Capítulo 47

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Perspectiva de Mon

Dois meses já haviam se passado desde que comprei a primeira casa que visitei com Chai e Sam, e nos mudamos oficialmente para ela. Aos poucos, tenho transformado o espaço para ficar do meu jeito, e sinto um orgulho imenso de como tudo está ficando. Investi bastante no quarto de Chai, mas depois de uma boa dose de insistência, Sam acabou ajudando com a compra dos móveis dele. Agora, o quarto de Chai é um lugar confortável e bem decorado, onde ele gosta de passar boa parte do tempo.

No que diz respeito a mim e a Sam... Bem, no fundo, estamos namorando. Após a loucura inicial de considerarmos ter mais um filho, decidimos frear um pouco e ir com calma. Ela ainda assume a tarefa de levar e buscar nosso filho na escola, mas muitos dias termina jantando aqui em casa e, diversas vezes, dorme comigo. Na verdade, se parar para pensar, já faz mais de uma semana que ela não sai da minha casa.

Hoje estou voltando do trabalho, depois de me atrasar um pouco no escritório. Assim que coloco a chave na porta, já consigo ouvir as vozes de Sam e Chai dentro de casa.

— Ela nunca mais vai sair daqui — murmuro, sorrindo comigo mesma.

Ao abrir a porta, vejo os dois de avental na cozinha, discutindo em frente ao fogão.

— Mãe, está aqui na receita, é sal a gosto! — Chai diz a Sam, com uma certa impaciência.

— E você acha que eu sei o que é "a gosto"? — ela responde, parecendo confusa.

— Deve ser duas ou três pitadas... — ele arrisca, e já imagino que vou acabar comendo algo muito insonso.

— Boa noite! — cumprimento, fechando a porta atrás de mim.

— Não olha, Mon! — diz Sam, rapidamente se posicionando na frente do fogão. — Estamos fazendo um jantar surpresa para você!

Não consigo conter uma risada e deixo minha bolsa no chão.

— Então vou tomar um banho enquanto vocês terminam — digo, sugerindo.

— Banho sem mim? — Sam pergunta, com um ar de tristeza.

— Nem tudo se pode ter nessa vida — respondo, piscando para ela antes de seguir para o banheiro.

Enquanto tomo meu banho, ouço a discussão dos dois continuando, e começo a me preparar mentalmente para ter que fingir gostar de uma refeição que provavelmente estará mal cozinhada. Ao sair, vejo que Sam está colocando uma panela na mesa; ela ainda está de avental, com o cabelo preso em um coque, o que a deixa irresistivelmente charmosa. Aproximo-me dela para beijá-la, mas o cheiro da comida no tacho me faz hesitar.

— Senta, Mon. Vamos comer — diz ela, sorrindo.

Respiro fundo e me sento à mesa. Sam tira o avental e senta ao lado de Chai, nos servindo com entusiasmo. Os dois me observam, esperando que eu prove a primeira garfada. Assim que coloco a comida na boca, percebo o desastre: o sabor está realmente horrível. Faço um esforço monumental para não demonstrar minha reação.

— Está bom, Mon? Fiz com muito amor — Sam diz, colocando a mão sobre a minha.

Balanço a cabeça em concordância, mas ainda sem conseguir engolir. Nesse instante, Chai coloca uma garfada generosa na boca e imediatamente cospe a comida no prato.

— Que nojo! — exclama ele.

Sam parece horrorizada, então experimenta uma garfada e também cospe rapidamente.

Aliviada, aproveito a deixa para cuspir discretamente minha porção no guardanapo.

— Por que não me avisou que estava ruim? — ela me pergunta, indignada.

— Você disse que fez com muito amor, então faltou coragem para reclamar — respondo, tomando um gole d'água para disfarçar o gosto ruim. — Mas, afinal, qual era a intenção com esse jantar? Nunca te vi cozinhar antes.

— Ainda bem! — Chai se apressa a dizer. — Nunca mais, por favor!

— Ótimo, agora quebrou todo o clima! — Sam resmunga, cruzando os braços.

— Nada de estragar o momento, mãe. Só a comida que não deu certo — Chai diz, tentando animá-la. — Vai em frente, força!

Sam suspira, pega minha mão e começa a falar.

— Mon, não sei se você percebeu, mas não consigo sair desta casa. Já faz dias que estou aqui direto — ela diz.

— Percebi — respondo, sorrindo. — Aliás, deveria trazer mais roupas. Você está usando mais as minhas do que as suas.

— Mãe, quieta, deixa a mãe Sam falar! — Chai ralha, impaciente.

Sam continua, os olhos cheios de emoção.

— Mon, aqui é onde você está. Onde nosso filho está. Voltar para minha casa, para o palácio vazio, sem vocês, não faz sentido para mim. Minha família está aqui. Eu quero estar com a minha família.

— Você quer morar conosco, Khun Sam? — pergunto, sorrindo.

— Quero que nos casemos de novo, Mon — ela responde, com um brilho nos olhos.

Sam faz sinal para Chai, que lhe entrega uma pequena caixa. Em seguida, ela se ajoelha diante de mim, abrindo a caixinha.

— Mon, casa comigo.

— Sim, mãe, casem! — Chai exclama, me arrancando um sorriso.

— Khun Sam... — começo a falar.

— Sem "Khun Sam" agora, mãe — Chai me interrompe, cheio de expectativa. — Aceita logo!

— Khun Sam, é claro que eu aceito — respondo, com o coração acelerado.

Sam abre um enorme sorriso, pega a linda aliança e coloca no meu dedo. Ela se aproxima para me beijar, mas é interrompida quando nosso filho se joga em cima de nós, fazendo-nos rir.

— Chai, deixa eu beijar sua mãe! — Sam diz, tentando afastá-lo, brincando.

— Beijem depois! — ele diz, apertando-nos num abraço. — Finalmente!

O abraço de Chai é apertado, transbordando de felicidade. Quem vê pensa que ele é fã de abraços, mas logo ele se solta.

— Agora que vão morar juntas de novo, vou pro meu quarto fazer novos horários pra nossa casa! — ele diz, saindo correndo.

Assim que ele sai, Sam e eu nos levantamos, coloco meus braços em volta do pescoço dela, e as mãos dela pousam na minha cintura. Nos beijamos apaixonadamente. Quando o beijo termina, olho fundo em seus olhos.

— Para sempre? — pergunto, emocionada.

— Para sempre. Todos os dias — ela responde, sorrindo.

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⏰ Última atualização: Nov 05 ⏰

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Mon & Sam - Viúva Por EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora