Coffee, Chaos and Others

22.

No dia seguinte, Thomas e Newt estavam juntos novamente. Depois de mais um treino de direção decidiram ir ao Bistrô do bairro para relaxar um pouco. Thomas parecia mais radiante do que nunca. Ele não conseguia esconder sua empolgação com a nova aventura de dirigir, enquanto Newt, por outro lado, tentava manter uma expressão mais séria e realista.

— Eu adoro ir para a estrada — disse Thomas, seus olhos brilhando enquanto se dirigiam a uma mesa vazia perto da janela.

Newt deu um sorriso meio sem jeito. Ele apreciava a animação de Thomas, mas havia um certo desconforto que não conseguia ignorar. — Tá legal, Tommy... Eu me preocupo demais com você para não dizer isso, então... — começou ele, pegando um caderno dentro da mochila e abrindo em uma página limpa, preparando-se para dar uma pequena "aula" improvisada.

Thomas se acomodou na cadeira, curioso. Ele gostava quando Newt explicava as coisas de maneira prática. — O que é? — perguntou com um sorriso, inclinando-se para ver o que Newt iria desenhar.

— Bem, eu vou desenhar uma pequena simulação para te mostrar o que aconteceu ontem — explicou, começando a traçar formas simples no papel.

No meio do rabisco, surgiram linhas e um quadrado. — Aqui — disse Newt, apontando para o quadrado menor — este pequeno quadrado somos nós. — Então, ele desenhou um grande retângulo ao lado. — E este é o grande caminhão que encontramos na via expressa.

— Ah... — disse Thomas, franzindo o cenho enquanto olhava para os desenhos, tentando adivinhar onde aquilo iria parar.

Newt continuou com uma expressão séria, mas claramente se divertindo com o cenário que estava criando. — E aqui é onde o grande retângulo esmagaria o pequeno quadrado, por... você sabe, não olharmos para os pontos cegos antes de mudar de faixa — disse ele, apontando para a parte onde os dois desenhos quase se sobrepunham.

Thomas olhou para Newt com os olhos arregalados, uma mistura de espanto e uma leve realização cômica. — Ai — foi tudo o que conseguiu dizer, imaginando a cena. Ele se lembrava vagamente do momento que Newt mencionava, mas na hora, não parecia tão dramático.

— Exatamente, "ai" — disse Newt, cruzando os braços e balançando a cabeça com paciência. — O pequeno quadrado, no caso, nós, não tinha preferência. O grande retângulo, ou seja, o caminhão, tinha.

— Ah... — Thomas deu um longo suspiro, absorvendo a lição como se fosse um aluno que acabava de perceber que não estudou o suficiente para uma prova. — Então, o caminhoneiro não estava acenando para mim?

Newt abriu um sorriso divertido, seus olhos brilhando de leveza. — Ele não estava acenando de forma simpática, não. — Ele fez uma pausa dramática, vendo a expressão de surpresa de Thomas. — Ele estava mandando você se afastar.

Thomas riu, balançando a cabeça. — Eu realmente pensei que ele estava sendo educado... — admitiu com um tom de descrença, mas seu sorriso logo voltou. — Bom, acho que é melhor treinar mais minha direção na via expressa, então.

Newt assentiu, relaxando um pouco na cadeira. — Sim, isso seria uma boa ideia. Mas você está indo bem, Tommy. Vamos chegar lá.

— Obrigado por me aguentar — disse Thomas. — Eu sei que sou um péssimo motorista, mas estou melhorando. E é graças a você.

Newt sorriu de forma gentil, mas com um toque de sarcasmo. — Não é como se eu estivesse com medo da minha vida ou algo assim, né? — brincou, fazendo Thomas rir.

— Vou ser um motorista incrível, você vai ver — disse Thomas com uma confiança renovada. — E quando eu tirar minha habilitação, vou te levar para onde quiser.