CLARA MARTINSA manhã estava tranquila. O sol entrava timidamente pelas janelas do apartamento, trazendo consigo um pouco de paz, mesmo em meio à complexidade que minha vida tinha se tornado. Depois de tudo o que aconteceu com Juliana e suas provocações, tentei me focar no meu trabalho e na relação com Nicolas. Eu sabia que as coisas não seriam fáceis, mas o sentimento entre nós estava se fortalecendo a cada dia.
Eu estava no escritório, tentando me concentrar na pilha de relatórios que Nicolas havia me passado mais cedo, quando meu celular tocou. O nome da minha irmã, Luísa, apareceu na tela. Um nó formou-se no meu estômago. Fazia alguns dias que não falávamos, e ligações fora de hora sempre me deixavam nervosa.
— Lu? — atendi, tentando soar tranquila.
A voz dela veio trêmula do outro lado, e antes mesmo que ela falasse, eu soube que algo estava errado.
— Clara… papai não está bem. Ele teve uma piora e está no hospital.
Senti o chão sumir debaixo dos meus pés. Meu pai… Ele já estava lutando contra problemas de saúde há meses, mas nunca imaginei que a situação pudesse piorar tão rapidamente. A voz de Luísa estava carregada de preocupação, e, ao ouvir as palavras “hospital”, meu coração disparou.
— O que aconteceu? — perguntei, minha voz um pouco mais alta, e percebi que algumas pessoas no escritório começaram a me olhar.
— Ele passou mal ontem à noite, teve dificuldade para respirar. Trouxemos ele para o hospital, mas os médicos dizem que ele precisa de cuidados mais intensivos. Clara, acho que você deveria vir para cá o quanto antes…
As palavras da minha irmã ecoavam na minha cabeça, e tudo ao meu redor parecia ter parado. O que eu estava fazendo ali, lidando com relatórios e contratos, quando meu pai estava em um hospital, precisando de mim?
— Estou indo — respondi, decidida. — Vou falar com Nicolas e pegar o primeiro voo.
Desliguei o telefone com as mãos trêmulas e tentei organizar meus pensamentos. Eu precisava ir, e precisava falar com Nicolas, que ainda era meu chefe, apesar de tudo que estávamos vivendo. Ele entenderia, claro, mas pedir para ficar fora por alguns dias me deixava nervosa. Além disso, eu não sabia como reagir à ideia de me afastar dele nesse momento, com tudo o que estava acontecendo.
Respirei fundo e, com a mente tomada por um turbilhão de emoções, caminhei até a sala dele.
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Nicolas estava sentado à mesa, concentrado em uma série de papéis, mas assim que entrei, ele ergueu os olhos e sorriu. O sorriso dele sempre conseguia me acalmar, mas naquele momento, nada parecia capaz de afastar a angústia que me consumia.
— Clara? — Ele percebeu meu nervosismo imediatamente e se levantou, caminhando até mim. — O que aconteceu?
Eu me aproximei, tentando manter a calma, mas a preocupação que sentia por meu pai era impossível de esconder.
— Preciso falar com você, Nicolas. Algo... algo aconteceu com meu pai. Ele está no hospital, e minha irmã me ligou agora. Ele teve uma piora, e eu preciso ir vê-lo. Preciso ir pra casa.
A expressão de Nicolas mudou instantaneamente. A leveza que ele carregava no rosto desapareceu, substituída por uma seriedade que eu ainda não estava acostumada a ver nele.
— Clara, sinto muito... — Ele tocou meu braço suavemente, como se quisesse me confortar. — Claro que você pode ir. Seu pai precisa de você.
Eu respirei aliviada pela compreensão dele, mas ao mesmo tempo, o peso da situação me oprimia. Não era apenas o fato de deixar o trabalho por alguns dias; era o medo de perder alguém que amava profundamente.
— Não sei por quanto tempo vou ficar — disse, a voz baixa. — Vou pegar o primeiro voo e tentar organizar as coisas lá, mas... tudo parece tão incerto agora.
Nicolas assentiu, e vi a preocupação em seus olhos.
— Fique o tempo que precisar. O trabalho pode esperar, Clara. Eu vou cuidar de tudo por aqui. Só me mantenha informado, está bem? Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me avise. Vou estar aqui para você.
Eu o encarei, sentindo uma mistura de gratidão e incerteza. O apoio dele significava muito, mas a incerteza de quanto tempo eu ficaria fora e o medo de estar perdendo algo importante no trabalho e em nossa relação me pesava.
— Obrigada, Nicolas — disse, a voz trêmula. — Eu... eu só espero que ele fique bem.
Nicolas me puxou para perto e me envolveu em um abraço firme, o calor do corpo dele me trazendo um pouco de conforto em meio ao caos.
— Ele vai ficar bem — sussurrou ele, com confiança. — Você também vai ficar bem, Clara. E quando você voltar, tudo estará no lugar. Nós estaremos no lugar.
Eu fechei os olhos, permitindo-me por um momento acreditar nas palavras dele. O abraço de Nicolas me transmitia uma segurança que eu não sabia que precisava até aquele momento.
— Eu te levo ao aeroporto — ele disse, se afastando levemente para me olhar nos olhos. — Vamos pegar suas coisas.
Assenti, sem palavras, e ele me acompanhou até o meu apartamento para arrumar as malas. Eu não sabia o que o futuro reservava, mas uma coisa era certa: Nicolas estava ao meu lado, e isso, por si só, já me dava forças para enfrentar o que viesse.
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Enquanto fazíamos o trajeto para o aeroporto, eu observava a cidade passar pela janela do carro. Minha mente estava uma confusão de sentimentos – preocupação com meu pai, a pressão do trabalho e, claro, o que Juliana ainda poderia estar planejando na minha ausência.
Mas, por agora, tudo o que importava era estar com meu pai.
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Amor Além do Contrato
RomanceNicolas Arantes é um bilionário recluso e conhecido por sua frieza e aversão à mídia. Após uma série de escândalos envolvendo sua família e empresas, ele decide se afastar dos holofotes e se concentrar em reorganizar sua vida. Para isso, ele contrat...