■ 22 - Encarnando os Fatos ■

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SN BATISTA

Retornei da capital por volta das quatro da tarde após, receber o resultado do teste de gravidez.

Papai estacionou o carro em frente a nossa casa e entramos os três em silêncio. Eu, ele e minha mãe.

Eu ainda sentia o corpo tremer de susto, o coração apertado por tudo que havia escutado da boca de Jungkook. Não tinha mais lágrimas para chorar, não restava mais o que fazer. Não havia mais dúvidas.

Eu iria ter um bebê dele, estava grávida de Jeon Jungkook, mal conseguia erguer os olhos para encarar o meu pai.

Minha mãe havia dito a ele o que estava acontecendo assim que chegamos à clínica. Foi um dos piores momentos da minha vida. Ter os olhos decepcionados e aflitos do meu pai sobre mim, enquanto eu carregava a culpa de tudo aquilo, por fazê-los sofrerem.

Ainda não tínhamos tido a oportunidade de conversarmos sobre o assunto. Não revelei a nenhum dos dois quem era o pai do bebê, e não sabia se teria coragem de revelar tão cedo.

Certamente, eu seria o assunto da fazenda e de todos os moradores do vilarejo pelos próximos meses.

A vida era assim no interior, ainda mais num lugar como aquele, distante de tudo, onde uma moça grávida antes do casamento era motivo de alarme para toda a população, mas uma moça grávida, sem revelar quem era o papai do bebê, era quase o fim do mundo.

Deixei minha bolsa sobre o sofá e minha mãe segurou em meu braço, me guiando com cuidado para que eu não tropeçasse em nada. Estava totalmente aérea, fora de mim. Já amava demais aquela criança, mas sabia que daquele dia em diante nada seria fácil.

Contudo, havia decidido que depois de me acalmar, iria procurar Jungkook e falar sobre o bebê.

Apesar da mágoa que eu carregava em meu coração, ele era o pai e tinha o direito de saber.

   –– Você está bem filha? - perguntou minha mãe enquanto me ajudava a me sentar na cama.

   –– Sim, estou bem. - Confirmei baixinho e recostei a cabeça no travesseiro.

Meu pai se sentou ao meu lado, as mãos grandes procuraram as minhas e ele fitou meu rosto com a expressão arrasada, o olhar agitado.

   –– Não pensei que passaria por isso tão cedo. - comentou com pesar.

Eeu fechei os olhos, envergonhada. Tentei puxar minha mão da sua, mas meu pai não permitiu.

Respirei fundo e voltei a abrir os olhos, trêmula demais, perdida demais.

   –– Não estou te julgando, minha filha. Por favor, não pense isso de mim. - pediu.

Concordei após alguns instantes sentindo que o coração retornava ao seu ritmo.

   –– Só não esperava que seria avô tão jovem. Você sempre foi tão responsável. - Ele tentou sorrir, mas logo seu riso deu lugar a lágrimas.

Alguns segundos se passaram sem que eu conseguisse formular uma resposta. Não tinha muito o que ser dito, o passado era impossível de ser mudado.

Meu bebê estava ali em meu ventre, crescendo dia após dia, usando meu corpo para o seu desenvolvimento, e em poucos meses, ele nasceria.

   –– Eu... Eu sinto muito pai. - Foi a única coisa que consegui dizer.

Meu pai secou as lágrimas que caíam dos seus olhos, e continuou massageando minha mão por alguns minutos em silêncio. Por fim, a quietude que havia tomado conta do quarto, foi quebrada quando ele voltou a falar.

O Melhor Amigo do meu Pai      -  Jeon Jungkook Onde histórias criam vida. Descubra agora