Primeiras Decisões

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Camila's Pov

Conseguir um emprego nunca pareceu tão urgente quanto agora. Depois da conversa com meu pai e de todas as preocupações com o bebê, eu sabia que precisava ajudar de alguma forma. A vida estava exigindo mais de mim do que eu tinha imaginado, e a ideia de trabalhar depois da escola, mesmo que fosse em algo completamente fora da minha zona de conforto, parecia a única solução. Quando o Sr. Gomez, dono de um rancho nos arredores de Miami, me ofereceu um trabalho como assistente do tratador de cavalos, aceitei na hora.

Eu sabia que seria difícil. Não entendo nada de cavalos, e a ideia de limpar estábulos e carregar feno não era o que eu esperava para a minha adolescência. Mas, de alguma forma, saber que isso me ajudaria a pagar algumas das despesas da gravidez me dava força. Pelo menos agora eu teria algum dinheiro para ajudar Lauren com o pré-natal e outras necessidades.

(....)

Alguns dias depois, chegou o dia da primeira consulta de pré-natal de Lauren. Eu a acompanhei, tentando esconder minha própria ansiedade. No fundo, eu estava animada e, ao mesmo tempo, morrendo de medo. Não sabia como Lauren se sentia, mas eu estava ansiosa para ver o bebê pela primeira vez, mesmo que ele fosse apenas um pequeno feto.

Entramos na sala, e o ambiente era tranquilo, mas eu podia sentir a tensão no ar. Lauren estava deitada na maca, enquanto o médico passava o gel em sua barriga. Eu me inclinei um pouco, curiosa, observando a tela do ultrassom. E então, lá estava ele. Minúsculo, quase impossível de ver, mas estava ali. O médico apontou o que eu não conseguia distinguir sozinha, e meus olhos se encheram de lágrimas.

— É ele — sussurrei, quase sem acreditar.

Lauren apenas sorriu, mas algo no seu olhar me preocupou. Era como se ela estivesse longe, perdida em seus próprios pensamentos. Mas naquele momento, eu não disse nada. Estava encantada demais em ver o pequeno feto que, de alguma forma, estava mudando nossas vidas.

(....)

De volta à escola, logo nos reunimos com Normani e Dinah no intervalo. Eu estava empolgada para mostrar a foto do ultrassom e tirei a imagem do bolso, exibindo-a com orgulho para as meninas.

— Olhem só — disse, com um sorriso largo. — Esse é o bebê!

Dinah olhou para a imagem e fez uma careta de brincadeira.

— Isso é um bebê? — ela riu. — Parece um amontoado de pixels.

Normani deu uma risada discreta, mas eu estava tão animada que não me importei com a brincadeira. Para mim, aquilo significava o mundo.

Enquanto Dinah e eu continuávamos a brincar, notei que Lauren estava quieta, distante. Normani também percebeu e, com um olhar sutil, fez um sinal para mim de que iria conversar com ela. Afastei-me com Dinah, enquanto Normani chamava Lauren para uma conversa mais privada.

(....)

Lauren's Pov

Enquanto Camila e Dinah se divertiam mostrando a foto do ultrassom, eu me sentia desconectada, como se estivesse assistindo tudo de longe. Eu sabia que deveria estar mais envolvida, mais feliz. Camila, com aquele sorriso no rosto, irradiava uma alegria que eu não conseguia compartilhar. Isso me fazia sentir culpada, como se estivesse falhando de alguma forma.

Normani, sempre perceptiva, me chamou para uma conversa afastada das meninas. Sabia que ela havia notado meu silêncio.

— O que está acontecendo, Lauren? — perguntou ela, com uma voz suave, mas firme. — Você parece tão distante. O que está pegando?

Olhei para ela, hesitando, mas sabia que precisava colocar para fora o que estava me consumindo por dentro. Respirei fundo, tentando encontrar as palavras.

— Eu não sei se vou ficar com o bebê, Normani — confessei finalmente, sentindo o peso das palavras caindo no ar. — Estive pesquisando sobre adoção. Tem muita coisa que eu ainda não sei, mas... eu não sei se consigo fazer isso.

Normani ficou em silêncio por alguns segundos, tentando processar o que eu tinha acabado de dizer.

— E você já contou isso para Camila? — ela perguntou, cautelosa.

Eu balancei a cabeça negativamente, sentindo um nó na garganta.

— Não — respondi, quase num sussurro. — Eu não sei como contar. Ela está tão empolgada... Não quero decepcioná-la. Mas, ao mesmo tempo, eu... eu não sei se estou pronta para ser mãe.

Normani me olhou com compaixão, mas também com firmeza.

— Você precisa ser honesta com ela, Lauren. Se você está considerando adoção, Camila precisa saber. Ela também tem direito de decidir o que quer fazer.

Sabia que ela estava certa. Mas o medo de magoar Camila, de ver aquele sorriso desaparecer, era avassalador. E pior ainda, o medo de perder o pouco que eu tinha com ela, de que essa decisão nos afastasse para sempre.

A pressão em meu peito aumentava, e eu me sentia mais sozinha do que nunca.



Até breve!

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