora na rua? — ele perguntou

— Não é da sua conta. — apressei o passo, deixando-o para trás.

— Calma Shane. — sorriu e se aproximou — Eu não mordo — colocou as mãos na cintura e me olhou, visto que eu já estava parada no meio da rua —  Só se você pedir. — lançou uma piscadela em minha direção e veio até mim.

Revirei os olhos e voltei a caminhar, só que dessa vez de cabeça baixa.

— É mania sua revirar os olhos ? — perguntou, colocando-me ao meu lado

— Não sei, talvez. — olhei para os lados e dei um sorriso, achando graça por ele ter reparado isso em mim — Estou procurando algo pra comer.

— O quê? — perguntou em tom de sarcasmo, com certeza sabia do que eu estava falando.

—  A sua pergunta Hopper. — revirei os olhos novamente, colocando as mãos dentro do bolso do casaco — Estou procurando algo pra comer. — estremeci com o vento gelado que nos atingiu.

Às vezes, eu acredito que não estamos em uma região tropical. Em Honolulu quando chega a noite tem dias que fica frio, principalmente quando estamos no inverno. Já no verão, é totalmente diferente e já estamos costumamos com isso.

—  Eu conheço um lugar ótimo. — falou, me imitando e colocando as mãos no bolso — Se você me permitir levá-la até lá, posso te ajudar com isso.

— Você vai me contar qual é a sua ou terei que ser importunada por mais tempo?  — me viro para ele e coloco minhas mãos na cintura — O que você quer comigo? Não tá vendo que tá me perturbando? 

— Posso apenas te fazer companhia? Acredito que se seu pai soubesse que eu a vi e não ofereci ajuda, eu seria um homem morto.

— Ah claro, você só pensa no que o meu pai pode falar, não? — debochei, voltando o meu caminho — Só vou aceitar sua ajuda porque eu realmente preciso comer alguma coisa e nao faço a menor ideia de onde procurar.

Hopper abriu um sorriso que fez o meu corpo todo estremecer. Eu nunca tinha me sentido assim em relação a ele, já que eu jurei odia-lo com todas as minhas forças. Segundo Raikes, isso era amor, mas eu acredito que seja apenas uma atração física, visto que nunca escondi o quanto ele era bonito. O fato de não saber praticamente nada sobre essa cidade, deixava-me extremamente nervosa. Eu não cresci aqui e sim no interior do Texas, com os meus avós maternos. Apesar de meu pai ser muito presente ao longo da minha infância e adolescência, ele se entregou completamente ao trabalho quando minha mãe morreu. A melhor solução seria de fato, deixar-me aos cuidados dos meus avós. Não posso reclamar de nada que ele fez, mas infelizmente isso acabou afastando a gente.

— Eu não estou te ajudando por causa do seu pai. — finalmente falou, despertando-me do devaneio. Seu tom de voz era cansaço. Por um instante eu o olhei e percebi que ele não estava ali por obrigação —  Eu vou te acompanhar até esse lugar, nunca se sabe o que pode acontecer quando uma dama está sozinha.

Eu até poderia argumentar que saberia me defender caso alguém me atacasse, a Marinha tinha me ajudado muito nesse quesito. Enquanto eu devorava um burrito de frango, um dos meus pratos favoritos, Alex bebia sua cerveja em silêncio, me olhando a cada dois segundos.

— O que foi? — perguntei já sem paciência, deixando minha comida no prato e olhando para ele

— Você realmente está com fome. — sorriu, pedindo mais uma garrafa a garçonete — Ignore minha presença.

Dei de ombros. A bela moça colocou o recipiente em sua frente e se inclinou para abrir a mesma, mostrando o belo decote que tinha. Alex agradeceu esboçou um sorriso, balançando a cabeça negativamente.

—  Pode ir pra casa, eu ficarei bem. — falei, bebendo o último gole do suco de morango. — Sabe como é, não preciso de babá. — tirei o dinheiro do bolso da calça e deixei ao lado da cerveja dele, pagando pela sua bebida também.

— Dana, não. — falou pela primeira vez o meu nome, entregando-me o dinheiro da sua cerveja.

— É apenas um agradecimento por ter me ajudado Alex, aceite. — revirei os olhos e ele sorriu, levantando-se.

— Vou te acompanhar até em casa então. — ele disse, indicando com seu braço para que eu fosse na frente.

Apesar de não querer assumir publicamente, era bom ter alguém para me fazer companhia, nem que fosse apenas para caminhar lado a lado comigo. Como eu disse, sei me defender e sei ainda mais como os homens dessa cidade são perversos, principalmente quando se trata de mulheres andando sem rumo sozinhas no começo da madrugada.

Enquanto andávamos em silêncio,
apenas com o barulho de nossos passos e nossas respirações, avistei meu prédio de longe. Era aqueles típicos prédios americanos, com uma simples porta, um jardim bem cuidado, que Raikes tinha o prazer de exibir aos nossos vizinhos e uma pintura rústica, algo que eu realmente amava naquele lugar.

— Chegamos. — anunciei, parando em frente ao meu portão. Tirei a chaves de dentro da bolsa e a encaixei na fechadura, detrancando-o.

— Boa noite Shane. — ele disse, virando-se e partindo.

— Boa noite e obrigada. — gritei, mas ele estava longe demais. Talvez não tenha ouvido, mas fiz minha parte.

De repente, eu senti um vazio enorme ao vê-lo se distanciar.

Eu o odeio! Odeio?

O carro de Raikes não estava na garagem, o que eu estranhei, pois ela nunca dormia fora. Fui direto para o meu quarto,reparando que em cima da minha cama havia um bilhete dizendo que ela voltaria tarde. Deixei o papel em cima da escrivaninha e me dirigi até o banheiro, despindo-me do caminho e entrando debaixo do chuveiro. Meu cabelo já estava preso e a sensação da água quente batendo em minha pele me fazia relaxar e esquecer de todos os problemas que eu tinha.

Esquecer que iria perder o maior exercício naval por causa de uma capricho do meu pai era impossível. Por mais que eu o amasse, eu estava odiando o fato de que ele havia sabotado a ficha de convocação do Rimpac e me deixado fora de uma grande oportunidade de crescer profissionalmente. Eu estava extramemte irritada com isso e nada mais do que um banho quente para tirar toda tensão desses últimos dias.

O pior disso tudo, era que eu não parava de pensar nele. Hopper poderia até ter me ajudado por causa do meu pai, mas preferiria pensar que não. Eu gostaria de acreditar que isso fosse apenas coisa da minha cabeça, gostaria de acreditar que essa coisa que eu sinto quando ele está por perto fosse apenas atração física.

Ainda tinha esperanças de que Alex Hopper, fosse um homem de sentimentos. Apenas esperanças, porque no fundo eu sabia que ele era totalmente ao contrário.

O Rimpac é o maior exercício de guerra marítima internacional do mundo. Ele é realizado á cada dois anos em Junho e Julho em Honolulu, Havaí. E é por causa dele que ficarei em terra firme. Segundo meu pai, o Almirante Terrance, ele era perigoso demais para jovens como eu. Outra coisa que eu acho ridículo, porém as vezes eu entendo o seu lado protetor. Ele sabe das coisas e sabe como funciona a Marinha. Mas eu pretendo mudar isso, nem que eu precise ir contra todos os costumes e princípios do meu pai.




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