Capítulo 31

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Estou tão ansiosa para que essas duas finalmente fiquem juntas que não consegui resistir e acabei escrevendo outro capítulo e postando no mesmo dia. Espero que vocês não achem demais e que não estejam se sentindo cansados por tantas atualizações. (não sei qual é a medida correta de postagens, como já disse antes, apenas sigo meu fluxo de escrita)

Obrigada pela leitura!

Até breve!



Miranda poderia considerar aquela sexta-feira uma total perda, pelo menos no que dizia respeito ao trabalho. Sua habilidade de concentração, uma de suas maiores virtudes, estava completamente comprometida. Muitos notaram o quão distraída e distante a editora parecia, imersa em pensamentos, mas, obviamente, ninguém ousaria confrontar Miranda Priestly. Era preciso ter perdido o juízo para questionar o trabalho de Miranda, e, até o momento, todos na revista de moda ainda tinham o mínimo de amor pela própria vida. Assim, protegida de qualquer comentário ou crítica, Miranda se surpreendeu ao perceber que estava indiferente ao trabalho. De forma inesperada, ela simplesmente não se importava o suficiente para se culpar pela falta de foco em suas responsabilidades na Runway naquele dia. Havia algo muito mais importante ocupando sua mente: a visita de Andrea. 

Quando acordou naquela manhã, o coração de Miranda parou na garganta ao ler a mensagem de Andrea. A jornalista havia enviado o texto por volta das três da madrugada, o que denunciava sua insônia e fez Miranda se perguntar se Andrea realmente costumava dormir tão tarde ou se... bem, provavelmente as cartas foram o suficiente para mantê-la acordada. Miranda tentou não pensar nas cartas; ainda era um assunto delicado, que lhe causava desconforto físico só de lembrar o que havia escrito. Só Deus (se é que ele existe) saberia o quanto Miranda quase enlouqueceu tentando encontrar uma forma de se fazer entender, e, ao perceber que a única maneira era entregar as cartas a Andrea, foi como se tivesse se olhado no espelho e se reconhecido pela primeira vez. Foi horrível e libertador na mesma medida.

A mensagem de Andrea era simples, direta e fácil de entender, mas o que ela realmente queria dizer? Ela iria até Miranda para dizer que também estava disposta a entrar em um relacionamento? Ou, pelo contrário, iria afirmar exatamente o oposto? Será que as cartas a assustaram? Miranda havia falado demais, não havia? E se as cartas foram idiotas, sem sentido, confusas? Miranda andava muito confusa ultimamente, especialmente quando tentava escrever sobre o que sentia. Sua mente começou a criar um milhão de cenários terríveis, nos quais Andrea desistia dela, e Miranda, depois de expor seus medos, dores e sentimentos, seria rejeitada novamente. Quando ela se tornou uma pessoa insegura? Por Deus, ela tinha 52 anos, era editora-chefe de um império editorial de moda. Por que estava se sentindo como uma adolescente ansiosa pela resposta do primeiro amor do ensino médio? Não fazia o menor sentido. Miranda cogitou enviar uma mensagem para Andrea, ou melhor, ligar. Perguntar: "O que você quer dizer com vir até minha casa? Me explique em detalhes o que pretende com essa visita." Mas só de imaginar-se fazendo isso, sentiu-se patética. Decidiu, então, que aguardaria a visita de Andrea com a dignidade e maturidade que sua posição exigia.

Com a mente a milhas de distância, Miranda decidiu que não tinha sentido continuar atrás de sua mesa. Mal conseguia ler os e-mails importantes do dia, qual seria sua utilidade na Runway se estava tão aflita? "Ah, dane-se," murmurou para si mesma, levantando-se da cadeira e caminhando até Emily para pedir seu casaco e bolsa.

"Cancele todas as minhas reuniões. Vou tirar o restante do dia de folga," declarou Miranda com firmeza, notando o olhar de espanto de Emily, que imediatamente consultou o relógio no pulso. Eram apenas 10 horas da manhã, e a última vez que Miranda tirara um dia de folga... bem, foi devido a uma febre de 40 graus que a deixou de cama. Há cinco anos atrás.

Cartas de MirandaOnde histórias criam vida. Descubra agora