Capítulo 34: Noite Sombria

5 0 0
                                    


LÍVIA BIANCHI


As horas se arrastaram depois daquele encontro perturbador com De Luca, e eu não conseguia relaxar, mesmo estando ao lado de Filipe. Aquela sensação de inquietação parecia pairar no ar, tornando cada detalhe da festa um pouco mais sombrio. Filipe me observava de perto, como se tentasse me proteger com seu próprio olhar.

Depois de alguns minutos, Filipe precisou se ausentar para discutir alguns assuntos de negócios com seus contatos. Eu me mantive na mesa, ainda tentando absorver o que ele havia dito. De Luca era perigoso... mas por quê? E por que parecia tão determinado a se aproximar de mim?

Senti uma mão em meu ombro e me virei, na esperança de ver Filipe, mas era Marta. Ela sorriu, tentando me acalmar.

— Tudo bem, querida? — perguntou, sua voz gentil como sempre.

— Sim... ou pelo menos acho que sim, Marta — murmurei, sem conseguir disfarçar a tensão.

Ela assentiu, compreendendo. — Se precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar.

Agradeci e observei Marta se afastar. Decidi então ir até o jardim para respirar um pouco de ar fresco. A noite estava fria, e o vento parecia cortar minha pele, mas ainda assim havia algo tranquilizador naquela escuridão lá fora.

Estava prestes a retornar para o salão quando senti uma presença atrás de mim.

— Está perdida? — A voz de De Luca ecoou na noite, grave e fria.

Meu coração disparou, e eu dei um passo para trás, tentando manter a calma. — Só estou aproveitando um pouco de ar fresco — respondi, forçando-me a não demonstrar o medo que me dominava.

De Luca deu um passo à frente, sorrindo de forma quase ameaçadora. — O ar fresco, claro. Mas você sabe que está em um ambiente perigoso, não sabe?

Tentei manter o tom firme. — Não sei do que está falando.

Ele riu suavemente, e o som me fez estremecer. — Sei que Filipe cuida bem de você, mas... em negócios como esses, nem sempre se pode confiar na proteção dos outros. Às vezes, é preciso cuidar de si mesmo.

Fiz menção de sair, mas ele deu um passo em minha direção, bloqueando minha passagem.

— Por que está me dizendo isso, De Luca? — perguntei, tentando afastar o desconforto.

Ele inclinou-se levemente para frente, sua voz baixa. — Porque, minha querida Lívia, às vezes é preciso abrir os olhos para a verdadeira natureza das pessoas. Você é uma joia rara, e alguns homens simplesmente não sabem como valorizar o que têm.

— Eu... eu realmente preciso voltar para a festa. — Minhas palavras saíram mais fracas do que eu pretendia, mas sua presença era sufocante, e o pânico estava prestes a tomar conta de mim.

Ele segurou meu braço com uma força controlada, impedindo-me de me afastar.

— De Luca, me solta. Agora. — A voz saiu firme, mas minha respiração estava acelerada, e o medo me deixava sem reação.

Ele finalmente me soltou, mas se inclinou e sussurrou próximo ao meu ouvido:

— Isso é só o começo, querida. Você ainda vai entender o que significa estar envolvida com alguém como Filipe.

Em seguida, ele se afastou, deixando-me sozinha no escuro. Tentei respirar, mas cada suspiro parecia preso na garganta.

Depois de alguns minutos, reuni forças para retornar ao salão. Cada passo era pesado, e sentia como se estivesse carregando um peso invisível. Encontrei Filipe do outro lado do salão, e, assim que ele me viu, veio até mim, o olhar preocupado.

— Está pálida, o que aconteceu? — ele perguntou, segurando minha mão.

Eu queria contar sobre o encontro com De Luca, mas as palavras pareciam congeladas na minha garganta. Apenas balancei a cabeça, tentando acalmar os pensamentos confusos.

— Nada... Só me sinto um pouco cansada, Filipe.

Ele me observou, desconfiado, mas assentiu, e senti a mão dele firmemente segurando a minha, como se quisesse me dar a segurança que eu precisava.

— Está segura comigo, Lívia. Sempre estará.

Mas, enquanto ele me guiava para longe dali, não conseguia afastar a sensação de que aquele era só o começo do perigo que nos cercava.

Acordo Entre Sombras Onde histórias criam vida. Descubra agora