Chapter Three

51 5 0
                                    

No dia seguinte, Macris acordou com a cabeça latejando, ainda meio tonta e desnorteada. A sensação era de estar presa em um nevoeiro, como se os eventos da noite anterior fossem sombras difusas que não conseguia agarrar. Ela olhou ao redor, percebendo que estava em um quarto desconhecido. O primeiro pensamento que teve foi de pânico.

— Onde eu estou? — sussurrou, mal se reconhecendo na própria voz.

Ela se levantou rapidamente da cama, dirigindo-se à porta, mas ao girar a maçaneta, percebeu que estava trancada. Sua mente disparou. Aquilo definitivamente não era o quarto dela, muito menos o de Carol. Seus olhos vasculharam o ambiente, tentando encontrar algo familiar. Nada. Cada detalhe daquele quarto gritava luxo e opulência, mas era uma opulência estrangeira, diferente do que ela conhecia no Rio de Janeiro.

Com o coração acelerado, ela foi até a janela. Ao abrir as cortinas, seus olhos se arregalaram em choque. Não era possível. A paisagem que se estendia diante dela parecia saída de um cartão-postal europeu, com colinas onduladas e construções de pedra ao longe, completamente diferente da arquitetura do Rio de Janeiro. Ela sentiu o pânico subir pela espinha, quando a maçaneta da porta fez um leve clique.

A porta se abriu, e lá estava Roberta, entrando com seu andar confiante e um sorriso irritantemente calmo nos lábios.

— Bom dia, dorminhoca. — Roberta disse, sua voz carregada de um tom provocador, como se tudo aquilo fosse uma brincadeira para ela.

Macris deu um passo para trás, o coração quase saindo pela boca.

— Que merda é essa, Roberta? Onde eu estou? — Macris perguntou, a voz embargada pela indignação.

Roberta parou à frente de Macris, cruzando os braços, e deu uma risadinha irônica antes de responder.

— Você está na Itália, querida. — Ela disse, como se estivesse falando do tempo. — Trouxe você para cá porque, aparentemente, era o seu desejo.

— O quê? — Macris deu um passo à frente, sua indignação fervendo a cada segundo. — Isso é uma loucura, Roberta! Eu não pedi nada disso! Como assim Itália? Como você... como eu vim parar aqui?

Roberta suspirou dramaticamente e, com uma calma que apenas a irritava mais, puxou o celular do bolso. Ela rolou a tela por alguns segundos, antes de mostrar um vídeo para Macris.

— Veja por si mesma.

Macris, ainda sem entender, olhou para o vídeo. Era ela mesma, falando com Roberta em algum momento da noite anterior, com uma voz arrastada e os olhos desfocados, obviamente sob o efeito de álcool — ou algo pior. No vídeo, Macris sorria e dizia:

— Sabe o que seria perfeito? Se a gente fosse pra Itália, Roberta. Eu... eu iria pra Itália com você agora. Seria incrível.

Macris sentiu o chão sumir sob seus pés. Ela estava embriagada, ou drogada, e havia dito aquilo? Mas uma parte dela sabia que, mesmo naquele estado, ela jamais teria dito aquilo conscientemente. Seu corpo tremeu de raiva, e ela avançou para cima de Roberta, empurrando-a com força.

— Você manipulou tudo isso! — Macris gritou, sua voz transbordando fúria. — Eu nunca quis vir para cá com você! Você... você fez alguma coisa comigo!

Roberta, sempre ágil, desviou do impulso de Macris com um movimento suave, sorrindo ainda mais. Ela deu de ombros, fingindo inocência.

— Eu? Manipular você? Querida, só realizei seu desejo. E não me faça parecer a vilã aqui. — Ela disse, com um olhar divertido, como se estivesse se deliciando com a raiva de Macris.

A tensão entre elas era palpável, o espaço parecia pequeno demais para conter o ódio de Macris e o controle frio de Roberta. O rosto de Macris estava vermelho de raiva, as mãos tremendo.

Deadly ObsessionOnde histórias criam vida. Descubra agora