Como estão?
Lauren's Pov
5 anos depois
Cinco anos se passaram desde aquele dia em que Karla disse suas primeiras palavras, e muita coisa mudou desde então. Nossa pequena, que já não era mais tão pequena assim, estava agora na pré-escola. Ver Karla crescer foi uma das experiências mais bonitas e desafiadoras da minha vida. Ela herdou os grandes olhos castanhos e os cabelos negros de Camila, mas o temperamento... Ah, essa era claramente uma combinação das duas, com uma pitada extra da minha teimosia.
Nos últimos anos, Camila e eu enfrentamos muitos desafios. A vida de um casal jovem, criando uma filha e tentando equilibrar trabalho e estudos, era tudo menos fácil. Lembro-me especialmente do meu último ano no colégio. Foi um ano decisivo para mim, tanto nos estudos quanto nas nossas vidas. Camila, sempre tão determinada, deixou o trabalho no rancho onde passava a maior parte dos seus dias e começou a trabalhar com o pai dela na construção civil. Era um trabalho árduo, mas o salário era melhor, e isso nos ajudaria a pagar as contas e garantir que Karla tivesse tudo de que precisasse.
Apesar disso, a nova realidade não veio sem dificuldades. Começamos a discutir sobre o futuro. Eu queria que Camila voltasse a estudar, a construir algo para si. Ela era inteligente e cheia de potencial, e ver ela trabalhar em um ambiente tão pesado, onde mal tinha tempo para cuidar de si mesma, me deixava frustrada. Mais do que isso, eu estava disposta a fazer minha parte, a trabalhar também, para que ela pudesse ter a chance de voltar à escola, mas Camila sempre recusava.
— Lauren, você sabe que eu estou fazendo isso por nós, — ela dizia, exasperada, toda vez que o assunto surgia. — Você precisa terminar seus estudos e cuidar da nossa filha. Eu estou bem, não me importo de trabalhar duro para sustentar nossa família.
Mas eu me importava. E ver Camila recusando a oportunidade de voltar a estudar e se dedicar a algo que realmente amasse me deixava ainda mais frustrada.
— Você está sendo teimosa, Camila! Eu também posso ajudar! Não quero que você fique presa a um trabalho que te esgota tanto. Isso não é justo, — eu gritava, sem conseguir esconder minha raiva.
— E o que você quer que eu faça, Lauren? Que eu largue tudo e vá me sentar numa sala de aula enquanto você faz malabarismos entre cuidar de Karla, ir à faculdade e ainda tentar arrumar um emprego? Isso não é possível!
Essas discussões eram frequentes, e em várias delas, eu a acusava de estar sendo machista, dizendo que ela queria assumir o papel de "provedora" de uma forma que me excluía. Não éramos um casal tradicional, e não tinha por que sermos. Eu queria que nossas responsabilidades fossem divididas de forma igual.
— Machista? — ela repetiu uma vez, incrédula. — Eu estou tentando garantir que você tenha um futuro, Lauren. Isso não é ser machista, é ser realista. Uma de nós precisa estar com Karla, e eu não quero que você desista dos seus sonhos.
— E eu não quero que você desista dos seus!
Essas brigas sempre terminavam de forma cansativa, com Camila indo dormir no sofá por algumas noites e eu ficando sozinha no quarto, repassando mentalmente todas as palavras ditas. Era doloroso, mas, no fundo, sabíamos que ambas estavam tentando o melhor para nossa família.
Apesar dessas tensões, conseguimos encontrar algum equilíbrio. Quando finalmente terminei o ensino médio, com notas altas, me inscrevi para uma bolsa de estudos na Universidade de Miami. Foi uma conquista enorme, algo que me deu um orgulho imenso, mas também um certo medo. Iniciar essa nova fase significava mais responsabilidades e menos tempo para Karla e Camila. Fiquei com receio de como equilibrar tudo.
No entanto, Camila, mesmo com nossas divergências, me apoiou. Quando soubemos que eu havia sido aceita na universidade com a bolsa completa, ela sorriu de uma forma que não via há tempos. Era o tipo de sorriso que só Camila conseguia dar, cheio de orgulho e amor.
— Eu sabia que você conseguiria, Lauren. Você é incrível.
