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Esmerald Flame
As portas eram tão altas que eu precisava dar alguns passos para trás e erguer minha cabeça para vê-las por inteiro. Era muito diferente de como eu imaginava e até arriscava dizer que parecia aconchegante, com poucas cores claras, priorizando a madeira escura que cobria boa parte da Academia. Não parecia ter sido feito para a realeza a qual eu já havia lido nos livros, porém mesmo assim, conseguia ter um toque de delicadeza com belas esculturas. Não seria tão difícil de se adaptar.
Meus passos correram pelos corredores e o piso estava trêmulo com a quantidade de alunos. Meus ouvidos escutavam os murmurinhos enquanto eu passava, e de primeiro momento, achei que fossem conversas cotidianas, até perceber que olhavam para mim. Quase sorri, gostando da atenção. Arrumei meu cabelo pra trás e continuei caminhando até a secretaria, onde uma fila se formava e eu conseguiria a chave para meu quarto.
O aroma da mistura de perfumes rodeava o ar, fazendo meu nariz coçar. Eu já odiava quando me levavam para dentro dos campos das Terras das Fadas para alguma atividade, com flores para todos os lados, mas aquilo já era demais. Parecia que todos haviam se banhando em perfume antes de virem para cá, como se pudesse disfarçar o odor de arrogância que exalavam.
— Uau, amei seu cabelo!
Aquela voz feminina ecoou em minha mente e ao perceber que ela não havia recebido uma resposta, talvez tenha sido direcionada para mim. Girei meu pescoço para trás e vi uma garota que parecia ter sido pintada de cor-de-rosa por um pincel e ela me encarava alegremente. Olhei em volta para ter certeza de que era comigo e ao não ver mais ninguém, disfarcei minha irritação.
— Hm — forcei um risinho e voltei para a fila, contando quantas cabeças faltavam até chegarem em mim. Era de fato, uma quantidade desagradável.
— Bridget, do País das Maravilhas...! Prazer.
Em segundos, apareceu em minha frente estendendo a mão e sorrindo radiante. Eu apenas me perguntava se sua boca não doía quão o quanto que ela esticava os lábios para mostrar todos os dentes. Seu desespero era humilhante.
— Para rugir, precisa da voz... — respondo simplesmente e tento ignorá-la, porém mesmo confusa com minha resposta ela se mantéu persistente.
A ouvi soltar um riso, enquanto puxava suas malas para mais perto e procurava uma caixa dentro de uma das bolsas. A puxou para fora e abriu sua tampa, pegando alguns cookies, da mesma cor de seu cabelo, roupa e sapatos. Olhei para aquilo e quase fiz uma careta, porém antes que eu pudesse expressar algo, ela já enfiava ele em meu rosto para me oferecer.
— Pegue, um pouco de açúcar pode te animar. Vejo que está nervosa... É normal sabe, estamos em uma escola nova e...
Fiquei tão furiosa que senti meu coração acelerar e um calor intenso subiu pelo meu corpo, até meus olhos se incendiarem com chamas esmeraldas. As pessoas perceberam a mudança na atmosfera e recuaram, olhando com temor enquanto eu lutava para conter a explosão iminente.
