JULIANA
Eu observava a vista da varanda do meu apartamento, com um sorriso satisfeito no rosto. A cidade parecia tão tranquila lá fora, tão indiferente ao caos que eu havia causado na vida de Nicolas e Clara. O plano tinha sido perfeito, e agora que tudo estava se desenrolando como eu havia imaginado, era impossível não sentir um certo prazer em como as coisas tinham acontecido.
Sempre soube que Clara não era páreo para mim. Ela podia ser bonita, doce e ter aquele ar de ingenuidade que encantava Nicolas, mas faltava-lhe algo essencial: experiência no jogo da vida. Eu, por outro lado, sabia exatamente o que precisava ser feito para manter as coisas sob o meu controle. E agora, Clara estava fora de cena, como eu planejei desde o início.
Caminhei pelo apartamento, sentindo o eco de meus saltos ressoar nos mármores frios. A satisfação em saber que meu plano havia funcionado preenchia o ambiente ao meu redor. Parei em frente ao espelho, ajustando uma mecha do meu cabelo perfeitamente penteado.
— Tão previsível, Clara... tão fácil de manipular. — murmurei, observando meu próprio reflexo, como se eu fosse a arquiteta de uma obra-prima impecável.
O plano em si não foi difícil de executar. Eu sabia que Clara era sensível, que qualquer sinal de traição a destruiria por dentro. Bastava estar no lugar certo, na hora certa, ao lado de Nicolas, sem sequer precisar tocar nele. A proximidade seria o bastante. Clara não lidava bem com ambiguidades, e isso era a minha maior arma.
Flashbacks da execução do plano passavam pela minha mente. Eu, sentada ao lado de Nicolas no escritório, me inclinando para falar com ele, apenas o suficiente para que alguém de fora interpretasse tudo de forma errada. Meus olhos quase brilhavam com a perfeição do momento. E então, como esperado, Clara entrou. Eu quase pude sentir sua dor de onde estava.
— Foi tão fácil... — sorri novamente, enquanto me acomodava em uma poltrona luxuosa. — Nicolas nunca soube jogar com as emoções das pessoas como eu. É isso que o torna vulnerável.
A verdade é que eu nunca aceitei perder Nicolas. Ele era um desafio, uma conquista que me escapou por entre os dedos, e não estava disposta a aceitar que Clara o tomasse de mim. Eu conhecia todas as suas fraquezas, todas as inseguranças dele. Eu sabia o que dizer e como agir para confundi-lo, para deixá-lo em dúvida sobre o que realmente queria. E, com Clara fora do caminho, tudo seria como deveria ser.
De repente, o som da campainha interrompeu meus pensamentos. Me levantei, ajeitando minha postura e abrindo a porta com uma expressão calculada. Era Fabíola, minha confidente e cúmplice em muitos planos ao longo dos anos. Ela entrou, já ciente de que tinha algo grande para me contar.
— E então, como foi? — Fabíola perguntou, com uma curiosidade afiada, enquanto se acomodava no sofá.
Sentei-me ao seu lado, cruzando as pernas e deixando o sorriso crescer lentamente no meu rosto.
— Exatamente como esperado. Clara viu o que eu queria que ela visse. Correu para longe, chorando, sem sequer questionar o que realmente estava acontecendo. — falei com um certo desdém na voz. — Agora, ela está evitando Nicolas. E ele... bem, ele está perdido como sempre.
Fabíola soltou uma risada baixa, claramente apreciando a situação.
— Você sempre sabe exatamente o que fazer para virar o jogo a seu favor. E Nicolas, como reagiu? Ele percebeu o que você estava tramando?
Balancei a cabeça, divertida pela pergunta.
— Claro que não. Ele acha que tudo foi um mal-entendido. Pobrezinho. Ele ainda tenta ser o cara íntegro, mas está sempre um passo atrás de mim. Clara foi embora antes mesmo que ele pudesse dizer qualquer coisa. E, para ela, a história está praticamente encerrada.
Fabíola me olhou, inclinando a cabeça ligeiramente.
— Mas o que você vai fazer agora? — ela perguntou, curiosa. — Se Nicolas tentar falar com ela, ele pode convencê-la de que não foi nada.
Eu suspirei, já antecipando esse risco, mas nada que não pudesse ser contornado.
— Ah, ele vai tentar, com certeza. Mas, enquanto Clara se tortura com a dúvida e o ciúme, eu vou estar lá, ao lado dele, aproveitando cada oportunidade para plantar mais dúvidas. — respondi, confiante. — Eu só preciso continuar perto o suficiente para mexer com a cabeça dele. Clara vai se afastar por conta própria. Ela já se acha insuficiente perto de mim, e eu só preciso reforçar isso.
O olhar de Fabíola se iluminou, como se admirasse o controle que eu tinha sobre a situação.
— Você realmente não tem limites, Juliana. — ela riu, balançando a cabeça.
— Não quando se trata de algo que é meu. — completei, erguendo uma taça de vinho que estava sobre a mesa ao nosso lado. — E Nicolas... ele é meu. Mesmo que ele não saiba disso ainda.
Fabíola ergueu sua taça em um brinde silencioso, e eu saboreei o momento de vitória. Clara podia tentar lutar, mas ela nunca entenderia a profundidade do jogo que eu estava jogando. Aquele era o meu território, e eu era a rainha nele.
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Amor Além do Contrato
RomantizmNicolas Arantes é um bilionário recluso e conhecido por sua frieza e aversão à mídia. Após uma série de escândalos envolvendo sua família e empresas, ele decide se afastar dos holofotes e se concentrar em reorganizar sua vida. Para isso, ele contrat...