Audiência

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como estão?


Lauren's Pov

O dia da audiência finalmente havia chegado. O ar ao nosso redor parecia pesado, carregado de tensão e ansiedade. Camila e eu estávamos acordadas desde o amanhecer, mal dormindo na noite anterior. Cada segundo parecia se arrastar enquanto nos preparávamos, tentando manter uma fachada calma para nossa filha, mesmo que por dentro estivéssemos despedaçadas. Karla Camila estava em meus braços, rindo inocentemente, alheia à batalha que estava prestes a ser travada por ela.

Olhei para Camila. Ela sempre tentava ser forte por nós, mas eu conseguia ver o medo escondido em seus olhos castanhos, refletindo o meu. Era como se estivéssemos prestes a enfrentar o maior desafio de nossas vidas. Tudo o que havíamos passado nos trouxe até aqui, mas agora o destino da nossa família estava nas mãos de outra pessoa: o juiz.

— Estamos prontas para isso, — Camila disse baixinho, sua voz quase trêmula, mas ainda firme. Ela colocou a mão no meu braço, me olhando nos olhos como se quisesse passar toda a força que conseguia reunir.

— Eu sei, — respondi, apertando-a de volta com uma das mãos, enquanto segurava nossa filha com a outra.

Normani e Dinah estavam nos acompanhando ao tribunal, junto com Alejandro, o pai de Camila. Eles eram nossas testemunhas, pessoas que estavam ao nosso lado durante todo esse processo doloroso e que conheciam a verdade. Estavam ali para falar em nosso favor, para mostrar que éramos uma família, mesmo que as circunstâncias não fossem as ideais.

Entramos no carro e o silêncio tomou conta. O tribunal parecia uma realidade distante, mesmo que estivesse apenas a poucos minutos de distância. Cada batida do meu coração ecoava como um tambor na minha mente.

Quando chegamos ao tribunal, a tensão no meu peito aumentou. As paredes cinzentas e o ambiente austero pareciam refletir o que estava em jogo. Era quase sufocante, e a cada passo que dava, eu sentia como se o chão fosse desabar sob meus pés. Daniel, o advogado que Normani nos indicou, estava nos esperando do lado de fora. Ele parecia confiante e focado, mas eu sabia que, no fundo, tudo dependia do que o juiz decidiria.

Assim que entramos no prédio, algo chamou minha atenção. Vi duas figuras familiares do outro lado do saguão. Meus pais. Meu coração afundou, e todo o nervosismo que eu estava tentando controlar começou a me consumir. Eles estavam aqui... e provavelmente não para nos apoiar. Meu pai estava com sua expressão dura de sempre, enquanto minha mãe olhava em nossa direção com algo que parecia ser arrependimento.

Segurei Karla Camila com mais força, como se quisesse protegê-la não só fisicamente, mas também emocionalmente de tudo o que estava por vir. Ela era tão pequena, tão inocente. Eu sabia que eles queriam ver a neta, mas eu não podia permitir que se aproximassem. Não depois de tudo o que fizeram. Depois de terem me expulsado de casa no momento mais vulnerável da minha vida.

Camila percebeu meu desconforto e, sem dizer uma palavra, me puxou para um abraço apertado. Eu podia sentir o calor e o amor que ela transmitia, mesmo que ela também estivesse tremendo por dentro.

— Vai ficar tudo bem, — ela sussurrou, tentando me acalmar, mas até ela sabia que era impossível prever o que aconteceria a seguir.

Meus pais começaram a caminhar em nossa direção. Meu pai com passos firmes e minha mãe hesitante, olhando para Karla com um olhar triste. Quando finalmente chegaram perto, eu já estava completamente rígida. Eles pararam alguns metros de distância.

— Lauren, por favor... — minha mãe começou, sua voz falhando. — Nós só queremos ver nossa neta.

Eu dei um passo para trás, meu corpo inteiro em alerta. O que eles achavam? Que poderiam simplesmente aparecer aqui e fingir que nada tinha acontecido? Que tudo estaria bem, só porque agora eles queriam participar?

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