Perspectiva de Mon
Passei o dia todo em casa com Sam, nos amarmos e aproveitando cada canto da casa para nos entregarmos uma à outra. Esse sábado acabou se tornando especial à nossa maneira. Depois de horas juntas, estamos agora tentando ajeitar a bagunça pela casa, rindo das coisas que derrubamos sem nem perceber, lembrando que nosso filho está prestes a chegar.
— Mon, acho que partimos uma perna da mesa de jantar. — Sam observa, balançando a mesa com uma expressão preocupada.
Dou uma risada leve.
— Bom, não vamos ter tempo de comprar outra agora. — Digo, gargalhando. — Hoje jantamos na sala.
— Pois é, vai ter que ser. — Ela responde, com seriedade, analisando a mesa como se quisesse ver se dava para consertá-la.
— E olha que nem podemos aquecer nada no micro-ondas. — Acrescento, rindo da situação.
— O que aconteceu com o micro-ondas? — Ela pergunta, confusa.
— Khun Sam, você derrubou tudo o que estava na bancada para o chão para me colocar nela. — Digo, ainda rindo. — Não reparou no estrondo que o micro-ondas fez ao cair?
— Ops, não. Estava concentrada em você. — Ela responde, sorrindo despreocupada.
De repente, a campainha toca, e eu dou uma última olhada ao redor, garantindo que arrumamos tudo o melhor possível antes de abrir a porta.
— Oi, Liz. Oi, Chai. — Digo, sorrindo mais do que deveria, com uma felicidade que parece impossível de esconder.
Chai entra e imediatamente fica sério, analisando a sala.
— Por que a casa está toda desarrumada? — Ele pergunta, parecendo um pouco incomodado.
Olho em volta e vejo que, apesar de tudo, está tudo em ordem. Coloco as mãos na cintura, tentando não rir.
— Chai, deixa de invenção, está tudo no lugar! — Respondo.
— Não, mãe. Está tudo num lugar, mas não no lugar onde estava quando eu saí. — Ele retruca, determinado. — Vou passar horas arrumando tudo de novo.
Ele suspira e começa a ajustar pequenos objetos de um lado para o outro, movendo um centímetro para cá, outro para lá. Dou uma última olhada para Liz.
— Obrigada por trazer ele de volta. Espero que tenham tido um dia bom. — Digo com um sorriso educado.
— Sim, foi bom. — Ela responde, mas com um olhar estranho. — Bom até demais, eu diria.
— Fico feliz por isso. — Digo, segurando a porta, meio sem saber se é a hora de nos despedirmos.
— Mon, você vai à inauguração do estúdio daqui a uns dias? — Ela pergunta, hesitante.
Me sinto um pouco desconcertada, mas como foi um projeto em que ajudei e que é tão importante para Liz, não vejo problema.
— Se quer que eu vá, eu irei. — Respondo, sorrindo.
— Boa. Ficaria muito feliz que você fosse. — Ela diz, com um brilho nos olhos.
— Bem, Liz. A gente se vê então, tá bom? Eu preciso cuidar do jantar agora. — Digo, tentando gentilmente encerrar a conversa.
— Não tem mais gente com mãos nessa casa? — Ela provoca.
Respiro fundo, controlando a irritação, e, antes que eu mesma diga algo que não devo, simplesmente fecho a porta.
— Está tudo bem, Mon? — pergunta Sam, observando enquanto eu bato a porta.
— Está. — Respondo, sorrindo para ela enquanto me aproximo. — Vou fazer uma comidinha para nós três, tá? Quer comer alguma coisa em especial?
— Especial? Já comi hoje. — Ela diz, com um sorriso safado.
Sorrio e dou um beijinho no nariz dela, antes de me virar para Chai.
— Filho, o que você quer comer? — Pergunto, tentando desviar a atenção dele da bagunça na casa.
— Por que a mesa de jantar está torta? — Ele pergunta, olhando com curiosidade.
