Capítulo 3: O Jantar de Negócios

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NICOLAS ARANTES

As pessoas costumam dizer que sou difícil de lidar. A verdade é que eu sou exigente, e não vejo problema nisso. Quando você chega ao topo, descobre que não há espaço para erros. Não é pessoal, é apenas negócio.

O jantar desta noite era crucial. Eu precisava fechar um acordo milionário com investidores estrangeiros, e cada detalhe do evento deveria ser impecável. Clara, minha nova assistente, estava encarregada de organizar tudo. Tinha dúvidas sobre se ela conseguiria lidar com a pressão, afinal, havia pouco tempo que estava no cargo. Mas, até agora, ela não tinha cometido erros graves — pelo menos, não ao ponto de eu me arrepender da escolha.

Estava no escritório, revisando os últimos pontos da proposta, quando decidi verificar como estavam os preparativos. Passei pelo corredor da mansão, observando as flores, as taças dispostas na mesa de jantar, o serviço de catering sendo montado. Clara estava em pé ao lado da mesa principal, conferindo a lista de convidados. Parecia calma, mas pude notar uma leve tensão em seu rosto.

— Clara — chamei, me aproximando. Ela levantou o olhar rapidamente, com a postura firme. — Como está indo?

— Tudo está dentro do planejado, senhor Arantes. O chef já começou a preparar o menu e os convidados devem chegar em menos de uma hora.

Ela soava confiante, mas eu sabia reconhecer quando alguém estava no limite da ansiedade. Não que eu a culpasse — organizei eventos assim centenas de vezes e, ainda assim, cada um trazia seu próprio peso.

— Certifique-se de que o vinho que escolhi esteja devidamente resfriado — disse, desviando o olhar para as garrafas dispostas. — E, por favor, não me faça parecer um amador na frente desses investidores.

Ela assentiu, rápida e eficaz, sem qualquer sinal de ressentimento pela minha frieza. Isso era algo que eu apreciava nela: Clara sabia ouvir e responder sem dramas, o que era raro nas pessoas com quem eu lidava.

- Durante o Jantar -

Os convidados começaram a chegar, pontualmente, como esperado. O jantar tinha que fluir perfeitamente. Negócios, na maioria das vezes, dependem de uma primeira impressão. Uma mesa desorganizada, uma garrafa de vinho aberta de maneira inadequada, qualquer detalhe insignificante para outros, para mim significava ruína.

Clara se movimentava de maneira quase invisível entre os empregados, supervisionando tudo. Ela era boa nisso: nunca se destacava mais do que o necessário, o que era perfeito para alguém na sua posição. A última coisa que eu queria era uma assistente que tentasse chamar a atenção dos meus investidores ou se meter em assuntos que não eram de sua alçada.

— Senhor Arantes, o senhor está confiante sobre o novo projeto em Nova York? — perguntou um dos investidores, um homem de meia-idade com um sotaque britânico marcado.

— Absolutamente. Nossa equipe fez uma análise detalhada do mercado e, com a parceria certa, vamos dominar o setor de tecnologia emergente por lá. — Sorri, confiante, enquanto Clara discretamente servia mais vinho ao nosso redor, sem interromper a conversa.

Ela estava fazendo um ótimo trabalho. Tinha que admitir.

- Após o Jantar -

Quando os últimos convidados saíram, a mansão ficou novamente em silêncio. Clara se aproximou, parecendo exausta, mas mantendo a postura. Eu, por outro lado, estava satisfeito. O jantar tinha sido um sucesso.

— Bom trabalho — disse, sem rodeios. Ela precisava saber quando fazia algo certo, assim como quando errava. E hoje, definitivamente, havia acertado.

— Fico feliz que tenha dado tudo certo, senhor Arantes — respondeu, o alívio claramente presente na sua voz.

— Nicolas — corrigi, sem saber muito bem por que. Algo naquela noite me fez perceber que a formalidade entre nós já não era tão necessária. Pelo menos, não fora do escritório.

Ela pareceu surpresa, mas assentiu.

— Claro... Nicolas.

— Você fez um bom trabalho hoje. Continuo exigindo perfeição, mas reconheço quando alguém está à altura das expectativas. Não será sempre assim. Haverá desafios mais difíceis, e você precisará ser ainda mais precisa.

Clara ficou em silêncio por um momento, absorvendo minhas palavras.

— Vou continuar me esforçando. Sei que posso aprender mais e melhorar com o tempo — respondeu com firmeza.

— Boa resposta — falei, me virando para sair da sala. — Agora descanse. Amanhã será outro dia puxado, e teremos novas questões a resolver.

Enquanto eu caminhava em direção ao meu escritório, algo me fez parar por um instante. A imagem de Clara, dedicada e eficiente, rondava minha mente. Ela me intrigava. Não era como as outras assistentes que tive antes. Não fazia perguntas desnecessárias, nem tentava se aproximar mais do que o necessário. Mas havia algo nela... algo que eu não conseguia entender completamente.

Balancei a cabeça e voltei ao trabalho. Não tinha tempo para distrações. Havia muito em jogo, e, no fim das contas, tudo o que eu precisava era de alguém que garantisse que o trabalho fosse feito.

Mas Clara... Clara estava se tornando mais do que apenas uma assistente competente.

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