Capítulo 24

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Perspectiva de Mon

Passei o dia todo em casa com Sam, nos amarmos e aproveitando cada canto da casa para nos entregarmos uma à outra. Esse sábado acabou se tornando especial à nossa maneira. Depois de horas juntas, estamos agora tentando ajeitar a bagunça pela casa, rindo das coisas que derrubamos sem nem perceber, lembrando que nosso filho está prestes a chegar.

— Mon, acho que partimos uma perna da mesa de jantar. — Sam observa, balançando a mesa com uma expressão preocupada.

Dou uma risada leve.

— Bom, não vamos ter tempo de comprar outra agora. — Digo, gargalhando. — Hoje jantamos na sala.

— Pois é, vai ter que ser. — Ela responde, com seriedade, analisando a mesa como se quisesse ver se dava para consertá-la.

— E olha que nem podemos aquecer nada no micro-ondas. — Acrescento, rindo da situação.

— O que aconteceu com o micro-ondas? — Ela pergunta, confusa.

— Khun Sam, você derrubou tudo o que estava na bancada para o chão para me colocar nela. — Digo, ainda rindo. — Não reparou no estrondo que o micro-ondas fez ao cair?

— Ops, não. Estava concentrada em você. — Ela responde, sorrindo despreocupada.

De repente, a campainha toca, e eu dou uma última olhada ao redor, garantindo que arrumamos tudo o melhor possível antes de abrir a porta.

— Oi, Liz. Oi, Chai. — Digo, sorrindo mais do que deveria, com uma felicidade que parece impossível de esconder.

Chai entra e imediatamente fica sério, analisando a sala.

— Por que a casa está toda desarrumada? — Ele pergunta, parecendo um pouco incomodado.

Olho em volta e vejo que, apesar de tudo, está tudo em ordem. Coloco as mãos na cintura, tentando não rir.

— Chai, deixa de invenção, está tudo no lugar! — Respondo.

— Não, mãe. Está tudo num lugar, mas não no lugar onde estava quando eu saí. — Ele retruca, determinado. — Vou passar horas arrumando tudo de novo.

Ele suspira e começa a ajustar pequenos objetos de um lado para o outro, movendo um centímetro para cá, outro para lá. Dou uma última olhada para Liz.

— Obrigada por trazer ele de volta. Espero que tenham tido um dia bom. — Digo com um sorriso educado.

— Sim, foi bom. — Ela responde, mas com um olhar estranho. — Bom até demais, eu diria.

— Fico feliz por isso. — Digo, segurando a porta, meio sem saber se é a hora de nos despedirmos.

— Mon, você vai à inauguração do estúdio daqui a uns dias? — Ela pergunta, hesitante.

Me sinto um pouco desconcertada, mas como foi um projeto em que ajudei e que é tão importante para Liz, não vejo problema.

— Se quer que eu vá, eu irei. — Respondo, sorrindo.

— Boa. Ficaria muito feliz que você fosse. — Ela diz, com um brilho nos olhos.

— Bem, Liz. A gente se vê então, tá bom? Eu preciso cuidar do jantar agora. — Digo, tentando gentilmente encerrar a conversa.

— Não tem mais gente com mãos nessa casa? — Ela provoca.

Respiro fundo, controlando a irritação, e, antes que eu mesma diga algo que não devo, simplesmente fecho a porta.

— Está tudo bem, Mon? — pergunta Sam, observando enquanto eu bato a porta.

— Está. — Respondo, sorrindo para ela enquanto me aproximo. — Vou fazer uma comidinha para nós três, tá? Quer comer alguma coisa em especial?

— Especial? Já comi hoje. — Ela diz, com um sorriso safado.

Sorrio e dou um beijinho no nariz dela, antes de me virar para Chai.

— Filho, o que você quer comer? — Pergunto, tentando desviar a atenção dele da bagunça na casa.

— Por que a mesa de jantar está torta? — Ele pergunta, olhando com curiosidade.

— Eu fui contra ela. — Respondo rápido, tentando desviar a conversa. — Depois, compramos uma nova. O que você quer comer?

— Vamos comprar uma igual, certo? — Ele insiste, parecendo um pouco preocupado.

— Chai! Comida! — Repito, com um tom suave, tentando chamar a atenção dele.

— Bolonhesa. — Ele diz, ainda se concentrando em endireitar o que parece torto aos seus olhos. Me viro novamente para Sam e a beijo apaixonadamente, sentindo uma onda de carinho por ela.

— Toma conta dele. Eu amo vocês muito. — Digo, me afastando e seguindo para a cozinha para preparar o jantar.

Perspectiva de Sam

Mon se afasta e eu fico na sala observando Chai, que mexe milimetricamente em todos os objetos que derrubamos nas horas em que ele esteve ausente. O olhar concentrado dele me faz sorrir.

— Mãe. — Ele diz, ainda ajeitando algumas coisas. — Quem vai gerenciar a Diversity?

— Eu, filho. Por quê? — Pergunto, confusa com a repentina questão.

— E o que a mãe Mon vai ficar fazendo? — Ele continua, curioso.

— Vai ficar em casa um tempo. — Explico, tentando simplificar a situação.

Ele termina de ajeitar os objetos e se aproxima, segurando minha mão e me puxando até o sofá. Sempre que ele me toca, sinto meu corpo aquecer com seu gesto. Assim que nos sentamos, ele me olha com uma seriedade que me faz prestar atenção.

— Vai ter o dia das profissões na escola. — Ele explica, com um tom decidido. — Você tem que ir.

— E o que é o dia das profissões? — Pergunto, tentando entender.

— Os pais vão, explicam o que fazem no trabalho, fim. — Ele diz, resumindo rapidamente.

— Quando é? — Pergunto, interessada.

— Amanhã. — Ele responde, com a certeza de quem não está disposto a negociar. — Você tem que falar direito, ir bonita e pôr sua melhor cara de chefe.

— É a única cara que tenho, filho. — Digo, um pouco confusa com a exigência.

— Não. Quando você olha para mim, faz cara de boba. Quando olha para a mãe, faz cara de quem está tendo problemas sérios de cabeça... Use a cara com que olha para a tia Jim, pode ser?

— Combinado. — Digo, não conseguindo esconder o sorriso que se forma nos meus lábios. — Mas não prefere que vá sua mãe Mon?

— Nem pensar! É sempre uma vergonha. Ela fica falando imenso, leva doces para os meus colegas... — Ele me olha muito sério, como se a situação fosse uma questão de vida ou morte. — Mãe, uma vez ela me deu um beijo na bochecha na frente da turma toda. Ainda hoje me chamam de menino da mamãe.

— Pois, você tem razão. Às vezes ela é muito exagerada. — Digo, tentando conter o sorriso. — Prometo que irei com minha melhor cara!

— Cara de Sam! — Ele diz, com um ar triunfante. — É o que a mãe chama à minha cara às vezes.

— Encare sempre como um elogio, filho. — Respondo, tentando passar a confiança que quero que ele sinta.

— Não estou certo de que ela esteja sempre usando isso para elogiar. — Ele diz, indignado.

Olho para ele, feliz por ele me convidar para o seu evento na escola. Tenho que me conter para não esmagá-lo com abraços e beijos. Até que, de repente, ele encosta a cabeça no meu braço.

— Meus colegas vão morrer de inveja da minha mãe. — Ele diz pensativo, como se a minha ida fosse mais um plano de vingança dele do que qualquer outra coisa.

Mon & Sam - Viúva Por EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora