A noite no Rio de Janeiro era abafada, o calor grudando nas paredes antigas da PUC-RJ e deixando o ar ainda mais pesado. Roberta Ratzke, escondida sob o disfarce de uma dedicada estudante de odontologia, cruzava os corredores com a calma fria de quem já havia feito isso muitas vezes antes. Sua mente estava sempre dois passos à frente, planejando, antecipando. Mas, dessa vez, seus pensamentos eram mais caóticos do que o habitual. O motivo? Macris Carneiro.
Roberta a observava à distância há meses. Macris era tudo que ela queria — não só pela resistência que exalava, mas pelo desafio que ela representava. Com seu rosto angelical e sua personalidade resiliente, Macris era uma batalha em si mesma, e Roberta se deleitava com a ideia de dobrá-la, controlá-la. O desejo que crescia dentro dela era sombrio, um fogo insaciável que Roberta sabia que só se apagaria quando Macris estivesse ao seu lado — de preferência, contra sua vontade. Ela não queria só conquistá-la, queria quebrá-la.
Porém, o que tornava isso mais interessante era o quanto Macris parecia desprezá-la. Desde o primeiro encontro, Macris deixava claro o quanto achava Roberta insuportável. Ela a via como uma garota mimada, arrogante, que não sabia ouvir “não”. Macris, com seu instinto aguçado, sempre soube que Roberta era o tipo de pessoa que queria o que não podia ter, uma predadora. Roberta não era o tipo de pessoa que se contentava com pouco, e Macris sabia disso. O problema era que, quanto mais ela desprezava Roberta, mais forte era o magnetismo entre elas — e mais Roberta se dedicava a sua nova obsessão.
Mas Roberta não estava sozinha em seus planos. Suas cúmplices, todas disfarçadas como alunas em diferentes cursos da PUC, estavam por perto, cada uma com sua própria missão. Anne Buijs, sua parceira mais letal, estava no curso de economia, sempre calculando os riscos e avaliando as movimentações financeiras necessárias para seus negócios ilegais. Rosamaria Montibeller, a mais explosiva do grupo, fazia seu papel como estudante de direito, sempre pronta para tirar o grupo de situações complicadas com sua eloquência afiada e seu conhecimento das brechas jurídicas. Celeste Plak, a manipuladora, brilhava no curso de psicologia, aproveitando cada oportunidade para ler as pessoas e usá-las a seu favor. E Martyna Lukasik, a mais próxima de Roberta, estava matriculada no curso de engenharia civil, sempre disposta a executar os planos mais ousados — e desta vez, a ajudar Roberta em algo muito mais pessoal: o sequestro de Macris.
Macris, por outro lado, lutava suas próprias batalhas. Ela mal conseguia pagar as contas, estudando com uma bolsa de estudos que conquistou com esforço enquanto trabalhava como garçonete em uma lanchonete perto do campus. E, como se isso não fosse suficiente, ainda cuidava de sua mãe, que estava acamada com uma pneumonia grave. Macris era uma sobrevivente, e sua força vinha da necessidade de lutar por cada pequena vitória. Ela se recusava a ser definida por suas dificuldades, mas, no fundo, sentia-se exausta. Carregar o peso de ser a primeira da família a concluir uma faculdade, junto com a responsabilidade de cuidar de sua mãe, era esmagador. Ainda assim, ela permanecia firme, determinada a não deixar que a vida — ou pessoas como Roberta — a derrubassem.
Ela só tinha duas pessoas em quem confiava: Martyna, sua amiga próxima, que parecia sempre estar por perto quando ela mais precisava, e Ana Carolina, uma colega do curso de medicina veterinária. Mal sabia Macris que Martyna era parte do jogo, manipulando suas emoções e se aproximando dela a mando de Roberta. Martyna tinha a função clara de conquistar a confiança de Macris, tornando-se sua amiga íntima, para que o sequestro planejado fosse executado com precisão. Cada movimento de Martyna era calculado, cada palavra escolhida com cuidado, criando uma teia invisível em que Macris se enredava lentamente.
Ana Carolina era a única verdadeira amiga de Macris, uma alma bondosa e trabalhadora que, assim como Macris, vivia no limite. As duas se apoiavam mutuamente, dividindo suas angústias e frustrações enquanto tentavam navegar pelo mundo cruel da faculdade e da vida adulta. Ana Carolina sempre dizia a Macris que ela deveria se afastar de pessoas como Roberta, mas Macris já sabia disso instintivamente.
E, no entanto, havia algo em Roberta que a incomodava profundamente. Não era apenas a arrogância ou o modo como ela andava, como se o mundo lhe pertencesse. Era algo mais. Macris sentia que Roberta a olhava de uma maneira que ninguém mais fazia. Não era um olhar casual, mas sim um olhar de posse, como se Macris fosse algo que Roberta já decidira que seria seu. E isso a deixava em alerta constante.
Roberta, por sua vez, ficava cada vez mais obcecada. Ela via a luta nos olhos de Macris, e isso só alimentava seu desejo. Ela queria ver até onde Macris iria antes de se render. O plano estava sendo desenhado com precisão — Martyna já havia conquistado a confiança de Macris, e o momento do sequestro estava se aproximando. Roberta sentia o controle escapando de suas mãos de uma maneira que nunca havia experimentado antes. Ela queria mais do que simplesmente levar Macris para fora do Brasil. Ela queria quebrá-la, transformá-la, torná-la sua.
Enquanto Macris lutava para manter o controle de sua vida, sem saber que o perigo estava tão próximo, Roberta se aproximava, calculando cada movimento, esperando o momento certo para agir. A única pergunta que permanecia era: até onde Macris seria capaz de resistir antes que seu mundo desabasse por completo?
E assim, o jogo mortal entre elas começava, um jogo onde paixão, poder e destruição se entrelaçavam, e onde, no final, apenas uma poderia sair vencedora.
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Deadly Obsession
FanfictionRoberta Ratzke é uma das criminosas mais poderosas das Américas, conhecida por comandar o maior cassino do mundo. Seu maior trunfo é o anonimato; ninguém sabe quem ela realmente é, o que facilita sua movimentação entre países como Estados Unidos, Ca...