Capítulo 9: Um Convite Irresistível

23 3 0
                                    


NICOLAS ARANTES


O dia inteiro foi uma tortura. Desde que Clara saiu da minha sala, após nossa última conversa, tudo o que conseguia pensar era nela. A sensação de sua mão na minha, o olhar que compartilhamos em silêncio... Eu precisava dar um passo adiante. Precisava mostrar a ela o quanto significava para mim. Sabia que as palavras não eram o suficiente. Com Clara, as ações sempre falavam mais alto.

Enquanto terminava algumas pendências no escritório, planejava o que seria a minha próxima jogada. Não podia continuar agindo como se isso fosse algo passageiro. Clara merecia mais do que isso. Ela merecia saber o quanto mexia comigo, o quanto eu estava disposto a investir para que ela se sentisse segura ao meu lado.

Chamei Renata, minha assistente pessoal, para discutir algo que já estava em mente há algum tempo. Ela entrou no escritório com a eficiência de sempre, mas seus olhos carregavam uma curiosidade que não disfarçou.

- O que precisa, Nicolas? - perguntou ela, anotando algo em seu caderno, sempre pronta para resolver qualquer problema.

- Preciso que organize algo especial. Algo... diferente - comecei, tentando manter a voz firme, mas havia uma excitação subjacente que era difícil esconder. - Quero surpreender Clara.

Renata ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada. Ela sabia que algo estava acontecendo entre mim e Clara, mas nunca foi do tipo que fazia perguntas. Sabia como manter sua discrição.

- Certo, o que tem em mente? - Ela continuou.

- Quero um jantar esta noite. Algo elegante, mas discreto. E preciso que você providencie um vestido para ela, algo que seja... inesquecível - disse, enquanto me levantava e caminhava até a janela, observando a vista da cidade. - E um par de sapatos, saltos, algo que combine. Ah, e flores. Muitas flores.

Renata sorriu levemente.

- Entendido. Alguma cor específica para o vestido?

Pensei por um momento, me lembrando da última vez que a vi sorrir daquele jeito, no nosso primeiro beijo.

- Vermelho. Algo que realce a beleza dela. Mas quero que tudo seja enviado diretamente ao apartamento de Clara. Sem que ela saiba de nada até o último segundo.

Renata assentiu e começou a anotar os detalhes.

- Ah, e reserve uma mesa no La Fontaine. Para esta noite. Algo intimista - acrescentei. - E certifique-se de que tudo seja perfeito.

Ela me olhou, um pouco surpresa. O La Fontaine era um dos restaurantes mais exclusivos da cidade, e eu raramente usava minha influência para esse tipo de coisa. Mas para Clara, valia a pena.

- Vou cuidar de tudo - disse Renata, saindo da sala com um leve sorriso no rosto.

Quando ela saiu, me vi imaginando a reação de Clara ao receber tudo aquilo. Eu sabia que ela não era do tipo que se impressionava facilmente com luxo ou ostentação, mas isso não era sobre impressioná-la. Era sobre mostrar a ela que estava disposto a ir além do que ela esperava, que eu via quem ela realmente era, e que queria que ela se sentisse especial.

---

Mais tarde, enquanto voltava para casa, o nervosismo me atingiu. Eu, Nicolas Arantes, que sempre controlava cada situação com precisão, estava ansioso. Estava prestes a entregar parte do meu coração a Clara naquela noite, e, por mais que eu tentasse manter a calma, não conseguia evitar me perguntar o que ela pensaria de tudo aquilo.

Quando finalmente estacionei em frente ao prédio de Clara, respirei fundo. As flores estavam no banco de trás - um buquê de rosas vermelhas que quase ocupava o assento inteiro. Peguei o buquê e desci do carro. O porteiro já estava acostumado comigo, mas ainda me olhava com curiosidade.

- Boa noite, senhor Arantes - disse ele, um sorriso discreto no rosto ao me ver com as flores.

- Boa noite, Hugo - respondi, com um aceno de cabeça, enquanto entrava no elevador.

Meu coração batia mais rápido a cada andar que subíamos. Quando a porta se abriu, caminhei até a porta de Clara, ajustando o buquê em minhas mãos como se fosse um escudo.

Bati levemente na porta, tentando parecer calmo, mas a verdade era que eu estava longe disso.

Depois de alguns segundos, a porta se abriu. Clara estava ali, usando uma calça jeans e uma blusa simples, com os cabelos soltos caindo sobre os ombros. Mesmo sem o luxo, ela era a mulher mais linda que eu já tinha visto.

Seus olhos se arregalaram ao me ver com o buquê gigantesco nas mãos.

- Nicolas? - Sua voz saiu baixa, confusa. - O que é isso?

Sorri, entregando as flores a ela.

- Para você. Eu... quero te convidar para jantar esta noite.

Ela me olhou, surpresa, pegando as rosas com cuidado. Seus olhos foram dos meus para o buquê, como se estivesse tentando processar o que estava acontecendo.

- Mas... Nicolas, eu... - Ela começou, mas eu a interrompi gentilmente.

- Espere. Isso não é tudo. - Tirei o celular do bolso e, em poucos segundos, Renata havia deixado o vestido e os sapatos na porta dela, como planejado.

- O que é isso? - Clara perguntou, olhando para o embrulho elegante com curiosidade.

- Um vestido. E sapatos. Quero que você os use esta noite. E depois, vamos jantar no La Fontaine - disse, tentando não soar autoritário, mas sim convidativo.

Ela piscou algumas vezes, completamente surpresa.

- Nicolas, eu... isso tudo é... demais. Não precisa fazer isso.

Me aproximei dela, suavemente colocando a mão em sua cintura.

- Eu sei que não precisa. Mas eu quero. Eu quero que você saiba o quanto é especial para mim, Clara. E não é sobre o vestido, ou o restaurante... é sobre nós. Sobre o que estamos construindo. - Meus olhos estavam fixos nos dela, e pude ver a batalha interna que ela travava.

Ela respirou fundo, seus dedos tocando levemente o tecido do embrulho.

- Você tem certeza disso? - perguntou ela, ainda hesitante.

- Nunca tive tanta certeza em toda a minha vida - respondi, sem hesitar.

Por um momento, pensei que ela fosse recusar, que diria algo sobre manter as coisas profissionais. Mas então, algo mudou. Seus ombros relaxaram, e ela sorriu, aquele sorriso que sempre fazia meu coração acelerar.

- Tudo bem, Nicolas. Eu aceito. Vou me arrumar e te encontro em 30 minutos.

Eu sorri, aliviado e satisfeito.

- Vou estar esperando - disse, enquanto me afastava, sentindo que, finalmente, estávamos prestes a dar o passo que mudaria tudo.

---

Aquela noite seria diferente. Sabia que, depois de hoje, nada seria como antes. E, pela primeira vez em muito tempo, eu estava preparado para o que viesse.

Amor Além do Contrato Onde histórias criam vida. Descubra agora