Deadly Obsession

Chapter Seventeen

Ao entrar no salão, Roberta parecia outra pessoa. Para Macris, era como se ela mudasse de pele, assumindo uma personalidade mais acessível, calorosa – mas apenas para ela. O resto do mundo continuava a ver a versão fria e altiva de Roberta. Com o braço dela apoiado no seu, Macris a seguia, observando-a cumprimentar os convidados com um breve aceno de cabeça, o olhar impenetrável.

— Acho que vi aquele senhor que conheci no escritório… o Zé… alguma coisa — sussurrou Macris, com um leve tom de apreensão.

Roberta soltou um pequeno sorriso e respondeu, mantendo o tom calmo:
— Zé Roberto. E sim, chamei ele. Ele é bem mais do que apenas um “velho”. Era amigo próximo do meu pai, e a Gabi… bem, cresci com ela. Acho que se chama amizade de infância — disse, com um toque quase despreocupado que Macris não via nela com frequência.

Assim que chegaram ao grupo, Zé Roberto os cumprimentou com um aperto de mão firme, e Gabriela, ao lado dele, lançou um sorriso amistoso. Sheila, namorada de Gabi, estava ali também, observando a cena com um sorriso acolhedor.

— Essa é a garota que você trouxe do Brasil? Macris, certo? — perguntou Gabi, depois de conversar com Roberta, enquanto notava que Macris apenas sorria e acenava, sem muita certeza do que dizer.

Roberta inclinou-se discretamente para falar ao ouvido de Macris, a voz baixinha, mas cheia de uma tranquilidade rara.
— Não se preocupe. Gabi é minha amiga, uma das únicas em quem confio de verdade. Como uma irmã pra mim… diferente de qualquer uma das meninas na mansão — murmurou, o tom suave carregado de um afeto incomum que fez o coração de Macris bater um pouco mais forte.

Aquela pequena revelação mexeu com Macris. Nunca tinha ouvido Roberta falar com tanto carinho sobre alguém ou sobre amizade. Ver esse lado mais humano de Roberta, e saber que ela escolhia compartilhar esse momento com ela, fez com que uma faísca de confiança se acendesse em seu peito.

Macris sorriu mais confiante e estendeu a mão para Gabi, que rapidamente puxou-a para um abraço caloroso e descontraído, em contraste com a postura séria e quase impenetrável que ela havia imaginado para a amiga de infância de Roberta.

— Macris, é um prazer te conhecer! — disse Gabi, com um riso leve. — Olha, pensei que você fosse mais séria, mas Roberta me falou que estava acompanhada de alguém especial.

Gabi a olhou com curiosidade, ainda segurando seu riso, e acrescentou, em um tom brincalhão:
— Não se preocupe, eu não sou tão séria como pareço. Acho que, de nós duas, é a Roberta quem leva o prêmio de seriedade, não é?

Macris relaxou, sentindo que finalmente havia encontrado um rosto amigável entre tantas figuras sérias ao redor dela. Ela lançou um olhar para Roberta, que a observava com aquele brilho sutil de aprovação.

— É, eu diria que Roberta leva o troféu de quem menos ri, isso é verdade — respondeu Macris, sorrindo de volta para Gabi, enquanto sentia a presença silenciosa de Roberta ao seu lado, como um apoio quase invisível, mas seguro.

Gabi soltou uma risada calorosa, que atraiu a atenção dos outros ao redor. Era quase cômico ver o contraste entre a risada animada de Gabi e a expressão mais controlada de Roberta, mas Macris estava começando a entender que, com essa dupla, as aparências enganavam.

Roberta, ao ouvir a troca de risadas entre Gabi e Macris, pigarreou discretamente, mas o suficiente para chamar a atenção das duas. Seu semblante, sempre sério e reservado, não deixava transparecer qualquer sinal de desconforto, mas a leve mudança em sua postura indicava que já estava na hora de voltar ao seu papel de anfitriã.

— Bom, acho que vou precisar recepcionar os outros convidados — disse Roberta, em um tom suave, mas firme, olhando diretamente para Macris. — Aproveitem para conversar mais. Gabi, cuide bem dela por mim.