■ 03 - ARREPENDIMENTO ■

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JEON JUNGKOOK

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Fui guiado por minha mãe em direção à varanda do lado esquerdo da casa. Entramos por uma porta lateral que dava acesso direto à cozinha e me sentei à mesa.

O cheiro familiar de café fresco inundou meus sentidos, trazendo lembranças da adolescência e do conforto que aquele aroma trazia.

Minha mãe sentou-se ao meu lado e segurou uma de minhas mãos entre as suas. Quando a olhei, notei que seus olhos estavam vermelhos pelo choro, e as marcas das lágrimas marcavam as bochechas enrugadas.

-- Não imagina o quanto sonhei com esse momento, filho... meu Deus, por tudo que é mais sagrado neste mundo, ter você de volta em casa é como recuperar uma parte de mim que estava faltando.

Estremeci por dentro quando a vi enxugar a face molhada e soluçar baixinho enquanto falava com a voz entrecortada. Abaixei a cabeça e passei a fitar o nada na minha frente, não conseguia mais encará-la.

Não havia justificativas para o que fiz ao me afastar da minha família daquela maneira, muito menos explicações para expressar a ela a razão pela qual me tornei um lunático bêbado.

-- Sinto muito, por tudo... - eu me desculpei em um tom de voz baixo, quase inaudível, mas ela apenas apertou mais a minha mão entre as suas.

-- Não diga nada, querido. Eu sei... eu entendo... O importante é que está aqui agora.

Uma de suas mãos deslizou pelo meu rosto e ela acariciou minha face com ternura, passando os dedos levemente por minha testa, sobrancelhas e a barba comprida.

-- Imagino que esteja faminto, não é? - perguntou

-- Sim, estou! - confirmei, ainda sem encará-la.

Havia tanto a dizer, mas eu não conseguia, não naquele momento.

Pelo canto do olho, notei quando minha mãe mudou de posição, deixou o tronco
reto, em seguida chamou por Berenice que se ocupava em mexer alguma coisa nas panelas que estavam no fogão.

-- Berenice, essa noite faremos a refeição na sala de jantar. Temos muito o que comemorar.

Olhei diretamente para Berenice quando ela assentiu para minha mãe e depois voltou ao trabalho, mas não sem antes passar um olhar ressentido na minha direção.

Eu sabia que a mulher estava magoada comigo e não poderia tirar sua razão. Eu era como um filho para ela quando mais jovem, ainda assim larguei tudo para trás.

Berenice não se ressentia apenas por ela mesma. Ela se ressentia também por minha mãe, por Manoel, por todos que abandonei.

-- Ela vai superar... - Ouvi minha mãe dizer ao meu lado e me voltei na sua direção.

Ela piscou e abriu um sorriso tímido.
Suspirei baixinho e assenti.

-- Espero que sim.

Apesar de tudo, estava grato por nenhuma das duas terem tocado no assunto ou exigido respostas. No fundo, elas sabiam que o que aconteceu comigo e Lara foi o motivo de toda aquela decadência.

O Melhor Amigo do meu Pai      -  Jeon Jungkook Onde histórias criam vida. Descubra agora