۫ ּ ִ ۫ ˑ ֗ ִ 𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 20 ּ ִ ۫ ˑ ֗ ִ

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Esmerald Flame

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Esmerald Flame

Meus olhos se abriram devagar, enquanto o silencio da noite pareceu deixar todo o ar denso e um pouco difícil de respirar. Os grilos e o som das folhas roçando umas nas outras era tudo o que eu podia ouvir, se tornando repetitivo. O aroma metálico penetrando em meu nariz fez meu rosto se contorcer em uma careta de enjoo, afastando meus dedos de meu rosto, já que o sangue ainda se acumulava embaixo de minhas unhas. No instante em que fiz isso, senti algo se movimentar levemente sob meu corpo, de forma que meu olhar subisse um pouco e notasse que os olhos de Hades me encaravam um tanto cansados.

Um dos cantos de seus lábios se repuxou discretamente para cima ao notar que eu havia acordado, tirando uma reação de calor em meu interior, quase chegando a trazer um sentimento de paz, o qual eu não sinto há algum tempo.

-- Acordou... – a voz dele soa rouca e arrastada, reverberando em seu peito e em minha mente.

Eu apenas retribuí seu olhar, sem dizer nada, como se as palavras estivessem sido todas esquecidas e guardadas em um lugar profundo. Meus pensamentos pareciam rasos enquanto e eu não tinha ideia de como tudo havia acontecido e o motivo por estarmos em meu quarto agora. Nada muito concreto parecia chegar até mim, apenas lembranças das quais se assemelhavam mais a sonhos intensos o que a algo real.

Eu me recordava do eco que a voz de James emitia há algumas horas, expulsando qualquer garota que estivesse por perto do vestiário, seus braços me cobrindo e seu sobretudo impedindo que vissem a cor escura em que minha pele havia sido pintada. Ele era tão descontraído sempre, que eu não entendia como podia ser tão determinado e cuidadoso em certos momentos. Seu gancho rasgou a parte pesada de minha roupa, me deixando apenas com um leve tecido que eu mantinha por baixo, um vestido simples e claro, que logo foi encharcado pela agua quente que escorreu sobre minha pele.

Eu fiquei sozinha naquele pequeno quadrado, a porta embaçada não me permitindo ver nada além do sangue e da escuridão que o vestiário havia se tornado. Mal pude ver um palmo a minha frente, apenas com aquele odor amargo, que reduzia meus sentimentos à uma eterna ânsia e solidão. A culpa me corroía, não pelo meu ato, mas por ter concordado com as palavras de Adam naquela casa.

Eu havia gostado.

Passei a vida acreditando nas palavras de amor de Baba e que um dia eu finalmente poderia ser como ela, mesmo que pudesse demorar. Agora, eu me sentia como uma grande ruina, a qual nunca poderia ser reconstruída da mesma forma. Meus sonhos de me tornar algo além dos boatos sobre a magia das trevas com a qual nasci, foram destruídos e a decepção me invadiu como uma flecha, que girava de forma dolorosa em meu coração.

Meus olhos encaravam o chão, observando a cor escuras escorrer pelo ralo, exatamente como tudo o que eu tanto acreditava. Tudo isso porque eu me recusava a aceitar o destino que me foi proposto desde o início, declarando que meu lugar nunca seria próximo das terras boas dos Muitos Reinos. Um destino o qual eu nunca quis, sabendo que seria repleto de dor e amargura, longe de Baba e do respeito de qualquer um.

𝐑𝐎𝐓𝐓𝐄𝐍 𝐓𝐎 𝐓𝐇𝐄 𝐂𝐎𝐑𝐄 - 𝙃𝙖𝙙𝙚𝙨 𝙚 𝙈𝙖𝙡𝙚́𝙫𝙤𝙡𝙖Onde histórias criam vida. Descubra agora