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Esmerald Flame
Eu não me lembro exatamente do momento em que deitei em minha cama e dormir, pois eu me senti esgotada após aquela longa noite. Eu havia feito tudo o que não deveria e arrumado mais confusões do que conseguiria resolver. No dia seguinte, apenas caí da cama e segui para o refeitório, sem saber muito o que esperar.
As portas estavam abertas e todos pareciam agir normalmente, o que fazia com que eu me sentisse mais confiante ao entrar. Nenhum olhar fora do comum foi direcionado a mim enquanto ia para a fila, sendo um bom sinal. A última coisa que eu precisava provar para acreditar que as coisas estavam bem, era esperar a visita de Fay, com seus comentários inconvenientes. Ela poderia aparecer a qualquer momento, porém mesmo que a ansiedade fosse grande, não a procurei com o olhar para que eu não parecesse suspeita.
Me servi e estava quase suspirando aliviada ao pegar os talhes, antes de ver a fada se aproximar. Baixei a cabeça para fingir que não a estava vendo, mesmo que aquilo não me impedisse de receber um sermão ou de que eu tivesse que explicar o que havia acontecido. Ela parecia determinada, com sua expressão arrogante, enquanto andava de forma que seus saltinhos batessem no chão de forma irritante.
No momento em que estava prestes a me encarar e dizer algo, esbarrou propositalmente em meu ombro e seguiu em frente, como se tivesse me enfrentado em uma performance sensacional. Soltei um riso, satisfeita com aquilo e segui para próximo de minha mesa quase saltitando com o primeiro presente de sorte que eu já havia ganho. Aquilo logo mudou quando avistei James e Morgie tomando café e aquilo me fez sentir uma pontada, sabendo que não seria bem-vinda. Eu não queria perder eles, mesmo que não estivesse arrependida do que disse ontem.
Entreabri meus lábios e cheguei próximo à James, tocando seu ombro para que percebesse minha presença. Ele se esquivou por um momento, mas então voltou ao normal, ainda sem se virar.
-- Me parece que voltou. – Sua voz soou fria, mas eu senti um leve traço de chateação ao fundo.
Meus dedos se apertaram na bandeja e eu odiava aquela sensação de ficar de pé enquanto todos no refeitório estavam sentados e provavelmente alguns estavam me olhando, curiosos para saber o motivo desta situação.
-- Eu não fui embora.
Minhas palavras o fizeram parar o que estava fazendo e enfim se virar em minha direção. Com um susto, me esforcei para não arregalar os olhos ao ver a mancha escura que cobria todo seu olho esquerdo e evitar que percebesse meu desconforto. Não havia sido algo leve, nem um pouco. Ele me olhou de cima abaixo, com talvez decepção ou alguma outra coisa misteriosa a qual eu não conseguia ter certeza.
-- Não sei o que quer que eu diga.
Seu sangue começou a esquentar com suas respostas secas, me deixando cada vez mais cansada de tentar entender seu lado, sendo que cada vez mais ele me provava que havia sido um egoísta. Eu nunca conseguiria o odiar, mas sim suas ações, que agiam como combustível dentro de mim. Meu pavio era curto e se ele continuasse não me escutando, eu não conseguiria voltar a ser gentil.
