Mon & Sam - Viúva Por Engano

Capítulo 29

Perspectiva de Sam

Subo atrás de Mon, mas assim que chego ao quarto, ela me fecha a porta na cara. Respiro fundo, lutando para manter a calma.

— Posso entrar, Mon? — pergunto, tentando controlar a ansiedade na voz.

— Não — ela responde com firmeza, e logo ouço o som dela se jogando na cama.

— Mon, o que você quer que eu faça? — questiono, confusa, sem saber como acalmar o furacão que criei entre nós.

— Que você fique aí... mas que não vá embora — ela responde, sua voz ecoando uma mágoa.

Suspiro, sentando-me no chão, encostada na porta do quarto. Um peso toma conta de mim enquanto penso em tudo que aconteceu. Eu nunca deveria ter duvidado dela, nunca deveria ter deixado que qualquer pessoa ou situação colocasse essa insegurança dentro de mim. Eu sabia que Mon estava em outra relação na época... e ainda assim, a ideia dela estar grávida de mim parecia tão louca, tão difícil de aceitar. Mas ela precisava entender que a dúvida era, infelizmente, uma reação humana. Qualquer um duvidaria, certo? Tento me convencer disso, mas a culpa continua a me corroer.

Os minutos se arrastam até que meu celular começa a apitar.

"Estou mandando mensagens pra mãe e ela não responde." — É Chai.

"Estou em casa com ela, filho. Você devia estar prestando atenção nas aulas."

"Fala pra ela comer os morangos. São 10 da manhã. Hora dos morangos. Explica que têm vitamina C, fibras e antioxidantes e que ajudam no sistema imunológico, na pele e nos ossos do meu irmão. Sei que ela não vai ler nenhum dos papéis que deixei explicando isso, então diga você."

Sorrio ao ler a mensagem, o cuidado e a preocupação de Chai aquecendo meu coração. Passo um tempo relendo a mensagem, o carinho dele me fazendo sorrir, mesmo em meio à tensão.

"Mãe, são 10h02. Já falou pra ela?"

Dou uma risadinha, surpresa com a insistência dele, e bato suavemente na porta do quarto de Mon.

— Mon, você precisa comer morangos — digo com um toque de carinho na voz, esperando que ela me ouça.

— Fique aí, mas em silêncio! — ela murmura, irritada.

"Mãe, já são 10h04. Ela já comeu?"

Seguro o riso e tento de novo.

— Seu filho quer que você coma morangos — insisto. — Algo sobre antioxidantes e ossos.

Ouço um movimento do outro lado, e logo Mon abre a porta. Sem sequer olhar para mim, ela desce direto em direção à cozinha, ignorando minha presença. Pego o celular e mando outra mensagem para Chai.

"Ela está indo comer os morangos, Chai."

"Com 5 minutos de atraso! Agora vou ter que ajustar os horários todos 5 minutos para a frente."

Respiro fundo, admirando a seriedade de Chai. Ele é tão exigente que, por vezes, chega a ser complicado. Levanto-me e sigo Mon até a cozinha, onde ela começa a remexer nos sacos que Yuki trouxe, lavando os morangos como se eu não estivesse ali.

— Quer que eu lave para você? — pergunto, me oferecendo para ajudar.

Ela permanece em silêncio, lavando e em seguida sentando-se na bancada, comendo os morangos sem olhar para mim.

— Como você está se sentindo? Conseguiu dormir bem? — tento puxar conversa, buscando qualquer brecha que me permita aliviar o clima tenso entre nós.