Laços Inesperados

Peso Compartilhado

Como estão?

Lauren's Pov

Era sábado, e pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia relativamente em paz. Camila, Dinah e Normani estavam comigo na casa de Camila. Apesar de todo o caos, estar com elas me dava um alívio que eu não sabia que precisava.

Normani e Dinah, mesmo conhecendo-se da escola, não eram exatamente próximas. Mas, depois de meia hora juntas, rindo e jogando conversa fora, parecia que se conheciam desde sempre. Suas brincadeiras e piadas enchiam o ar de leveza, algo que eu não sentia há semanas. Cada risada delas parecia tirar um pouco do peso da minha gravidez dos meus ombros e, por alguns momentos, eu conseguia esquecer o futuro incerto que me aguardava.

Eu estava deitada no sofá, com os pés no colo de Camila, que, silenciosamente, fazia uma massagem nos meus pés cansados. Era um gesto simples, mas que trazia tanto conforto que eu quase conseguia relaxar de verdade. Normani, que estava sentada no chão, de repente olhou para mim, a expressão curiosa, mas com uma pitada de preocupação.

— Ei, Lauren, você já começou o pré-natal? — perguntou ela, quase casualmente, mas eu sabia que o assunto não era nada leve.

O riso que estava nos meus lábios desapareceu imediatamente, e senti o peso da realidade retornar com força. Eu abaixei os olhos, envergonhada, enquanto respondia:

— Ainda não — murmurei. — Eu... eu não sei como vou pagar por isso. Meus pais me expulsaram de casa, e eu não tenho nenhum dinheiro.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Dinah e Normani se entreolharam, claramente preocupadas. Camila, que até então estava quieta, apertou um pouco mais os meus pés, como se quisesse me dar algum tipo de apoio silencioso.

— Eu estou tentando arrumar um emprego — disse Camila, a voz séria. — Mas, na minha idade, é difícil. Ninguém quer contratar uma adolescente para algo decente, sabe?

As palavras dela me cortaram. Saber que Camila estava tentando me ajudar, assumindo uma responsabilidade que era tão minha quanto dela, só tornava tudo mais doloroso. Eu deveria estar fazendo isso sozinha. Eu era a grávida, afinal. Mas ali estava Camila, disposta a carregar essa carga comigo, mesmo quando tudo entre nós era tão confuso e cheio de sentimentos não ditos.

(....)

Mais tarde, naquela noite, enquanto o caos do dia dava lugar ao silêncio, vi Camila descer as escadas com o olhar abatido. Ela tinha ido conversar com seu pai, Alejandro, e eu sabia que aquele assunto estava pesando sobre ela. Eu a observei por um tempo, sem saber exatamente o que dizer.

Ela parou na porta da sala, encostando-se no batente, e olhou para mim. Seus olhos estavam cansados, mas havia algo mais ali... vulnerabilidade. Antes que eu pudesse perguntar, ela começou a falar.

— Eu contei para o meu pai que estou com medo, Lauren. — Sua voz era baixa, mas carregava todo o peso que ela estava sentindo. — Eu não sei como vamos conseguir. Eu só... eu queria fazer tudo certo, mas parece que a cada dia a gente afunda mais.

Ela parecia tão perdida, e eu sabia que, de certa forma, essa responsabilidade a estava sobrecarregando tanto quanto a mim. Meu coração apertou, vendo o quanto ela estava lutando, não apenas comigo, mas também contra seus próprios medos.

— O que ele disse? — perguntei suavemente, tentando entender o que ela precisava de mim agora.

Camila sorriu, um sorriso triste e frágil.

— Ele me abraçou. Disse que vai nos apoiar, que não estamos sozinhas. Mas, Lauren... eu estou com tanto medo de falhar.

Eu me levantei do sofá e caminhei até ela, parando bem na sua frente. Por um momento, apenas ficamos ali, em silêncio, absorvendo a realidade. Então, sem pensar muito, a abracei.

— Eu também estou com medo, Camila — confessei, minha voz falhando um pouco. — Mas eu sei que, enquanto estivermos juntas, de alguma forma vamos dar um jeito.

Ela me apertou com força, e naquele abraço, senti que, por mais complicada que a situação fosse, nós ainda tínhamos uma à outra. E talvez, só talvez, isso fosse o suficiente para nos manter de pé.

Até breve!