— Eu fui contra ela. — Respondo rápido, tentando desviar a conversa. — Depois, compramos uma nova. O que você quer comer?
— Vamos comprar uma igual, certo? — Ele insiste, parecendo um pouco preocupado.
— Chai! Comida! — Repito, com um tom suave, tentando chamar a atenção dele.
— Bolonhesa. — Ele diz, ainda se concentrando em endireitar o que parece torto aos seus olhos. Me viro novamente para Sam e a beijo apaixonadamente, sentindo uma onda de carinho por ela.
— Toma conta dele. Eu amo vocês muito. — Digo, me afastando e seguindo para a cozinha para preparar o jantar.
Perspectiva de Sam
Mon se afasta e eu fico na sala observando Chai, que mexe milimetricamente em todos os objetos que derrubamos nas horas em que ele esteve ausente. O olhar concentrado dele me faz sorrir.
— Mãe. — Ele diz, ainda ajeitando algumas coisas. — Quem vai gerenciar a Diversity?
— Eu, filho. Por quê? — Pergunto, confusa com a repentina questão.
— E o que a mãe Mon vai ficar fazendo? — Ele continua, curioso.
— Vai ficar em casa um tempo. — Explico, tentando simplificar a situação.
Ele termina de ajeitar os objetos e se aproxima, segurando minha mão e me puxando até o sofá. Sempre que ele me toca, sinto meu corpo aquecer com seu gesto. Assim que nos sentamos, ele me olha com uma seriedade que me faz prestar atenção.
— Vai ter o dia das profissões na escola. — Ele explica, com um tom decidido. — Você tem que ir.
— E o que é o dia das profissões? — Pergunto, tentando entender.
— Os pais vão, explicam o que fazem no trabalho, fim. — Ele diz, resumindo rapidamente.
— Quando é? — Pergunto, interessada.
— Amanhã. — Ele responde, com a certeza de quem não está disposto a negociar. — Você tem que falar direito, ir bonita e pôr sua melhor cara de chefe.
— É a única cara que tenho, filho. — Digo, um pouco confusa com a exigência.
— Não. Quando você olha para mim, faz cara de boba. Quando olha para a mãe, faz cara de quem está tendo problemas sérios de cabeça... Use a cara com que olha para a tia Jim, pode ser?
— Combinado. — Digo, não conseguindo esconder o sorriso que se forma nos meus lábios. — Mas não prefere que vá sua mãe Mon?
— Nem pensar! É sempre uma vergonha. Ela fica falando imenso, leva doces para os meus colegas... — Ele me olha muito sério, como se a situação fosse uma questão de vida ou morte. — Mãe, uma vez ela me deu um beijo na bochecha na frente da turma toda. Ainda hoje me chamam de menino da mamãe.
— Pois, você tem razão. Às vezes ela é muito exagerada. — Digo, tentando conter o sorriso. — Prometo que irei com minha melhor cara!
— Cara de Sam! — Ele diz, com um ar triunfante. — É o que a mãe chama à minha cara às vezes.
— Encare sempre como um elogio, filho. — Respondo, tentando passar a confiança que quero que ele sinta.
— Não estou certo de que ela esteja sempre usando isso para elogiar. — Ele diz, indignado.
Olho para ele, feliz por ele me convidar para o seu evento na escola. Tenho que me conter para não esmagá-lo com abraços e beijos. Até que, de repente, ele encosta a cabeça no meu braço.
— Meus colegas vão morrer de inveja da minha mãe. — Ele diz pensativo, como se a minha ida fosse mais um plano de vingança dele do que qualquer outra coisa.
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Mon & Sam - Viúva Por Engano
FanfictionApós uma viagem de negócios, logo após sua lua de mel, o avião onde Sam estava cai no oceano, deixando Mon devastada. Os anos seguintes são de um luto profundo, mas, depois de muito sofrimento e superação, Mon começa a reconstruir sua vida e encontr...