Capítulo 10

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Perspectiva de Sam

Quando acordo de manhã, a primeira coisa que vejo é Mon, toda torta, adormecida no cadeirão do quarto de hóspedes. Respiro fundo, o coração apertado ao vê-la assim, e me levanto devagar da cama. Vou até ela, me agachando ao seu lado, e toco levemente em seu braço. Sua pele é tão macia... tão familiar. A saudade que senti dela esses anos todos parece transbordar de mim nesse toque.

— Mon, amor, acorda — murmuro baixinho, a voz carregada de carinho.

Ela desperta, assustada, esfregando os olhos com pressa, tentando se situar.

— Você dormiu aqui, sentada? — pergunto, confusa e um pouco preocupada.

— Desculpa — ela responde, ainda esfregando os olhos, claramente exausta.

— Você não tem que pedir desculpa. Mas desse jeito você não deve ter dormido nada — digo, afastando seu cabelo do rosto, revelando seus traços suaves e ainda sonolentos. — Vamos, levanta. Vai se deitar um pouco mais, senão vai passar o dia toda dolorida.

Ela apenas me olha, sonolenta, e estende os braços em minha direção, com a mesma vulnerabilidade de uma criança pequena, olhos ainda pesados de sono e soltando um longo bocejo. Dou um pequeno sorriso, aquele sorriso que ela sempre me arrancava, e a pego no colo. Seus braços se enroscam em volta do meu pescoço, e suas pernas se entrelaçam na minha cintura. Acaricio suas costas, e a levo até a cama, deitando-a com cuidado. Arrumo o travesseiro e a cubro com o lençol, agachando-me ao seu lado na cama. Seus olhos vão se fechando novamente.

— Te amo tanto, meu bebêzinho — sussurro, passando a mão suavemente em seu rosto. — Eu sei que você está com tanto medo de que eu vá embora de novo, mas dessa vez eu não vou, Mon. Eu não vou.

Ela boceja, e por um momento parece mesmo um bebê sonolento, perdido no cansaço acumulado.

— Deita só um pouco aqui comigo — ela murmura, quase sem forças, sua voz fraca e suave.

Dou a volta na cama e me deito ao seu lado, envolvendo-a em meus braços, formando uma concha ao redor do seu corpo. Sinto o calor dela junto a mim, uma sensação que, depois de tantos anos, parece a coisa mais natural do mundo. Mas, em um instante, ela se vira para mim, puxando-me para mais perto, enfiando o rosto em meu peito e me abraçando com força. Não demora para que seu corpo relaxe, e eu logo ouço sua respiração se acalmar até começar a roncar suavemente.

— Você deve ter sofrido tanto, meu amor... eu também sofri — murmuro, mesmo sabendo que ela está dormindo e talvez não me ouça. — Mas agora, não vamos mais sofrer. Não precisa mais carregar tudo sozinha, eu vou cuidar de tudo para você. Agora você pode finalmente descansar.

A lembrança da nossa conversa de ontem me invade a mente. Sobre a empresa, sobre as contas. Ver Mon tão preocupada, tão aflita com algo que eu sempre cuidei... mexeu comigo. Ela realmente fez um trabalho extraordinário. Sozinha, conseguiu não apenas gerir a Diversity, mas também levá-la ao sucesso, enquanto cuidava do nosso filho, do nosso Chai. Minha esposa é forte, é a mulher mais incrível que eu já conheci. Mas agora é a minha vez de estar ao lado dela, de assumir o que eu deixei para trás. Ela merece uma folga, uma chance de se apoiar em alguém.

— Eu estou aqui agora, Mon. Dessa vez, é pra sempre.

Perspectiva de Mon

Acordo e vejo meu rosto encostado ao peito de Sam, minhas mãos apertando o tecido da sua camisola. Levanto os olhos devagar, e ela está ali, me olhando de volta com aquele mesmo olhar suave e amoroso.

— Conseguiu descansar? — ela pergunta, com uma voz suave que traz memórias antigas, despertando sentimentos que eu tentei enterrar.

Solto-a rapidamente, sentindo uma onda de constrangimento me invadir. Sento-me na cama, virando de costas para ela e levando as mãos à cabeça. A realidade bate de repente: tenho uma namorada, mas Sam... ela é minha esposa, sempre foi.

Mon & Sam - Viúva Por EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora