■ 26 - Morta de Vergonha ■

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SN BATISTA





Eu me despertei no dia seguinte sentindo o corpo revigorado como há muito tempo não me sentia. Espreguicei- me naquela cama macia e espaçosa, ainda buscando forças para conseguir abrir os olhos e me levantar.

Estranhei o fato de o quarto estar tão silencioso e imaginei que minha irmãs já tivessem saído para tomar café ou fazer alguma coisa fora de casa. Rolei de um lado para o outro agarrada ao travesseiro e me aninhei mais ao lençol quentinho e cheiroso.

Ouvi o barulho dos passarinhos pela janela, sorri para mim mesma. Sentia-me tão bem e nem sequer recordava o motivo, com exceção de um leve ardor entre as pernas. Abri os olhos lentamente e me deparei com o breu do quarto. Estava tudo escuro.

Esfreguei os olhos para tentar me sintonizar, e foi então que a realidade dos fatos bateu. Eu não estava em casa, muito menos no quarto que dividia com minhas irmãs. Eu havia passado a noite nos braços do Jungkook em seu quarto.

Com o coração quase saindo pela boca, eu saltei da cama em um movimento rápido e corri até às cortinas que impediam qualquer luz de adentrarem o quarto. Parei por alguns segundos e orei baixinho, pedindo aos céus para que ainda estivesse tudo escuro lá fora, contudo, ao abrir as cortinas e a janela, me deparei com o sol já alto no céu e os peões trabalhando incansavelmente com o gado.

Os trabalhos na fazenda estavam a todo vapor. Senti meu coração parar algumas batidas quando compreendi que teria de descer as escadas e muito provavelmente encontraria dona Lúcia na sala ou na cozinha com Berenice.

Levei a mão a minha testa, quase chorando de desespero pelo que eu teria de enfrentar.

Olhei à minha volta, não havia qualquer sinal de Jungkook no quarto, o homem havia desaparecido como fumaça e nem sequer me acordou. Eu iria matá-lo assim que o visse. Aquele cretino de uma figa.

Desci o olhar pelo meu corpo, notando que ainda usava a camisa dele. Recordei-me que havia deixado o vestido no banheiro, mas a calcinha havia tomado chá de sumiço, não encontrei a peça em lugar algum.

Arranquei a camisa do meu namorado do meu corpo e coloquei meu vestido, tomando cuidado para retirar pequenos pedaços de feno que se grudaram ao tecido. Quando terminei, penteei os cabelos bagunçados com os dedos, deixando os fios o mais apresentável possível. Lavei o rosto e enxaguei a boca como deu, em seguida arrumei a cama, exatamente como eu fazia todos os dias.

Tomando coragem, puxei o ar com força para os pulmões e decidi que precisaria descer. Torci internamente para que não houvesse ninguém à vista, assim, se eu conseguisse passar despercebida, correria direto para casa e nunca mais pisaria os pés ali outra vez.

Abri a porta do quarto e espiei o corredor. Estava tudo silencioso.
Esperei alguns instantes, atenta a qualquer barulho de passos. Nada! Então saí devagar e encostei a porta com o máximo de cuidado para não fazer barulhos.

Desci as escadas na ponta dos pés, a respiração ofegante pelo medo de ser pega em flagrante tentando fugir sem ser notada. A sala de estar também estava vazia, e não parecia haver ninguém no escritório, muito menos na sala de jantar.

Um pouco mais tranquila, eu me aproximei da cozinha e esperei.
Nada, o único barulho audível ali dentro era o apito da panela de pressão no fogo.

Imaginei que Berenice estivesse na horta colhendo verduras para o almoço, e que dona Lúcia tivesse saído para o vilarejo ou até mesmo para Corumbá. Provavelmente havia saído com Jungkook ainda muito cedo e por este motivo o homem não me acordou. Apenas isso explicava a ausência das duas mulheres na casa.

O Melhor Amigo do meu Pai      -  Jeon Jungkook Onde histórias criam vida. Descubra agora