23.

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Thomas estava em seu quarto, sentado em cima da cama, mergulhado nas páginas de um livro. Geralmente, essa era uma atividade relaxante que o fazia esquecer o mundo por um tempo, mas, estranhamente, a leitura não estava trazendo a tranquilidade habitual. As palavras pareciam dançar diante de seus olhos, formando frases que não conseguiam prender sua atenção. Havia algo no fundo de sua mente que o incomodava, uma sensação persistente que não o deixava em paz.

Enquanto isso, Vince estava prestes a entrar em seu próprio quarto quando notou a porta de Thomas entreaberta. Ele hesitou por um momento, ponderando se deveria interromper o que quer que Thomas estivesse fazendo. Mas a preocupação começou a pesar em seu coração.

Ele decidiu se aproximar da porta e, após um breve toque na madeira, entrou no quarto. O ambiente estava levemente iluminado, e o cheiro de papel e tinta preenchia o ar. Ao ver Thomas, sentado em sua cama com um olhar distante, Vince sentiu uma pontada de dor. O garoto estava tão absorvido em seus próprios pensamentos que não percebeu a presença do pai.

— Pai? — perguntou Thomas, fechando o livro e olhando para ele, confuso com a visita inesperada.

Vince caminhou até a mesinha de cabeceira de Thomas, onde havia uma moldura com uma foto. Ele pegou a imagem e olhou para ela com nostalgia. Era uma foto de Thomas, ao lado de outra criança, com sorrisos largos e olhos brilhantes. Aquela imagem capturava um momento de pura felicidade, algo que Vince queria resgatar.

— Lembro quando tiramos essa foto — comentou Thomas, a voz carregada de melancolia. A lembrança parecia pesar sobre ele, e Vince notou a tristeza em seu olhar.

Thomas passou a mão pela moldura, e virou-a lentamente, revelando os nomes gravados atrás: "Thomas & Chuck". O simples gesto fez seu coração apertar. Ele sentiu um nó na garganta, lembrando-se do amigo que tinha sido uma parte fundamental de sua infância.

— Sente falta. Newt ajuda a sentir um pouco menos a falta dele, certo? — perguntou Vince, de maneira gentil, tentando estabelecer uma conexão com seu filho.

Thomas olhou para o pai, seus olhos tristes se encontrando com os de Vince. Um suspiro escapou de seus lábios, carregado de emoção reprimida.

— Sei que é por isso que não quer marcar a prova. Não quer que o tempo que passa com Newt acabe — disse Vince, com uma compreensão profunda.

— Não... — Thomas negou de início, mas a hesitação em sua voz traía sua verdadeira resposta. — É... mas, tá tudo bem.

Vince deu um passo à frente, querendo confortá-lo, mas Thomas parecia ainda mais distante.

— Pode conversar comigo — insistiu.

Thomas desviou o olhar, focando na foto novamente. Ele hesitou, como se as palavras tivessem se perdido em um mar de emoções.

— Conversar com você só piora as coisas... Você fica triste também, pai. E isso me fará sentir mais falta dele — Thomas suspirou, as lágrimas ameaçando escapar. A luta para manter a compostura estava se tornando exaustiva. — Olha, eu sei o quanto quer tentar me fazer melhorar, mas não pode. Ninguém pode.

O silêncio que se seguiu era pesado, como um manto de tristeza cobrindo o ambiente. Vince percebeu o quão difícil estava sendo para Thomas lidar com a perda, e um aperto no coração lhe disse que, talvez, o melhor a fazer fosse apenas ouvir.

— Eu não quero que você se sinta assim — Vince falou finalmente, a voz suave, mas firme. — Mas você não precisa passar por isso sozinho. Eu estou aqui. Sempre estarei.

Thomas olhou para o pai, a luta entre a vontade de se abrir e o desejo de se proteger mais intensa do que nunca.

— Eu sei que você está aqui, pai... — disse Thomas, a voz quebrando enquanto um soluço se formava em sua garganta. — Mas não quero que você sofra por minha causa.

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⏰ Última atualização: Oct 19, 2024 ⏰

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