Chapter Twenty-one

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Duas semanas haviam se passado desde o acontecimento que mudou a vida de Macris. Ela e Roberta tentavam seguir em frente, retomando o cotidiano de forma controlada, mas algo ainda pesava no coração de Macris, um temor que ela não conseguia ignorar.

Sentadas no quarto, Macris segurava as mãos trêmulas no colo, incapaz de conter a ansiedade que lhe dominava. Finalmente, ela respirou fundo e falou, a voz baixa e carregada de preocupação.

— Minha menstruação atrasou.

Roberta parou e olhou para ela, surpresa, tentando entender o que aquilo significava. — Como assim? Olha, Macris, você passou por um momento muito difícil, seu corpo ainda deve estar lidando com...

Macris a interrompeu, sua expressão séria e sem traços de dúvida. — Roberta, estou atrasada uma semana e cinco dias. Faz os cálculos.

O rosto de Roberta se contraiu levemente enquanto ela processava aquilo. Ela tentou manter a calma, mas a preocupação era evidente em seu olhar. — Você acha... você acha que pode ser gravidez?

Macris assentiu, abaixando a cabeça enquanto uma lágrima solitária escorria pelo rosto. Era como se, de repente, todas as memórias daquela casa onde havia sido mantida prisioneira lhe atingissem de uma só vez. A sensação de estar sendo tratada como um objeto, a violação de sua dignidade e a lembrança constante de que algo horrível poderia ter acontecido... tudo se misturava em uma tempestade de emoções.

Roberta sentiu um aperto no peito ao ver Macris daquela forma. Aproximou-se dela, envolvendo-a em um abraço caloroso, tentando transmitir uma segurança que, talvez, nem ela mesma soubesse se poderia garantir.

— Ei, Macris — sussurrou Roberta, afagando-lhe os cabelos. — A gente vai enfrentar isso juntas, tá bom? Seja o que for... eu tô aqui com você.

Macris suspirou, deixando-se amparar por aquele momento de conforto, mas a angústia ainda estava presente. — Eu não sei o que fazer, Roberta. Só de pensar na possibilidade... — Ela fez uma pausa, contendo o choro que ameaçava vir à tona. — Eu me sinto tão... tão suja. Só de imaginar que algo assim possa ter acontecido comigo...

Roberta a segurou mais forte, sentindo uma raiva surda crescer dentro dela ao pensar no que Macris tinha passado. Aquela dor, aquele medo... ninguém deveria sentir algo assim. — Você não está sozinha, Macris. Eu vou te ajudar a passar por isso, custe o que custar.

Macris ergueu o olhar, encontrando o rosto de Roberta. Por um breve momento, viu nela um ponto de esperança, um lembrete de que ainda havia alguém ao seu lado. — E se eu estiver grávida, Roberta? Como vou lidar com isso? Eu não consigo nem imaginar...

Roberta segurou o rosto de Macris entre as mãos, encarando-a com uma intensidade que quase fez Macris estremecer. — Se isso acontecer... se você estiver grávida... eu assumo a criança, Macris. Não importa o que tenha acontecido, eu estou aqui. Eu cuido de você e da criança, se precisar. Você não vai enfrentar isso sozinha.

Macris sentiu as lágrimas escorrerem novamente, desta vez um misto de desespero e alívio por ter alguém como Roberta ao seu lado. — Obrigada... obrigada por tudo. Eu não sei o que faria sem você.

Roberta a puxou para outro abraço, apertando-a como se quisesse protegê-la de todo o mal do mundo. — Não precisa agradecer. Eu faria qualquer coisa por você, Macris. E vou continuar aqui, aconteça o que acontecer.

Por fim, Macris respirou fundo, tentando encontrar forças nas palavras de Roberta. O caminho que tinham pela frente seria difícil, mas naquele momento, ela sabia que, ao menos, não estaria sozinha. Roberta soltou Macris do abraço, mantendo as mãos em seus ombros e tentando passar uma sensação de estabilidade.

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