Capítulo 20: Novos Começos

27 3 0
                                    

CLARA MARTINS

A brisa fresca da manhã entrava pela janela do apartamento, trazendo consigo o aroma do café recém-feito. Olhei para o relógio na parede e percebi que o dia já havia começado. Com um suspiro, levantei-me da cama e fui para a cozinha. A luz do sol iluminava cada canto, e eu não conseguia deixar de me sentir um pouco mais leve. Havia algo de bom no ar, talvez por causa da nova fase da minha vida.

— Bom dia, Clara! — exclamou minha irmã, Ana, que estava sentada à mesa com um livro aberto. Seus cabelos estavam bagunçados, mas isso só adicionava ao seu charme natural. Ela sempre teve uma forma de iluminar os ambientes com sua presença.

— Bom dia! — respondi, sorrindo. — Dormiu bem?

— Melhor do que eu esperava. O sofá é confortável. — Ela riu, e a risada dela era contagiante. — Estou apenas tentando me acostumar com o novo espaço.

Enquanto preparava meu café, não pude deixar de sentir uma onda de felicidade por ter minha irmã ao meu lado novamente. Ela estava vindo de uma cidade diferente, com sonhos e esperanças, e agora estávamos juntas, prontas para enfrentar o que a vida tinha a oferecer.

— E como está seu pai? — perguntei, já sabendo que Ana tinha falado sobre isso no dia anterior.

— Ele parece estar melhorando. A mamãe disse que ele até deu um sorriso hoje de manhã. — Ela inclinou a cabeça, refletindo. — Isso é um bom sinal, não acha?

— Com certeza. Vou ligar para ele mais tarde. — Um sorriso se formou em meus lábios, mas uma sombra de preocupação ainda pairava em meu coração. A saúde dele sempre foi uma fonte de ansiedade, mas a melhora era um pequeno raio de esperança.

A mesa estava coberta com algumas frutas, pães e, é claro, o nosso querido café. Sentamos juntas e começamos a conversar sobre os planos para o dia. Eu tinha algumas reuniões pela frente, mas não consegui deixar de pensar em Nicolas. A saudade dele era intensa, como uma correnteza que não parava de puxar meu coração para longe.

— E você, Clara? Como anda seu relacionamento com aquele... Nicolas, não é? — Ana perguntou, olhando-me de maneira curiosa, enquanto mordia um pedaço de pão.

Senti meu coração acelerar. Era engraçado como ela sabia exatamente como me provocar.

— Está indo bem, eu acho. Quer dizer, há muito o que considerar. — Minha voz soou hesitante.

— Isso significa que ele não te pediu em namoro ainda? — Ana arqueou uma sobrancelha, parecendo divertida.

— Não, ainda não. Estamos nos conhecendo melhor. É um momento delicado, sabe? — Tentei me explicar, mas a verdade era que eu não sabia o que esperar.

— Você merece ser feliz, Clara. Não se esqueça disso. — A seriedade de sua voz me pegou de surpresa. Ela sempre foi a mais sábia de nós duas, mesmo quando éramos crianças.

Terminei meu café e levantei-me, sentindo uma necessidade repentina de me mover. Caminhei até a janela e olhei para fora, para a rua movimentada lá embaixo. A vida continuava lá fora, mesmo quando meu coração estava em um estado de espera.

— E você? Como está se sentindo sobre seu novo trabalho de modelo? — perguntei para mudar de assunto.

— Estou animada! É uma ótima oportunidade. Espero que tudo dê certo. — Ela estava empolgada, e eu a admirei por sua coragem. — E você deve vir comigo nas primeiras fotos. Preciso de uma irmã do meu lado.

— Claro! — respondi, piscando para ela. — Serei sua maior fã.

Ana e eu continuamos a conversar, e, por alguns momentos, consegui esquecer as incertezas que estavam pairando sobre mim.

Após o café, decidi que era hora de ligar para meu pai. Peguei meu celular e, com um leve tremor na mão, disquei o número dele. O telefone tocou e, para minha alegria, ele atendeu rapidamente.

— Clara? Que bom ouvir sua voz! — Sua voz estava mais forte do que antes, e isso me trouxe uma onda de alívio.

— Oi, pai! Como você está se sentindo hoje? — perguntei, segurando a respiração.

— Estou me sentindo melhor, querida. Fui ao médico e ele disse que estou progredindo. — Ele fez uma pausa, e eu pude ouvir um leve suspiro de felicidade. — E você? Está cuidando de si mesma?

— Estou sim, pai. Estou aqui com a Ana, e estamos nos adaptando bem. A vida está seguindo, você sabe.

— Fico feliz em ouvir isso. — Ele pareceu mais animado. — E aquele Nicolas? Como estão as coisas com ele?

Senti meu coração apertar novamente. — Estamos nos conhecendo, pai. Está tudo indo bem. Mas você sabe como é... há um certo medo do futuro.

— A vida é cheia de incertezas, minha filha. Mas se você acredita nele, deve se permitir amar. Não deixe o medo te parar. — Suas palavras ressoaram em mim como um eco, trazendo uma nova perspectiva.

— Você está certo, pai. Obrigada. Vou fazer o possível para não me deixar levar pelo medo.

Após desligar, olhei para Ana, que estava observando atentamente.

— O que ele disse? — ela perguntou.

— Que eu não devo deixar o medo me parar. — Respondi, sentindo uma onda de coragem me envolver.

— E você não deve! Vamos viver essas experiências. — Ela sorriu, e eu sabia que ter minha irmã ao meu lado faria toda a diferença.

Naquele momento, eu percebi que estava pronta para enfrentar o que viesse pela frente. Não importava a incerteza do futuro, eu tinha minha família, e, mais importante, estava disposta a lutar pelo que desejava.

Enquanto observava a luz do sol refletir nas ruas lá fora, um pensamento se formou em minha mente: não era só sobre o amor que eu queria, mas sobre a coragem de viver plenamente, mesmo quando as coisas ficavam difíceis.

E assim, com um novo sopro de esperança, fui me preparar para enfrentar o mundo, tanto profissionalmente quanto em meu relacionamento com Nicolas. A vida continuava, e eu estava pronta para o que viesse.

Amor Além do Contrato Onde histórias criam vida. Descubra agora