Capítulo 50: Café

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"Silêncio"

E então, o soar estridente e insistente do despertador.

Às 5:30 da manhã, o som agudo do despertador rompeu a tranquilidade. A vibração persistente ecoava pelo quarto de Carolana, mas a central apenas se remexeu na cama, puxando o cobertor para cobrir a cabeça, ignorando o barulho. Quinze minutos depois, o som recomeçou, tão alto e insistente quanto antes. Ainda assim, Carol apenas virou para o outro lado, o rosto afundado no travesseiro. O despertador seguiu essa rotina por mais duas ou três vezes, até que o visor do celular apontava 6:30 e mais uma vez o som estridente ocupou o ambiente, dessa vez seguindo por um som diferente:

CAROOOOOOOOOOOL... DESLIGA ESSA PORRA!

A voz enfurecida de Gabi atravessou as paredes, vinda do outro quarto, tão alta que pareceu fazer as janelas vibrarem.

Com um susto, a central se ergueu na cama, piscando os olhos e olhando ao redor, meio confusa. Ela tateou o celular na mesinha de cabeceira e, finalmente, desativou o alarme que ainda insistia em soar.

A caminho do banheiro, ela parou por um segundo, tentando se orientar, lembrando do porquê de não estar com um pijama, e sim apenas com a camiseta amarrotada que havia usado no dia anterior e sua calcinha. Era fato, ela não havia tido energia nem para trocar de roupa ao voltar para casa naquela madruga, o máximo que havia se esforçado para fazer foi remover seu jeans para que pudesse dormir mais confortável.

Se espreguiçando e tirando suas últimas peças de roupa ao entrar no banheiro, ela não pode deixar de se olhar no espelho, o rosto ainda meio amassado. Foi quando notou algumas pequenas manchas avermelhadas em seu busto e uma com um tom quase arroxeado próximo a sua auréola do seio direito, o que a fez parar e sorrir de leve. Sem dúvida, resquícios da intensidade da noite passada, cortesias de Anne Buijs. A lembrança da holandesa e dos momentos que haviam compartilhado a fez prender o riso, ainda sentindo a adrenalina da noite anterior percorrer sua pele.

Olhando novamente o relógio, o susto voltou. 6:35. Precisava se apressar, já que sair antes de Gabi levantar parecia ser a melhor ideia do momento — além de que, apesar de toda a preparação com aqueles inúmeros alarmes que ela havia ativado não havia conseguido levantar tão mais cedo assim, dessa vez ela não podia atrasar. Seu filme sobre pontualidade já estava queimado demais, por pura injustiça, obviamente.

A central já estava pronta, banho tomado, devidamente uniformizada e com a mochila de treino nas costas. O apartamento estava em um silêncio tranquilizador, o que, para seu alívio, indicava que Gabriela ainda estava dormindo. Por um momento, considerou digitar uma mensagem para a colega de apartamento, mas o pensamento de que a ponteira já pudesse estar desperta e, ao ver a notificação, saísse do quarto para um interrogatório que ela queria evitar a todo custo a fez mudar de ideia. Em vez disso, ela pegou um pedaço de papel e rabiscou um bilhete rápido, pregando-o na geladeira:

"Bom dia mocinha bem "educada", já fui para o treino. Quero chegar mais cedo pra me alongar com calma."

Satisfeita com a desculpa simples e prática, ela deu um último olhar pelo apartamento, verificando se estava esquecendo algo, e então, com passos rápidos e cuidadosos, como quem foge de algo (ou alguém), deixou o local a caminho da garagem de seu prédio, onde havia deixado o carro da ponteira.

Anne havia se levantado pontualmente às 6:30, com o primeiro toque do despertador. Mesmo cansada por ter dormido tão pouco, sua disciplina rígida com horários a impelia a se levantar sem hesitar. Gostava de fazer tudo com calma — tomar um banho, escolher a roupa certa, se arrumar no seu ritmo. Por isso, já estava pronta para o treino bem antes do necessário e, aproveitando o tempo, deu uma passada na padaria para comprar algo para comer e tomar antes de sair.

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⏰ Última atualização: 4 hours ago ⏰

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