E então, nossa rotina se reorganizou mais uma vez. Agora, todas as manhãs, eu deixava Karla na pré-escola antes de ir para a faculdade. Camila, por sua vez, saía bem cedo para o trabalho na construção, sempre cansada, mas determinada. Mesmo com todas as dificuldades, nosso amor por Karla e nosso comprometimento com a nossa família nos mantinham firmes.
Karla estava crescendo rápido demais. Às vezes, parecia que em um piscar de olhos ela havia deixado de ser o bebê que balbuciava "mamãe" para se tornar essa menininha esperta e cheia de energia. E, claro, ela adorava as madrinhas. Dinah e Normani estavam sempre por perto, agora estudando comigo na universidade. Elas faziam questão de mimar Karla sempre que podiam, e nossa pequena sabia exatamente como tirar proveito disso.
— Dinda Dinah! Dinda Normani! — Karla gritava, correndo para os braços delas assim que as via.
Eu sempre me divertia assistindo às duas disputarem a atenção de Karla, cada uma tentando convencer a menina de que era a melhor madrinha. Mas Karla, com sua personalidade já afiada, sabia bem como distribuir o carinho de maneira justa.
Hoje era mais um desses dias corridos. Eu tinha saído mais cedo da faculdade para buscar Karla na pré-escola. Ao chegar, vi minha pequena brincando alegremente com seus amiguinhos, sua risada clara enchendo o ar. Ela se parecia tanto com Camila fisicamente, mas ao mesmo tempo, seu temperamento era uma cópia exata do meu. Determinada, teimosa, sempre insistindo em fazer as coisas do jeito dela.
— Mamãe! — ela gritou, correndo em minha direção assim que me viu.
Eu me abaixei, recebendo-a em um abraço apertado.
— Oi, meu amor. Como foi seu dia?
— Eu brinquei de faz de conta, e a professora disse que eu sou muito boa em ser a princesa!
Eu ri, passando a mão pelos seus cabelos macios.
— Claro que você é. Você é nossa princesinha.
Dei-lhe um beijo na bochecha e nos despedimos dos outros pais e crianças. No caminho de volta para casa, Karla me contou com entusiasmo todas as aventuras que viveu naquele dia. A cada nova história, meu coração se enchia de orgulho. Ela era tão brilhante, tão cheia de vida.
Quando chegamos em casa, Camila ainda estava no trabalho, então comecei a preparar o jantar enquanto Karla brincava na sala. Estava exausta depois de um dia cheio de aulas e responsabilidades, mas momentos assim, em que a casa estava tranquila e eu podia ver minha filha feliz, fazia tudo valer a pena.
Pouco depois, Camila chegou, o rosto marcado pelo cansaço, mas iluminado por um sorriso ao ver Karla correr para seus braços.
— Oi, minha pequena! — Camila disse, pegando-a no colo e rodopiando-a no ar.
— Oi, mamãe! Eu fui a princesa hoje na escola!
— É mesmo? — Camila perguntou, rindo. — Você é sempre minha princesa.
Eu as observei, sorrindo. Apesar das nossas diferenças e das dificuldades, momentos como esse me faziam lembrar por que lutávamos tanto. Nosso amor por Karla, por nossa família, sempre nos trazia de volta, mesmo depois das discussões mais acaloradas.
Camila me lançou um olhar, ainda segurando Karla no colo. Seus olhos cansados encontraram os meus, e naquele breve momento, sem palavras, soubemos que, apesar de tudo, estávamos exatamente onde precisávamos estar. Ela me amava, e eu a amava, e juntas, continuaríamos enfrentando todos os desafios que a vida nos trouxesse.
Mais tarde, depois de colocar Karla na cama, nos deitamos juntas. Camila me puxou para perto, e eu me aninhei em seus braços, sentindo o calor familiar do seu corpo. Tínhamos construído uma vida juntas, uma vida que, embora cheia de obstáculos, era cheia de amor.
— Sabe que eu te amo, né? — sussurrei, virando-me para beijar seu pescoço.
Camila sorriu, acariciando meu cabelo.
— Eu sei, Laur. E eu te amo mais do que qualquer coisa.
E assim, naquele silêncio confortável, adormecemos juntas, prontas para enfrentar mais um dia com a nossa pequena família.
Até!
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Laços Inesperados
FanfictionCamila e Lauren, duas adolescentes de 16 anos, navegavam pelos dramas típicos do ensino médio, até que um acontecimento inesperado transformou suas vidas para sempre: uma gravidez não planejada. Entre as incertezas do futuro e a pressão de manter su...