DANA SHANE
Fazia mais ou menos três horas que estávamos viajando mar adentro. Eu conversava com o contra-oficial de armas, passando o nosso plano caso alguma coisa acontecesse de imediato.
— Então esse será o plano que iremos seguir — afirmei — Já estamos todos em alerta, o próximo passo será verificar qual navio atacará primeiro.
— Acredito que o Myoko será o primeiro — Stone comentou, aproximando-se de nós.
— Duvido muito, senhor — apontei para as posições de todos os navios americanos — Se eles seguirem à risca a nossa dedução, Myoko será um dos últimos.
Stone debruçou sobre a mesa, olhando todas as marcações feitas por mim, indicando todas as rotas de ataque e fuga que eles poderiam recorrer.
— Faz sentido, capitão — me olhou, apontando para um ponto específico entre dois morros — Apesar de aqui tem bastante pedras, os navios japoneses cabem perfeitamente nessa passagem. Pode ser que eles usem esse vão como esconderijo
— Sim, pensei nisso também senhor — anotei no mapa — Nós temos a vantagem de saber cada milímetro dessa ilha, inclusive os seus pontos cegos.
Stone estava prestes a responder meu comentário quando o navio todo balançou, fazendo com que nos jogássemos ao chão. Imediatamente levantamos quando percebemos que nada mais aconteceria, observando um objeto não identificado pousado no oceano. Ainda sem entender o que aquilo significaria, ficamos estáticos no lugar.
— Entre em contato com os outros navios americanos e também com o porta aviões — Stone falou para os marinheiros da comunicação — Veja se isso faz parte do Rimpac.
Ele olhou-me por alguns segundos, voltando sua atenção para a tripulação.
— Senhor, isso não é um exercício. John Paul Jones está enviando marinhos para verificar o objeto.
— Controle de armas, em alerta — ele ordenou — mire no alvo.
Um pouco mais à frente pude reconhecer os rostos familiares de Hopper, Raikes e Lynch embarcando em uma lancha, com destino aquela coisa. Eles pilotaram o bote até lá, observando o local com cuidado. Hopper desembarcou com cautela, caminhando pelo objeto que parecia ser gigante. Ele estava nervoso, eu pude perceber isso através do binóculo. Ele tateou a parede preta, sendo jogado para trás com força. Uma onda eletromagnética passou por nós, danificando todo o radar e levantando um campo de força, isolando então Sampson, John Paul Jones e Myoko, que surgia um pouco à frente.
Raikes correu até ele, sacudindo para que ele acordasse o mais rápido possível. Lynch tentava ligar a lancha, mas por conta da onda, ela estava falhando. O transporte deles finalmente pegou ao mesmo tempo em que Raikes ajudava Hopper a embarcar na mesma.
— Quando quiser, senhor — o controle de armas falou.
— Fogo! — ordenou e o míssil foi disparado.
Ele atingiu em cheio o alvo, mas não foi o suficiente para que fizesse algum estrago. A distância entre o objeto e os navios era longa e eu só torcia para que os meus amigos chegassem até o John Paul Jones a salvo.
— Fogo inimigo senhor — um dos tripulantes falou, observando pelo binóculo — O que é isso?
Uma espécie de bola de ferro vinha em nossa direção, diretamente para a sala de controle. Não era nada comum para uma arma de fogo, mas com certeza fazia um grande estrago.
— Abandonar o navio, saiam todos daqui — Stone falou, quando a engrenagem atingiu a proa e começou a destruir tudo o que via pela frente.
Segui as suas ordens, correndo em sua frente para a popa do navio, olhando de tempos em tempos para trás. Eu simplesmente travei quando vi a frente completamente destruída e aquela coisa vindo em minha direção. Quando dei por mim, continuei correndo, vendo diversos marinheiros pulando na água. Estava prestes a fazer isso quando meu corpo foi puxado para trás, sendo pressionado no chão por uma coisa que não era comum. Minha cabeça estava latejando e meus olhos começaram a ficar pesados. Eu não conseguia lutar, então a última coisa que lembro antes de desmaiar foi ser carregada para o que parecia ser uma nave.
ALEX HOPPER
Fechei meus olhos ao ver o Sampson sendo engolido pelo mar, sentindo o meu corpo todo estremecer com aquela cena. John Paul Jones contra-atacou, porém foi enviado algumas bombas que não faziam tanto estrago como a bola de ferro. Lynch atracou a lancha no navio, saindo do mesmo. Segui seus passos, passando por ele vendo alguns marinheiros feridos.
