Coffee, Chaos and Others

20.

O Halloween havia passado, e o outono e o inverno também se foram, mas o clima em Willow Creek ainda mantinha um toque frio. Para Thomas, aquele dia tinha um significado especial. Ele finalmente aprenderia a dirigir.

Estava sentado no banco do motorista do carro de seu pai, as mãos firmemente posicionadas no volante, enquanto observava a tranquilidade da rua à sua frente. O carro parecia um território novo e emocionante, uma promessa de liberdade e independência.

— Obrigado por isso, pai — disse Thomas, seu tom cheio de gratidão. Vince estava ao seu lado no banco do passageiro, tendo tirado uma folga no trabalho especialmente para essa ocasião.

Vince sorriu, sentindo um calor reconfortante ao ver o entusiasmo do filho. — Tenho que admitir...

— O quê? — perguntou Thomas, lançando um olhar curioso para ele.

— Faz tempo que não fazemos algo assim juntos — comentou, sua voz carregada de nostalgia.

Thomas sorriu de volta, sentindo-se conectado ao pai de uma maneira que não sentia há algum tempo. — É. Lembro de você me ensinando a andar de skate.

— Você se arranhava muito — riu Vince, perdido em suas próprias lembranças.

Thomas não pôde deixar de concordar, rindo também enquanto se lembrava das quedas e dos pequenos machucados, todos parte dos bons momentos que eles compartilharam.

— Ok, está pronto? — perguntou Thomas, um brilho de empolgação nos olhos.

— Eu quem deveria perguntar isso a você — retrucou Vince, com um sorriso maroto. — Estou pronto. — assentiu, tentando parecer confiante.

Thomas respirou fundo, ajustando os espelhos e se certificando de que tudo estava em ordem. Sentia um nervosismo crescente, mas também uma excitação que fazia seu coração bater mais rápido

— Lembre-se de ir devagar e manter a calma — disse Vince, tentando passar tranquilidade ao filho.

Thomas engatou a primeira marcha e soltou o freio de mão com cuidado. O carro começou a se mover lentamente pela rua tranquila. Ele sentia cada movimento do veículo, a vibração do motor sob suas mãos e a leve resistência do volante ao girar. A sensação era ao mesmo tempo emocionante e um pouco intimidante.

De repente, Thomas começou a acelerar o carro, fazendo Vince saltar de surpresa e ficar tenso.

— O que foi? — perguntou Thomas, sem tirar os olhos da estrada.

— Devagar — pediu Vince, a preocupação evidente em sua voz.

— Estou no limite de velocidade — respondeu Thomas, ainda concentrado na direção.

— Está meio rápido — disse, observando o entorno com apreensão.

— Não — retrucou Thomas, teimosamente. — Viu? O cara de bicicleta passou a gente.

Thomas apontou para um homem que havia acabado de passar na frente do carro deles, pedalando tranquilamente.

— E por falar em bicicleta... você está meio perto, não acha? — perguntou Vince, retoricamente, notando a proximidade com o ciclista.

— Não, estou dando bastante distância — insistiu Thomas, começando a se irritar com as constantes correções do pai.

— Dê mais um pouco então — disse Vince, tentando manter a calma.

Thomas não pôde deixar de revirar os olhos. — Pai, fala sério...

— Não olhe para mim. Olhe para a rua — alertou Vince, a tensão aumentando.