Capítulo 10: A Noite Começa

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CLARA MARTINS

Eu ainda estava atordoada com o que tinha acontecido. O vestido vermelho era deslumbrante, ajustava-se perfeitamente ao meu corpo, e os sapatos... ah, os sapatos eram de um luxo que eu jamais teria escolhido para mim. Nunca fui do tipo que se impressiona com marcas caras ou ostentação, mas o que Nicolas fez, a forma como planejou cada detalhe, me tocou profundamente. Não era só sobre o luxo. Era sobre ele me ver, me querer ao seu lado de uma maneira que ninguém mais havia demonstrado antes.

Me olhei no espelho uma última vez antes de descer. Respirei fundo, tentando acalmar meu coração, que estava a mil. Era só um jantar, repeti para mim mesma. Mas, no fundo, eu sabia que não era "só um jantar". Era o começo de algo que poderia mudar completamente a nossa dinâmica.

Quando o elevador abriu no térreo, o ar da noite me atingiu levemente, refrescando minha pele quente. Assim que saí do prédio, lá estava ele, Nicolas, encostado em um carro luxuoso, segurando um buquê de flores. De novo.

- Achei que um buquê já fosse o suficiente - disse, rindo levemente enquanto caminhava em direção a ele.

Ele sorriu, aquele sorriso meio torto que eu já havia aprendido a gostar.

- Para você, nunca é o suficiente. - Nicolas se aproximou, entregando-me as flores e, por um segundo, seus dedos tocaram os meus de forma sutil, mas intensa. - Você está... linda.

Eu sorri, meio sem jeito.

- O vestido ajuda - brinquei.

Ele riu, abrindo a porta do carro para mim.

- O vestido não tem nada a ver com isso. - Sua voz era baixa, rouca, e isso fez meu estômago dar um nó.

Entrei no carro, tentando não pensar demais no que aquela noite significava. Ele deu a volta, entrando logo em seguida, e logo estávamos a caminho do restaurante. No início, o silêncio entre nós parecia confortável, mas eu podia sentir a tensão. Estávamos em uma espécie de terreno desconhecido.

Quando finalmente chegamos ao La Fontaine, Nicolas foi o perfeito cavalheiro, abrindo a porta para mim e conduzindo-me para dentro com a mão leve em minhas costas. O restaurante era elegante, com luz baixa e mesas espalhadas o suficiente para que cada uma tivesse privacidade. Era como entrar em um mundo à parte.

A hostess nos levou até uma mesa isolada no canto, com uma vista magnífica da cidade. Nicolas puxou a cadeira para mim, e eu me sentei, ainda tentando absorver o ambiente ao nosso redor.

- Então... - comecei, tentando quebrar o gelo. - Você faz isso com todas as suas funcionárias ou sou um caso especial?

Ele riu, inclinando-se na cadeira, relaxado.

- Na verdade, você é a primeira. Não costumo misturar negócios com prazer. Mas com você, Clara... as coisas são diferentes.

Senti meu rosto esquentar. Havia algo na forma como ele falava comigo que era desarmante. Era impossível não sentir a intensidade no ar.

Os garçons logo chegaram com o vinho, e enquanto eles serviam as taças, Nicolas me olhou, os olhos fixos nos meus. Ele parecia ler cada pensamento que eu tentava esconder. Quando ficamos sozinhos de novo, ele fez um brinde.

- Ao inesperado. - Ele ergueu a taça, os olhos brilhando.

Eu ergui a minha, tentando manter a compostura.

- Ao inesperado - repeti, e bebemos juntos.

O jantar começou de maneira tranquila, com conversas leves sobre o trabalho, sobre a vida em geral. Mas a cada vez que nossos olhares se encontravam, algo invisível passava entre nós. O vinho ajudava a relaxar, mas também intensificava a proximidade que eu já estava começando a sentir.

- Clara - disse ele, em um tom mais sério, depois de um tempo. - Você nunca me falou muito sobre sua vida antes de trabalhar na empresa. Você sempre parece tão... focada, como se evitasse falar sobre você mesma.

Parei por um segundo, surpresa pela pergunta. Não esperava que ele quisesse saber mais sobre mim dessa forma. A maioria das pessoas nunca perguntava. Mas ele estava prestando atenção.

- Ah, não tem muito o que contar, na verdade - respondi, sorrindo timidamente. - Eu cresci em uma cidade pequena, longe daqui. Meus pais são pessoas simples. Eu só queria uma oportunidade de mostrar que poderia ser mais, sabe? Mostrar que sou capaz de fazer algo grande.

Ele me olhou por um momento, pensativo.

- E você é, Clara. Você é incrível no que faz. Mas... eu sinto que tem mais em você, algo que talvez nem você tenha descoberto ainda.

A profundidade em suas palavras me atingiu de uma forma inesperada. Eu nunca havia pensado que alguém me enxergaria assim, além do que eu fazia, além do que eu mostrava para o mundo. Nicolas estava olhando diretamente para quem eu realmente era.

Antes que eu pudesse responder, senti um toque leve na minha perna. Olhei para baixo, e vi a mão dele, suavemente apertando minha coxa por baixo da mesa. O toque era sutil, mas provocativo, e um arrepio percorreu meu corpo inteiro.

Levantei o olhar para ele, surpresa, mas seus olhos estavam fixos nos meus, um sorriso malicioso brincando em seus lábios.

- Está tudo bem? - perguntou ele, a voz rouca e cheia de intenção.

- Você sabe o que está fazendo, Nicolas - respondi, tentando manter o controle da situação, mas meu corpo já estava reagindo de maneiras que eu não conseguia esconder.

Ele inclinou-se um pouco mais na mesa, aproximando-se, sem tirar a mão da minha perna.

- Sei exatamente o que estou fazendo. E você?

Eu respirei fundo, tentando ignorar a eletricidade que passava entre nós. Estávamos em um restaurante, em público, mas isso só parecia tornar a situação mais intensa.

- Eu... - comecei, sem saber exatamente como terminar a frase.

Mas então ele apertou levemente a minha coxa, o suficiente para que eu soltasse um suspiro baixo. Meus pensamentos se embaralharam, e de repente, nada mais parecia importar além do momento que estávamos compartilhando ali.

- Clara - ele disse, sua voz suave, mas cheia de promessas. - Esta noite é só o começo. Eu quero que você saiba disso.

Eu não sabia o que responder. Minha mente estava em caos, e o toque dele, combinado com suas palavras, estava me deixando vulnerável de uma maneira que eu não estava preparada para enfrentar.

Mas, ao mesmo tempo, parte de mim queria mais. Queria ver onde essa noite nos levaria

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