■ 08 - CHORO ■

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SN BATISTA

♧♧


Quando finalmente saí do quarto daquele homem com o coração a mil, desci as escadas o mais rápido que pude.

Minhas pernas tremiam tanto que temi me desequilibrar e cair, minha visão ficou embaçada pelas lágrimas não derramadas, não encontrava o ar para respirar.

Encontrei Berenice na cozinha tirando pãezinhos frescos do forno.

Ao ver minha expressão de desalento, a mulher deixou a forma sobre o fogão e correu na minha direção.

-- O que aconteceu, Sn?

Não consegui mais suportar toda aquela tristeza que havia se alastrado em meu coração. Nunca havia sido tratada daquela maneira tão rude e grosseira. Quis gritar com aquele homem arrogante e dizer tudo o que ele merecia ouvir, mas não tive forças para isso.

Abracei Berenice com toda a força que havia dentro de mim e chorei em seu ombro, desconsolada.

Chorei pelo emprego que havia perdido, pela pulseirinha desaparecida, chorei de raiva.

-- Ele me demitiu, Berenice Jungkook me mandou embora da fazenda. - disse a ela entre as lágrimas, ao mesmo tempo em que fungava.


-- Meu Jesus Cristo! - murmurou chocada.

-- Não chore minha querida, dona Lúcia vai resolver isso, fique calma.

Tentei me acalmar e passei a respirar respirar fundo, mas meus nervos estavam aflorados demais, o coração acelerado no peito. O que papai pensaria quando soubesse? provavelmente morreria de tristeza.

-- Eu não sei, ele foi tão cruel comigo.

Ouvi seu suspiro triste, Berenice me levou até a mesa, puxou uma cadeira para que eu me sentasse e pegou outra para si.

-- Me explique direito o que aconteceu Sn. Por que ele te demitiu? Está tudo muito confuso.

Puxei o ar algumas vezes em busca de calma. Berenice se levantou para pegar um copo com água e logo retornou. Tomei alguns goles devagar e deixei o copo sobre a mesa.


Minhas mãos ainda tremiam, mas já conseguia ter um maior controle sobre minhas emoções. Sequei as lágrimas que banhavam meu rosto com as mãos, e comecei explicar a Berenice o que tinha acontecido com a pulseira.

-- Eu não sabia que ele tinha voltado, Berenice.

A mulher segurou minhas mãos e mais lágrimas rolaram pelas minhas bochechas.

-- Oh, minha criança. Eu até tentei te avisar, mas você estava com tanta pressa, e nem pensei que iria ao quarto dele naquela hora. - Suspirou.

-- Ao menos encontrou sua pulseira?

Neguei com um aceno e abaixei a cabeça. Berenice voltou a me apertar dentro dos seus braços.

-- Ele me acusou de não ser uma pessoa confiável... - Minha voz falhou.

Eu só queria sair de lá, o mais rápido possível. Minha boca ficou seca e mais lágrimas teimaram em cair, mas engoli o choro.

- E agora, o que farei?


Pensei em minha mãe morando em Corumbá, mas não me animei em ir morar com ela na cidade. Poderia voltar para o vilarejo, mas com o que eu iria trabalhar? As fazendas eram longe umas das outras e nem sempre era fácil conseguir algum serviço.

A mulher voltou a se afastar e me encarou com a testa franzida.

-- Ele estava bêbado, Sn? - perguntou.

Repassei em minha mente os poucos minutos que passei naquele quarto, lembrando-me do cheiro forte de bebida no hálito de Jungkook.

-- Não sei se estava embriagado, mas com certeza havia bebido. O cheiro de álcool era forte.

Berenice abaixou a cabeça concordando. Notei que sua expressão se tornou triste.

-- Não se preocupe, querida. - Voltou a me encarar.

-- Vou falar com dona Lúcia assim que ela descer para tomar café. Tudo vai se resolver.

Concordei e me levantei da cadeira.

-- Obrigada, Berenice, não sei o que faria sem você.

A mulher segurou minhas bochechas com os dedos como se eu fosse uma criança as apertou.

-- Berenice... - reclamei sorrindo e me afastei do seu aperto.

-- Vá trabalhar criança. - Sorriu dando uma piscadela e caminhou até o fogão, onde havia deixado os pãezinhos.

Mais calma retornei ao trabalho carregando comigo a certeza de que Jeon Jungkook não merecia um só segundo do meu descontrole.

Ele não merecia nada de mim, nem mesmo a minha pena...

✌🏻✌🏻

+ 1 missão finalmente tropinha✌🏻

Gabriel Almeida📝

O Melhor Amigo do meu Pai      -  Jeon Jungkook Onde histórias criam vida. Descubra agora