■ 10 - GRATIDÃO ■

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JEON JUNGKOOK


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Mais tarde, naquele dia, quando retornei pra fazenda, encontrei minha mãe que veio ao meu encontro no pátio do casarão. Estacionei o carro debaixo de um frondoso jatobá e caminhei na direção dela.

Seus olhos brilharam ao me ver. Apressando o passo, me aproximei de onde ela estava e fui recebido por um abraço apertado, seguido de carícias no rosto.

Como você está bonito, filho... Sorriu ao se afastar, mas logo percebi que seus olhos transbordavam de lágrimas não derramadas.

    –– Está maravilhoso.

Uma lágrima escorreu em sua bochecha e eu a sequei com o dedo polegar.

   –– Não chore, dona Lúcia. - pedi a ela.

  –– Não imagina... O quanto estou feliz... - confessou com a voz falha, mas logo tratou de se recompor.

   –– Venha, Imagino que esteja faminto.

[...]

Após o jantar eu resolvo perguntar minha mãe onde é a casa de Joaquim.

Peguei a bendita pulseira que pertencia à garota, guardei no bolso da calça jeans e segui a pé na direção informada.

A moradia ficava a cerca de 1 km de distância da sede, era localizada logo após o pomar da fazenda.

Era noite de lua cheia, e por isso o caminho estava bem iluminado, facilitando a minha busca. O barulho dos grilos era constante à beira da estrada, o vento soprava fresco, arrepiando os pelos do meu braço.

De repente, o canto fino e lamurioso ecoou pela noite afora, trazendo consigo as lembranças da época em que vivi ali e costumava pescar à noitinha com Manoel.

Em alguns minutos, já conseguia ver a luz que vinha da casa. Continuei em frente, até me aproximar o suficiente.

A moradia era rodeada por uma cerca de arames lisos e postes de madeira pintados de branco. Algumas trepadeiras cresciam e se alastravam pelo tronco que sustentava o pequeno portão de madeira.

Abri a o portão e entrei sem fazer barulho.

Atentei-me para o caso de haver cachorros ali, mas não ouvi nenhum latido ou sinal da presença de caninos. Continuei andando, observando um pequeno jardim de roseiras amarelas floridas e alguns pequenos arbustos que não soube identificar a espécie. Subi os degraus da calçada e alcancei a porta.

Sem protelar, eu bati na porta e aguardei alguns instantes.

Ouvi barulhos sutis vindos lá de dentro, logo depois o som de passos se aproximou e a luz da frente foi acesa...

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SN BATISTA


Berenice havia saído há pouco tempo da minha casa, e me deixado com imenso sentimento de gratidão dentro do peito.

Dona Lúcia havia resolvido tudo e no dia seguinte, eu já poderia voltar ao trabalho sem ter que me preocupar com aquele babaca do Jungkook.

Guardei o jantar do papai no forno do fogão e tomei um banho logo depois.

Eu me enfiei dentro de um short curto de malha e vesti uma blusinha baby look, soltinha de algodão, sem sutiã por baixo. Já estava me preparando para dormir quando ouvi uma batida na porta.

Fiquei surpresa pois Berenice havia saído há pouco tempo e eu não costumava receber visitas àquela hora da noite.

Seria alguém em busca de meu pai para cuidar de alguma emergência?

Caminhei a passos rápidos e acendi a luz que iluminava a frente da casa. Um pouco receosa, encostei o ouvido na porta e perguntei quem estava do outro lado.

   –– Sn? - Aquela voz fez com que eu me arrepiasse dos pés até o último fio de cabelo.

O que aquele homem estava fazendo na minha casa?

Quis gritar para que fosse embora, mas o bom senso falou mais alto e eu apenas respirei profundamente, afinal, aquela casa era mais dele do que minha, eu não passava de uma funcionária da fazenda.

Talvez ele tivesse apenas vindo conversar com meu pai. As possibilidades eram tantas. Abri a porta devagar, com a respiração entrecortada.

Senti que meus dedos tremiam de nervoso, mas continuei com a tarefa árdua que era ficar frente a frente com aquele homem outra vez.

No entanto, eu não estava preparada para a enxurrada de emoções que me tomaria assim que coloquei os olhos nele.

Jeon Jungkook estava ali, com os cabelos bem cortados e sem aquela barba enorme, usando uma camisa xadrez com as mangas arregaçadas até o cotovelo.

Suas feições eram ainda mais marcantes pessoalmente que pela foto, os traços eram másculos, imponentes.

Fiquei ali impressionada com todo o magnetismo que senti.

O olhar escuro e vibrante me analisou por alguns segundos, ele levou a mão ao pescoço. Notei a agitação que tomou conta do seu semblante, era como se algo o incomodasse, o tirasse dos trilhos.

Eu não conseguia entender por que aquele homem me odiava tanto, mas vesti minha melhor máscara de indiferença e dei espaço na porta para que ele entrasse.

  –– Papai deve estar chegando. Pode se sentar e esperar por ele, se quiser. - falei mais ríspida do que deveria, apontando na direção do sofá de três lugares que havia na sala.

Jungkook olhou em volta, e por um segundo me peguei envergonhada com toda aquela simplicidade em que eu vivia.

Eu e Jeon éramos um verdadeiro contraste. Ele era rico, enquanto eu, só tinha de fortuna a boa saúde e minha família.

Ele conhecia tudo sobre o mundo, eu não sabia de nada do que acontecia além dos horizontes da fazenda e do vilarejo, e o mais provável é que ele possuísse o dobro da minha idade.

   –– Não vim conversar com seu pai, Sn. -  disse ele voltando sua atenção para mim.

Seu olhar caiu sobre minhas coxas descobertas, puxei a blusa para baixo em uma tentativa falha de me sentir mais composta.

O homem desviou a atenção do meu corpo rapidamente e focou o olhar em algum ponto do sofá. Jungkook estava inquieto, era nítido o desconforto que sentia estando na minha presença.

   –– Então o que quer? - Fui direta.

   –– Vim te devolver isso aqui. - Enfiou a mão no bolso da calça jeans e retirou algo que de imediato não consegui identificar.

Foi somente quando ele estendeu a mão e me entregou o objeto que reconheci a pulseirinha que minha avó me deu. Todo meu corpo se acendeu de felicidade quando peguei aquela delicada joia em meus dedos

  –– A pulseira de minha avó... - Voltei a fitar seu rosto, cheia de gratidão.

  –– Eu... obrigada. - Sorri.

Até senti um pouco de remorso por ter sido tão rude com ele quando chegou, mas me lembrei da maneira com a qual me tratou na fazenda, meu sorriso se desfez rapidinho em meu rosto.

Ele concordou com um aceno de cabeça e se virou para a porta.

Não houve um pedido de desculpas da parte dele, nada. Nem mesmo correspondeu ao meu sorriso de gratidão. O homem parecia uma pedra de gelo quando simplesmente deu- me as costas e foi embora.

E embora eu não quisesse admitir, toda aquela indiferença dele me deixou incomodada e algo bem lá no fundo do meu peito doeu.

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Boa Noite tropa✌🏻

GB📝

O Melhor Amigo do meu Pai      -  Jeon Jungkook Onde histórias criam vida. Descubra agora