Capítulo 18

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Perspectiva de Sam

Aquele abraço que Chai deu a Liz, sem ela nem sequer pedir, foi a visão mais dolorosa que eu já tive. Ainda não pude abraçar meu filho, tocar seus cabelos, cheirá-lo, beijá-lo... ele me nega, e com ela, ele simplesmente se joga. Aquela mulher teve minha esposa e teve meu filho; ela os conquistou e eu fiquei para trás.

— Chai, mas você gosta mais quando eu dirijo. — Digo, tentando encontrar alguma esperança para que ele aceite vir comigo.

Ele vira seu rostinho para Mon, agora mais calmo, ainda sentado ao lado dela no chão.

— Me leva para a escola. Quero ir para a escola. — Ele pede, batendo o beicinho, com um ar de determinação.

Mon olha para mim, suspira, e se levanta com ele devagar, mantendo sua mão carinhosamente firme.

— Vamos, filho. — Ela diz com um sorriso encorajador mas um olhar triste. — Khun Sam, eu já volto, me espera.

— Mon, me deixa ir com vocês. — Imploro, tentando não transparecer o desespero que sinto. — Eu quero ir com vocês.

— Mas eu não quero! — Chai grita para mim, num tom de rejeição que aperta meu coração.

— Khun Sam, por favor... eu sei que está te machucando, mas me espera aqui. Vou levar nosso filho, já venho. — Diz ela, segurando a mão dele com calma, e sai da casa com Chai ao seu lado.

Ouço Duanpen arrancar lá fora, e a fúria, o medo e o ciúme explodem dentro de mim. Começo a chutar tudo o que encontro pela sala, derrubo o abajur ao lado do sofá enquanto penso em Chai pedindo pelo retorno de Liz. Viro as revistas na mesa de centro, com a lembrança do meu filho dizendo que não gosta de mim. Depois de algum tempo de puro descontrole, meu celular começa a tocar.

— O que é? — Pergunto, ainda tomada pela irritação.

— Bom dia, estúpida. Primeiro, vamos manter a calma, sim? — A voz de Jim soa no outro lado da linha.

— O que você quer? — Pergunto com rispidez.

— Quero falar com você. Mon acabou de deixar o Chai e me contou o que aconteceu. — Ela diz em tom sério.

— Então ela te contou que meu próprio filho ficou aqui gritando pela outra? — Pergunto, ressentida.

— Ela também me contou que você gritou com o Chai, Sam. Mon já tinha te falado que não podia simplesmente afastar Liz da vida do Chai de um dia para o outro, não falou? — Jim responde, tentando, ao que parece, defender aquela mulher.

— Não é isso, Jim! Chai a abraçou! Ele a abraçou! — Respondo, a frustração evidente em minha voz.

— Claro que sim, Sam. Ele conhece Liz há dois anos e conhece você há cinco minutos. — Ela diz, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Mas eu sou a mãe dele! — Resmungo, ainda furiosa.

Do outro lado, ouço Jim suspirar fundo, claramente preparando-se para me dar mais uma de suas lições de moral.

— Mon me contou que você cuidou do seu filho essa manhã. — Ela diz.

— Nem toquei nele! Ele não me deixa! — Digo, sentindo que tudo o que faço nunca é o suficiente.

— Sam, minha boca caiu quando Mon me disse isso. Eu conheço Chai desde que ele era bebê, e ele nunca me deixou tocá-lo. — Ela explica.

— Grande coisa você não poder tocar meu filho! Talvez seu perfume seja enjoativo demais para ele. — Retruco, irritada.

Mon & Sam - Viúva Por EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora