Coffee, Chaos and Others

3.

Thomas encontrou seu pai, Vince, no corredor da casa, e imediatamente levantou a questão que o estava incomodando.

— Pai.

— Sim? — respondeu Vince, virando-se para encarar o filho.

— Por que Newt está aqui? — perguntou Thomas, sua expressão revelando irritação.

— Ele apenas apareceu aqui — explicou Vince, dando de ombros.

— Ele tem uma casa.

— Tem... — concordou Vince, seu tom de voz sugeria que havia mais para a história do que ele estava disposto a compartilhar naquele momento.

— Então, mande-o de volta para lá — insistiu Thomas, sua voz soando firme.

Vince apenas sorriu enigmaticamente. — Acho que ele ainda vai te surpreender — comentou, antes de se esquivar de Thomas e seguir em direção à cozinha.

— Ah, mas ele já me surpreendeu, quando foi rude comigo e agora parece estar me perseguindo — retrucou Thomas, seu sarcasmo evidente em suas palavras.

— Parece — ironizou seu pai, enquanto desaparecia pela porta da cozinha.

Ele suspirou pesadamente, sentindo-se incomodado com a presença persistente de Newt ao seu redor. O olhar do garoto loiro captou o suspiro de Thomas, e ele respondeu com um sorriso tranquilo, como se estivesse completamente à vontade na situação.

— Que bom que estão aqui — disse Vince, enquanto se dirigia ao armário para pegar alguns utensílios.

— Outra vez! — exclamou Thomas, com um tom de deboche, sua frustração transparecendo em sua voz.

— Valeu, Vince — respondeu Newt, demonstrando gratidão pela hospitalidade.

Newt levantou-se da mesa com seu prato sujo na mão, indicando que havia terminado de comer. Ele se aproximou de Thomas, que estava ocupado colocando cereal em sua tigela.

— Só para você saber, vim aqui pela comida, não pela companhia — Newt sussurrou perto de Thomas, um brilho travesso nos olhos.

— Hum — respondeu Thomas com um sorriso zangado, sabendo que não podia negar os dons culinários de seu pai.

Eles voltaram para a mesa e começaram a conversar sobre um festival que iria ocorrer na cidade.

— O que acontece em um Festival de Tradições? — perguntou Thomas curioso, dirigindo-se a Mary, que também estava presente.

— Ah, os moradores se reúnem na lua cheia e sacrificam qualquer um de Nova York — Newt respondeu rapidamente, seu sarcasmo evidente.

Thomas balançou a cabeça, sorrindo em descrença, mas achando a resposta engraçada.

— É uma boa tradição. Começa com uma corrida de manhã e termina à noite com um grande baile — explicou Mary gentilmente, oferecendo uma visão mais precisa do evento.

— Ah... — murmurou Thomas, processando a informação.

— Todo mundo está convidado, deveria ir, Thomas — disse Mary gentilmente, incentivando-o. — E você também, Vince — acrescentou.

— Eu não gosto muito de correr... — respondeu Thomas, desviando delicadamente do convite.

— Mesmo? Achei que você era do tipo atleta — comentou Newt, meio surpreso com a resposta.

— Prefiro fazer outras coisas — respondeu Thomas, dando de ombros com um sorriso.

Thomas estava na escola, observando os alunos se exercitarem na quadra, quando viu Newt passar por ele, acenando casualmente. Intrigado com a aparente falta de participação de Newt nas atividades, Thomas decidiu abordá-lo.

— Você não vai correr? — perguntou Thomas, levantando uma sobrancelha.

— O quê? — Newt virou-se para ele, um tanto surpreso com a pergunta.

— Seu amigo parece estar se divertindo com tudo isso — Thomas apontou para Minho, que estava se exercitando na quadra ao lado de um garoto robusto de sobrancelhas arqueadas. — Você é corredor, não é?

— Por quê? — Newt perguntou, com um tom de desdém perceptível em sua voz.

— Devia correr junto com eles — sugeriu Thomas, com um sorriso brincalhão.

— Por que eu faria isso? — Newt riu, sua expressão refletindo uma mistura de desinteresse e ironia.

— Foi mal — Thomas soltou uma risada. — Não é bom o bastante?

A troca de olhares entre eles revelou uma faísca de desafio, uma conexão peculiar que estava começando a se formar entre dois mundos aparentemente opostos.