— Estão todos bem? — perguntei, ajudando alguns a ficar de pé — Onde está o capitão? — Olhei para os demais, recebendo apenas um balançar negativo de cabeça — Fragata? — permaneceram em silêncio — Quem está na linha de sucessão?
— É o senhor — Lynch falou, me encarando — O que faremos agora, capitão?
Merda! Merda! Merda! Mil vezes merda!
— Eu não sei, eu só est...
Minha fala foi interrompida com outro estrondo, vendo que o Myoko havia atacado. Não demorou muito e ele foi contra-atacado com a mesma coisa que destruiu o Sampson. A embarcação foi atingida rapidamente, sendo definhada da proa a popa em questões de segundos.
— Meu Deus! — Raikes falou, trazendo-me de volta — Senhor, o que faremos agora?
Como eu queria saber o que fazer. Fechei meus olhos pensando no que a Shane faria se estivesse no meu lugar e cheguei a conclusão de que ela protegeria todos os tripulantes, recuando.
— Abaixem as armas — falei, recebendo diversos olhares curiosos — Aquela coisa possui um sensor de armamento, com certeza. Se quisermos sobreviver por enquanto, teremos de recuar — finalizei — Ajudem a todos os homens e mulheres que estão na água, traga-os para dentro.
Assim que terminei de falar, a correria começou pelo convés, na tentativa de trazer para cima todos os marinheiros que sobreviveram aos ataques. Haviam poucos tripulantes do Sampson e muitos do Myoko, sendo inclusive um deles o Nagata. Ele encarou-me por alguns instantes, voltando sua atenção para ajudar os que ainda estavam na água.
— Levem os feridos até a enfermaria, os que tiverem condições de seguir em frente, ajudem a organizar a ala médica — falei, sentindo meu coração palpitar fortemente contra meu peito — Ei, você! — Apontei para um tripulante do Sampson — Tem alguma notícia sobre o seu capitão?
— Ele está morto, senhor — falou, voltando a correr pelo convés.
Aquela notícia me abalou profundamente, deixando todo o meu corpo inerte a qualquer coisa que acontecia ao redor. Escorei-me em uma das paredes, tentando evitar que o choro me consumisse por inteiro. Meu irmão estava morto e eu sequer havia conseguido me despedir.
Quando constatei que estavam todos a salvo, voltei para a sala de controle, sendo recebido com diversos olhares preocupados.
— Todo leme a bombordo — ordenei, olhando para meus amigos — Nos afaste o suficiente dessa coisa até estarmos seguros. Em uma hora discutiremos o que será feito a seguir — olhei para um tripulante — Consiga uma lista de todos os tripulantes do Sampson e do Myoko e você, tente mais uma vez contato com o porta aviões.
Um deles me entregou diversos papéis, o que eu deduzi ser a lista que havia pedido. Caminhei rapidamente até a sala do capitão, que agora era minha. Sentei-me na cadeira e comecei a analisar os papéis que estavam organizados por ordem alfabética.
"Dana Annie Shane"
Meu coração simplesmente errou uma batida quando eu li aquelas três palavras, fazendo com que o desespero tomasse conta de mim. Saí disparada pelos corredores, com destino até a ala hospitalar. Assim que passei pela porta, vi o caos que aquele lugar estava, mas eu só queria encontrar Dana de um jeito ou de outro. Fui olhando os leitos um por um até chegar ao local onde estavam os corpos dos tripulantes mortos. Entrei no cômodo com uma sensação estranha percorrendo todo o meu ser, ficando certamente um pouco aliviado por não encontrá-la ali. Mas o desespero voltou com a possibilidade de ela estar na água.
— Senhor, precisa ir até a sala de comando agora — Raikes falou, colocando a mão no meu ombro.
— Eu não posso, eu preciso achar a...
— Dana, eu sei — me interrompeu, chamando minha atenção — É exatamente por isso que precisa vir comigo.
Sem questionar, eu a segui apressadamente até o centro de comando, vendo uma cena que destruiu completamente qualquer resquício de medo que eu tinha.
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Battleship - A Batalha Dos Mares
Science FictionA Marinha dos Estados Unidos, um sonho de qualquer adolescente apaixonado por coisas relacionados ao mar. Dana Shane, uma garota comum, que entra para a Marinha apenas para se divertir, vê seu mundo virando de cabeça para baixo quando a Honolulu, no...