Capítulo 17: Revelações

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CLARA MARTINS

A semana havia sido intensa desde que voltei para a cidade. Meu pai ainda estava em recuperação, mas parecia estar cada vez melhor. Eu e minha irmã cuidávamos dele com carinho, e ela, empolgada com o novo emprego de modelo, mal podia esperar para se mudar comigo. Tudo estava caminhando bem, exceto por um detalhe: Nicolas.

Mesmo depois de nossa última conversa, algo dentro de mim não estava em paz. Ele parecia distante, como se escondesse algo. Eu tentava afastar esses pensamentos, mas a cada ligação, a cada mensagem que trocávamos, eu sentia que havia um muro invisível entre nós.

No fundo, eu sabia que estava apaixonada. Mas também sabia que Nicolas não havia se aberto completamente comigo, e isso me deixava inquieta.

— Preciso parar com isso — sussurrei para mim mesma, deitada na cama do antigo quarto de infância. — Talvez seja só coisa da minha cabeça.

Mas quanto mais tentava convencer a mim mesma, mais aquela dúvida persistia. Ele não era apenas o homem charmoso e misterioso com quem eu tinha algo casual. Eu o queria de verdade. Queria saber mais sobre o que ele escondia. Quem era, de fato, Nicolas Arantes?

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Cheguei de volta à cidade em uma manhã de sol forte. Depois de uma longa semana ao lado da minha família, eu finalmente voltava para a minha rotina. Mas, assim que cheguei ao apartamento, algo dentro de mim sabia que não seria tão simples.

Liguei para Nicolas. Precisava vê-lo, precisava conversar.

— Clara? — Sua voz no outro lado da linha me fez estremecer. Mesmo pelo telefone, ele conseguia despertar em mim sentimentos contraditórios, uma mistura de desejo e insegurança.

— Oi, Nicolas. Eu voltei. Precisamos conversar.

Houve uma breve pausa do outro lado.

— Claro. Vou passar para te buscar. Quero te ver.

Aquele tom. Ele parecia distante, como se algo estivesse o preocupando. Aquilo não ajudava a acalmar a tempestade de emoções que eu carregava. Minutos depois, ele chegou.

Nicolas me olhou como se estivesse vendo algo que ele tentava entender. Seus olhos me sondavam, mas suas palavras ainda eram distantes. Ele me abraçou, mas o toque não tinha o mesmo calor de antes. Talvez fosse só a minha paranoia. Ou talvez... algo realmente estivesse errado.

— Quer dar uma volta? — ele sugeriu.

Eu assenti e entramos no carro. Dirigimos por um tempo sem falar muito. O silêncio entre nós era pesado. Finalmente, quando paramos em um parque tranquilo, decidi que não poderia mais fugir da pergunta que me rondava há dias.

— Nicolas, eu preciso te perguntar algo...

Ele me olhou de lado, sua expressão rígida.

— Pode perguntar.

Eu respirei fundo. — Você está escondendo alguma coisa de mim? Eu sinto que... há algo entre nós que você não está me contando.

Nicolas fechou os olhos por um segundo, como se estivesse escolhendo suas palavras com cuidado. Ele parecia cansado, como se estivesse carregando um peso enorme.

— Clara... há coisas sobre mim, sobre o meu passado, que são difíceis de compartilhar. Não porque não confio em você, mas porque são coisas que ainda me machucam.

A tensão no ar era quase palpável. Ele não estava negando, e isso só confirmava minhas suspeitas. Me aproximei dele, tocando sua mão.

— Eu sei que todos temos um passado, Nicolas. Mas você precisa ser honesto comigo. Se queremos que isso entre nós funcione, eu preciso saber quem você realmente é.

Ele virou-se para mim, os olhos claros intensos.

— Eu quero te contar tudo, Clara, mas... ainda não estou pronto. Prometo que vou contar, só preciso de mais tempo.

Eu me afastei um pouco, sentindo um aperto no peito. Parte de mim queria insistir, queria saber tudo naquele momento. Mas outra parte, talvez a mais sensata, sabia que ele estava lutando com algo muito maior do que eu podia entender.

— Eu posso esperar, Nicolas. Mas não por muito tempo.

Ele apertou minha mão, trazendo-a aos lábios e a beijando suavemente.

— Obrigado por entender. Não quero te perder, Clara. Não agora.

As palavras dele me confortaram, mas também me deixaram em alerta. A questão era: quanto tempo eu estava disposta a esperar até ele confiar em mim completamente?

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Enquanto voltávamos para o apartamento, fiquei em silêncio, observando Nicolas dirigir com aquela expressão séria. O homem ao meu lado, tão forte e misterioso, estava claramente lutando com fantasmas do passado. E, embora eu quisesse ser paciente, sabia que não poderia continuar sem respostas por muito tempo.

Quando chegamos ao meu prédio, antes de descer do carro, olhei para ele uma última vez.

— Eu estou aqui, Nicolas. Quando você estiver pronto, estarei esperando.

Ele assentiu, com um leve sorriso triste nos lábios.

— Eu sei.

Saí do carro, mas não pude deixar de sentir que aquele muro entre nós ainda estava lá, mais forte do que nunca. O que mais ele estaria escondendo de mim?

A noite estava só começando, e com ela, minhas dúvidas também.

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