Capítulo 20 - Entre o Controle e o Desejo

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FILIPE BEAUMONT

Filipe estava sentado na beira da cama, a luz suave da manhã começava a invadir o quarto. Ele olhava para a janela, mas seus pensamentos estavam longe dali, concentrados em uma figura que agora ocupava mais espaço em sua vida do que ele gostaria de admitir: Lívia.

Desde a festa, algo havia mudado entre eles. Ele percebia, nos olhares dela, uma provocação silenciosa, um desafio que mexia com seu autocontrole. E Filipe sempre se orgulhara de ser um homem controlado, calculista. Mas com Lívia, ele sentia como se a linha entre o controle e o desejo estivesse se tornando perigosamente tênue.

A porta do quarto se abriu suavemente, e ele ouviu os passos leves dela. Ela estava ali. Lívia caminhou até ele, parando a alguns metros de distância. Filipe não precisou olhar para saber que ela o observava, esperando por algo. E então, ele falou, sem virar o rosto.

— Você está jogando comigo, Lívia? — perguntou Filipe, sua voz grave preenchendo o espaço. — Desde aquela festa, algo em você mudou. O que você quer de mim?

Lívia ficou em silêncio por um momento, mas Filipe podia sentir a tensão no ar.

— Eu? Jogando? — respondeu ela, finalmente, com um tom desafiador na voz. — Talvez seja você quem não consegue lidar com o que sente.

Filipe então se levantou, o silêncio entre eles carregado de uma eletricidade que parecia aumentar a cada segundo. Ele se aproximou, seus passos firmes, até que estivesse diante dela. Lívia, por sua vez, não recuou, o que só aumentou o fascínio de Filipe. Ela o encarava, com aquele brilho provocador nos olhos, como se o desafiando a ir mais longe.

— E o que você acha que eu sinto, Lívia? — Filipe perguntou, sua voz baixa, mas carregada de intensidade. — Acha que não percebo o que está tentando fazer? Que não vejo o quanto você quer me testar?

Lívia sorriu de canto, seus olhos brilhando com aquela mistura perigosa de inocência e atrevimento.

— Talvez eu só esteja entediada. — Ela deu de ombros. — Ou talvez eu esteja gostando da ideia de ver até onde você pode ir.

Filipe deu um passo à frente, seus olhos fixos nos dela. Ele podia sentir o calor da proximidade, a respiração dela suave e acelerada. Seus dedos roçaram de leve o braço dela, fazendo Lívia prender a respiração por um momento.

— Você não faz ideia do que está pedindo — disse Filipe, com um tom quase sombrio. — Está brincando com fogo, e fogo, Lívia, queima.

Lívia não se intimidou. Ao contrário, ela levantou o queixo, aproximando-se ainda mais, até que estivesse tão próxima que Filipe podia sentir o calor de sua pele.

— Talvez eu goste de me queimar — murmurou ela, os lábios quase tocando o rosto dele.

Filipe sentiu seu autocontrole vacilar. As palavras dela o atingiram em cheio, o desejo que ele tentava manter sob controle se agitando dentro dele, como uma fera que há muito estava presa e finalmente encontrava uma brecha para escapar.

— Cuidado com o que deseja, Lívia — ele advertiu, sua voz rouca, os olhos fixos nos dela. — Eu não sou o tipo de homem que se segura por muito tempo.

A proximidade entre eles era sufocante, mas ao mesmo tempo viciante. Filipe podia ver nos olhos dela a mesma luta interna que sentia. Era uma batalha silenciosa de vontades, onde nenhum dos dois queria ser o primeiro a ceder, mas ao mesmo tempo, nenhum conseguia se afastar.

Então, em um movimento lento, quase deliberado, Filipe ergueu a mão até o rosto dela, seus dedos traçando uma linha suave ao longo da mandíbula de Lívia. Ela fechou os olhos por um breve momento, mas logo os abriu novamente, encarando-o com a mesma intensidade de antes.

— E se eu não quiser que você se segure? — Lívia sussurrou, quase desafiando.

Filipe segurou o queixo dela com mais firmeza, inclinando a cabeça ligeiramente para o lado. A tensão no ar era palpável, quase como se o tempo tivesse desacelerado para os dois naquele momento.

— Você não sabe do que está falando — murmurou Filipe, seu olhar fixo nos lábios dela por um segundo antes de voltar para os olhos. — E quando descobrir, pode ser tarde demais.

Lívia, no entanto, não recuou. Ela se aproximou ainda mais, até que os lábios de ambos estivessem a um fio de distância.

— Tarde demais pra quê? — Ela sorriu de maneira provocante. — Pra você? Ou pra mim?

Filipe soltou uma risada baixa, mas sombria. Ele estava preso naquela mistura de desejo e controle, tentando decidir até onde iria.

— Para nós dois — ele disse, finalmente, com um tom definitivo.

Lívia ficou em silêncio, mas o olhar nos olhos dela era de pura determinação. E então, ela deu o último passo. Os lábios de Filipe encontraram os dela em um beijo profundo, intenso, que carregava toda a tensão que havia se acumulado entre eles.

Quando se afastaram, ambos estavam com a respiração pesada. Filipe a encarou, seu olhar carregado de uma mistura de fascinação e possessividade.

— Isso não vai ser fácil, Lívia — ele disse, a voz mais baixa, mais controlada agora. — Se você quiser seguir adiante, saiba que eu não vou te poupar.

Lívia, ainda sem fôlego, sorriu levemente.

— Quem disse que eu quero ser poupada?

Filipe a puxou para perto de novo, seu corpo quase colado ao dela.

— Então não diga que eu não te avisei.

Eles ficaram ali, naquele jogo de controle e desejo, sem saber aonde isso os levaria, mas ambos estavam dispostos a descobrir.

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