Capítulo 35: O Jogo Começou

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LÍVIA BIANCHI

O silêncio da biblioteca envolvia meus pensamentos enquanto eu folheava um livro que nem conseguia ler de verdade. Os eventos da noite anterior ainda reverberavam em minha mente, com a sombra das ameaças de De Luca pairando sobre mim. Qualquer ruído leve me fazia estremecer, e a segurança usual da mansão não parecia mais ser suficiente.

O som de passos pesados ecoou ao longo do corredor, e logo Filipe entrou na biblioteca, observando-me com uma expressão atenta, quase protetora.

— Você está bem? — ele perguntou, cruzando os braços enquanto me analisava com intensidade.

— Estou, só um pouco cansada — murmurei, desviando o olhar, tentando evitar qualquer reação que ele pudesse notar.

Ele se aproximou, claramente preocupado.

— Algo aconteceu na festa ontem? Desde então, você parece... tensa.

Olhei para ele, hesitante, antes de suspirar. — Encontrei De Luca. Ele insinuou coisas... sobre você. Disse que não poderia me proteger. Ele parecia querer me assustar.

A expressão de Filipe se transformou em pura raiva. Ele deu um passo para trás, os punhos cerrados e o olhar fixo no chão.

— Ele realmente acha que pode te intimidar assim? Isso não vai ficar assim — murmurou, num tom decidido.

Eu quis pedir que ele tivesse cuidado, mas antes que pudesse falar, Filipe já saía da biblioteca, decidido a lidar com De Luca. Fiquei onde estava, pensando no que ele poderia fazer.

Mais tarde naquela noite, enquanto andava pela cozinha em busca de algo para beber, ainda sentia a tensão no ar. Sabia que Filipe estava resolvendo as coisas, mas a ideia de que De Luca pudesse entrar na minha vida e me ameaçar daquele jeito ainda era inquietante. Havia seguranças posicionados em todo o perímetro da mansão, garantindo que nada nem ninguém perigoso pudesse entrar. E, ainda assim, uma sensação incômoda de vulnerabilidade permanecia comigo.

Caminhei até a janela, observando o pátio e o jardim iluminados pela luz das tochas, tentando me acalmar com a vista. No entanto, em um momento, senti uma presença atrás de mim e virei rapidamente. O coração disparou ao ver De Luca parado à porta, com aquele sorriso perturbador.

— Boa noite, senhorita — disse ele, com um tom tranquilo e cruel, avançando lentamente.

— Como você entrou aqui? Filipe tem segurança em todos os lados — consegui balbuciar, o coração martelando.

Ele riu, continuando a se aproximar. — Nada impede alguém determinado. E eu tenho um assunto inacabado com Filipe — ele respondeu, a voz tingida de ironia. — E você é a peça perfeita para resolver isso.

Fiquei congelada, e antes que pudesse reagir, ele deu um passo à frente, e tudo escureceu enquanto minha mente tentava acompanhar o que estava acontecendo.

...

Despertei com a cabeça latejando, a visão embaçada e o som de passos ecoando ao meu redor. Pisquei várias vezes, tentando me situar. Ao me dar conta, percebi que estava em um lugar estranho, escuro e úmido. Olhei ao redor, procurando alguma saída, mas a única coisa visível era uma cadeira velha no canto da sala, e De Luca encostado na parede, observando-me com um sorriso frio.

— Vejo que acordou, finalmente. Estava começando a achar que você fosse dormir o dia todo — disse ele, com uma risada curta.

Senti um arrepio de medo, mas mantive o rosto impassível, determinada a não lhe dar a satisfação de me ver abalada.

— O que você quer de mim? — perguntei, com a voz firme.

Ele me observou, ainda sorrindo. — Nada de você, Lívia. Eu só preciso que Filipe veja quem realmente manda neste jogo.

Meu coração disparou ao ouvir suas palavras. A angústia de estar nas mãos dele era quase insuportável, mas o que ele não sabia é que eu acreditava que Filipe faria de tudo para me encontrar.

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