NICOLAS ARANTESDepois do beijo, tudo parecia diferente. Eu estava acostumado a controlar cada aspecto da minha vida, mas Clara tinha a habilidade de me desestabilizar de uma maneira que eu nunca tinha experimentado antes. Não era apenas o desejo que eu sentia; era uma conexão intensa que me desafiava a enfrentar meus próprios limites.
Na manhã seguinte, tudo que consegui pensar era nela. O jeito que seus olhos brilhavam quando me olhavam, a forma como seu toque me deixava tenso e ansioso, e a vulnerabilidade que eu vi em seu rosto quando me aproximei. Era tudo muito novo, muito intenso. Eu sabia que ela estava se esforçando para manter as coisas profissionais, mas, para mim, isso era quase impossível. O que nós tínhamos não podia ser ignorado.
Cheguei à empresa mais cedo do que o habitual, determinado a organizar meus pensamentos antes que ela chegasse. O escritório estava em silêncio, e eu usei aquele tempo para revisar os documentos que precisava apresentar na reunião com os investidores. Mas a concentração se mostrou difícil. Sempre que tentava me focar, uma lembrança dela surgia em minha mente, me distraindo e provocando um sorriso involuntário.
Finalmente, Clara chegou, e o clima na sala mudou instantaneamente. A maneira como ela entrou, com a cabeça erguida e uma expressão decidida, me fez lembrar por que me atraía tanto. Ela tinha uma força que a tornava irresistível, mas também um ar de insegurança que me fazia querer protegê-la.
— Bom dia, Nicolas — disse ela, a voz firme, embora eu pudesse notar uma leve hesitação.
— Bom dia, Clara. Você está pronta para a reunião? — perguntei, tentando parecer calmo, mas havia uma tensão palpável no ar.
Ela assentiu, mas não pude deixar de notar que seus olhos, geralmente tão confiantes, estavam um pouco mais sombrios. A lembrança do nosso beijo pairava entre nós como um elefante na sala, e eu sabia que a situação precisava ser abordada. Mas, no momento, nosso foco precisava ser a reunião.
Quando entramos na sala de conferências, o ambiente estava carregado. Os investidores estavam impacientes, e eu sabia que precisava impressioná-los. A apresentação fluiu, mas a cada palavra que eu falava, eu percebia o olhar de Clara em mim. Era um olhar que continha tanto apoio quanto preocupação. Ela era minha âncora, mas também me lembrava das barreiras que eu estava prestes a quebrar.
Após a apresentação, os investidores se mostraram interessados, mas eu sentia que algo estava faltando. A tensão não era apenas sobre negócios; havia uma dinâmica mais profunda entre mim e Clara que precisava ser abordada.
Assim que a reunião terminou, puxei Clara para o lado.
— Precisamos conversar. — Minha voz era firme, mas havia uma suavidade subjacente.
Ela olhou ao redor, como se estivesse tentando se certificar de que ninguém estava ouvindo, e assentiu lentamente.
— Nicolas, eu sei que precisamos... — começou ela, mas eu não deixei que ela terminasse.
— Não. Deixe-me falar primeiro. Eu não posso continuar assim, fingindo que está tudo bem. O que aconteceu entre nós não foi um erro, e não devemos tentar ignorá-lo. — A intensidade da minha voz quase me surpreendeu.
Clara mordeu o lábio inferior, sua expressão se alternando entre a determinação e a vulnerabilidade. Eu queria saber o que estava passando por sua mente, mas ao mesmo tempo, percebia que isso também era uma batalha interna para ela.
— Eu sei que isso é complicado, Nicolas, mas... e se isso afetar nosso trabalho? — A preocupação estava evidente em sua voz.
— E se não afetar? — desafiei, aproximando-me um pouco mais. — O que temos pode nos tornar mais fortes. Eu nunca fui tão claro com ninguém antes, e não estou disposto a abrir mão do que estamos construindo.
Ela olhou para mim, a luta em seus olhos revelando o quanto essa situação a incomodava. Mas então, como uma mudança súbita no clima, ela deu um passo à frente, a confiança resplandecendo.
— Eu também não quero desistir do que temos. É só que... eu tenho medo. Medo de misturar as coisas e perder o que já conquistamos.
— Clara, a vida é cheia de riscos. E eu não quero mais viver em um mundo onde não tenho você ao meu lado, mesmo que isso signifique lidar com a incerteza — eu disse, segurando sua mão de forma firme, mas gentil.
O toque me fez sentir a conexão entre nós mais intensa do que nunca. Havia um calor que parecia fluir entre nossas mãos, e a intensidade do momento parecia romper qualquer resistência que ela ainda mantinha.
— Então, o que fazemos agora? — perguntou ela, a vulnerabilidade em sua voz trazendo um novo tipo de emoção à conversa.
— Vamos deixar isso crescer. Não precisamos nos apressar, mas também não podemos nos esconder. Vamos entender essa conexão. A cada dia, vamos descobrir um pouco mais um do outro, e, quem sabe, no final, a recompensa será maior do que o risco — sugeri, meus olhos fixos nos dela.
Ela sorriu, e eu percebi que, por trás da insegurança, havia uma chama de determinação. Era o que eu mais queria vê-la fazer — lutar por nós.
E assim, naquele pequeno espaço entre nós, em um escritório repleto de desafios e expectativas, começamos a trilhar um caminho que nos afastaria das barreiras e nos levaria a um entendimento mais profundo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Além do Contrato
RomansaNicolas Arantes é um bilionário recluso e conhecido por sua frieza e aversão à mídia. Após uma série de escândalos envolvendo sua família e empresas, ele decide se afastar dos holofotes e se concentrar em reorganizar sua vida. Para isso, ele contrat...