Capítulo 12 - Controle e Consequências

45 2 5
                                    

FILIPE BEAUMONT
---

O silêncio da mansão era quase opressor. A quietude escondia a tensão que se acumulava dentro de mim. Ver Lívia saindo sem minha permissão era um desafio direto à minha autoridade, à forma como eu conduzia tudo ao meu redor. Aquilo não era apenas desobediência – era uma afronta pessoal.

No fundo, algo sombrio se agitava. Uma necessidade visceral de controle. Eu me aproximei da janela do escritório, observando a escuridão lá fora. Ela não fazia ideia do que estava arriscando.

Os passos delas ecoaram pelo corredor, suaves, como se não tivessem noção da tempestade que se formava. Quando virei a esquina e vi Lívia e Sofia rindo, com sacolas de compras penduradas em seus braços, uma onda de frustração me atingiu.

Meus olhos se fixaram em Lívia. Eu podia ver o medo sutil em seu olhar, embora ela tentasse se manter firme.

— Quem te deu permissão para sair? — minha voz saiu baixa, mas carregada de uma ameaça velada. Um fio de controle que eu não poderia soltar.

Lívia parou imediatamente, seu corpo tenso. Sofia, sempre a mais despreocupada, soltou uma risada rápida e casual.

— Ah, Filipe, relaxa! Foi só uma saída rápida. A gente precisava respirar um pouco, sabe? — ela disse, jogando as sacolas no chão, como se isso fosse encerrar a discussão.

Mas meus olhos nunca deixaram os de Lívia. Eu podia sentir o medo e a confusão nela, mas também algo mais. Um toque de desafio. E isso só alimentava o fogo dentro de mim.

— Respirar? Você acha que pode sair daqui sem avisar, como se não estivesse sob minha proteção? — dei um passo à frente, sentindo o controle retornando ao meu tom. — Você esqueceu onde está? No que isso aqui se transformou?

Lívia abriu a boca para falar, mas hesitou. O que poderia dizer? Sofia, percebendo a tensão no ar, tentou intervir novamente, mas eu a cortei com um olhar. Ela sabia que quando eu estava assim, era melhor não insistir.

— Filipe, você está exagerando. Foi só um passeio, nada mais. — Lívia finalmente falou, tentando soar firme, mas eu podia ouvir a fragilidade em sua voz.

Aproximei-me mais, até estar perto o suficiente para sentir a tensão no ar ao nosso redor. Meus olhos percorriam cada linha de seu rosto, observando a forma como ela lutava contra o medo e o desconforto.

— Nada mais? — murmurei, meu tom se tornando mais sombrio. — Você realmente acredita que é assim tão simples? Não sou algum homem comum, Lívia. Você está em um mundo onde a fraqueza é explorada, onde a liberdade não é garantida. Eu não permito erros. Você me pertence, e você saberá o que isso significa.

Sofia se mexeu desconfortável, claramente incomodada com o rumo da conversa. Mas ficou em silêncio. Ela sabia que eu não iria recuar.

Lívia mordeu o lábio, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas. Eu sabia o que ela queria dizer, mas não importava.

— Você não pode me tratar como uma propriedade. — ela disse, sua voz baixa, mas cheia de uma mistura de medo e resistência. — Eu não sou uma peça do seu jogo, Filipe. Você pode pensar que controla tudo, mas eu sou uma pessoa, e você não pode me prender assim.

Senti o sangue ferver dentro de mim. Ela não entendia. Não sabia o que estava em jogo. Não era só sobre controle... era sobre protegê-la, mesmo que ela não quisesse admitir isso. Mas a escuridão dentro de mim gostava desse jogo de poder, gostava da ideia de vê-la submissa, aceitando que eu era quem determinava as regras.

— Você não tem escolha. — murmurei, meus olhos fixos nos dela, enquanto ela me desafiava. — Você vai aprender, eventualmente. O que é ser minha.

Lívia respirou fundo, tentando manter a calma. Ela não respondia, e o silêncio entre nós ficou ainda mais denso. Eu podia sentir o conflito crescendo dentro dela, a resistência que, mais cedo ou mais tarde, iria quebrar.

Sofia, que até então estava calada, deu um passo à frente, tentando aliviar a tensão.

— Filipe, pelo amor de Deus, para com isso. Ela só quer um pouco de liberdade, e você está agindo como se fosse o fim do mundo. — Sofia revirou os olhos, claramente frustrada.

Virei-me para ela, com um olhar severo.

— Isso não é brincadeira, Sofia. Você não sabe o que está em jogo aqui. Você nunca teve que lidar com o peso de uma responsabilidade como essa. — Eu disse friamente, o controle deslizando como uma lâmina afiada por minhas palavras. — Se ela sair de novo sem minha permissão, as consequências serão mais sérias do que um simples sermão.

Sofia suspirou e balançou a cabeça, mas não disse mais nada. Eu sabia que ela não concordava, mas também sabia que, no fundo, ela entendia o que estava em risco.

Minutos depois, subi para o quarto. Lá estava Lívia, sentada na cama, as sacolas jogadas ao lado. Ela nem sequer olhou para mim quando entrei. A tensão ainda estava entre nós, densa e palpável.

— Nós precisamos conversar. — falei, minha voz mais baixa agora, mas ainda carregada de um tom de comando.

Ela suspirou, olhando para mim com olhos cansados.

— Eu só queria um pouco de liberdade, Filipe. Não sou sua prisioneira. Você não pode esperar que eu viva assim. — disse ela, suas palavras misturando-se a um toque de desespero.

Eu me aproximei lentamente, sentindo o controle se firmar novamente.

— Liberdade? Você está sob minha proteção, Lívia. E isso tem um preço. Se você não aceitar isso, vai descobrir que meu controle não é algo que pode ser desafiado. — falei, me inclinando mais perto dela, deixando claro que, no fim, ela não teria escolha.

Ela mordeu o lábio, seu corpo tenso. Não respondeu, mas eu sabia que as palavras estavam gravadas em sua mente. No final, ela entenderia. Ela teria que entender.

---

Acordo Entre Sombras Onde histórias criam vida. Descubra agora