Capítulo 46

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Perspectiva de Mon

Na manhã seguinte, Sam veio buscar Chai para levá-lo à escola, e eu saí junto com ele, não sem antes me encher de perfume — um exagero proposital. Assim que saio de casa para cumprimentar Sam, vejo Chai começando a tossir ao meu lado.

— Mãe, você praticamente despejou o frasco de perfume inteiro em cima de você! — ele reclama, tapando o nariz.

Ignoro o comentário e vou até Sam, sem lhe dar tempo de reação. Abraço-a com força e dou-lhe um beijo demorado na boca, marcando minha presença.

— Bom dia... — Sam diz, sorridente com o meu cumprimento.

— Mãe, solta a mãe Sam! — Chai exige, emburrado. — Agora ela vai ficar toda perfumada e eu vou ter que ir no carro com a janela aberta.

— Realmente, Mon, seu perfume explodiu nas suas mãos? — Sam me pergunta, com um olhar confuso.

— Ah, agora você não gosta mais do meu perfume? — pergunto, irritada.

— Gosto, claro que gosto! — ela responde, hesitante.

A puxo para perto novamente, garantindo que ela saia dali completamente impregnada com o meu cheiro. Quero que passe a manhã inteira no escritório sentindo meu perfume. Enquanto a abraço, dou um leve beijo em seu pescoço, deixando ali uma marca discreta do meu batom vermelho. Em seguida, ajeito a roupa dela com um sorriso satisfeito.

— Tenho que ir — digo, satisfeita. — Bom trabalho.

— Pra você também, Mon — ela responde, sorrindo.

— E boa escola pra mim, né? — resmunga Chai.

Me abaixo para dar um beijo nele, mas ele logo se afasta, fazendo careta.

— Nem pensar! Não quero sair cheirando tanto perfume assim — diz ele, correndo em direção a Duanpen.

Despeço-me dos dois e sigo para o ponto de ônibus, ansiosa pelo dia. No trabalho, mal consigo me concentrar, sempre olhando o relógio. Quando dá 11h30, saio quase correndo, pego um táxi e me recuso a chegar atrasada à Diversity. Antes de entrar, paro em um restaurante que sei que Sam adora e peço algo especial para levar. Assim que chego na Diversity, vários funcionários me cumprimentam, atrasando meu plano.

— Yha, onde está Khun Sam? — pergunto, tentando disfarçar a pressa.

— No escritório, Mon, mas ela está em reunião — responde.

— Perfeito! — digo, avançando até a porta.

— Mon, ela está em reunião... — Yha insiste, preocupada.

Lanço-lhe um olhar sério.

— E daí? Vai me impedir de entrar?

— De jeito nenhum! — ela responde, visivelmente desconcertada.

Dou um último retoque, ajeitando o cabelo, alisando a saia justa e desapertando mais um botão da camisa. Respiro fundo e entro sem bater.

— Mon... — Sam exclama ao me ver. — Estou em reunião.

Olho para a cadeira à sua frente e, para minha irritação, lá está Emma. Aquela garota atrevida não deve ter nem 25 anos. Ridículo! Seu vestido é curto e provocante, e preciso respirar fundo para não perder o controle. Ignorando-a, vou até Sam e vejo uma caixa de bolos sobre a mesa. Fecho a caixa com força.

— Esta é a hora de comer doces? — pergunto, quase numa bronca.

— Foi a Emma que trouxe, não ia recusar. São deliciosos, quer um? — ela diz, apontando para a caixa.

Coloco o saco com a refeição bem em frente a Sam.

— Trouxe seu almoço. Comida de verdade — digo, de forma ríspida. — Hora de comer direito.

Sam olha para o saco com surpresa e começa a abrir, animada.

— Não vai me cumprimentar? — questiono, irritada com sua distração.

Ela me olha, meio confusa, e depois lança um olhar de pedido de socorro para Emma. Sem paciência, me abaixo e viro o rosto dela para mim, dando-lhe um beijo longo e firme, bem à vista da outra.

— Mon, estamos em reunião... — Sam tenta protestar com minha boca ainda na dela.

Ignoro, e, ao me afastar, volto a encarar Emma.

— Pode sair. Continuem a reunião depois — ordeno, sem rodeios, apontando a porta.

Emma se levanta, com o rosto surpreso e confuso, e sai sem dizer nada. Suspiro aliviada e olho para Sam, que parece mais interessada na comida que eu trouxe do que em mim. Sério? Minha saia é mínima, minha blusa aberta, e ela está focada na comida? Irritada, pego o saco de comida da frente dela.

— Vai me olhar ou não? — pergunto, desafiadora.

Ela se vira, me olhando com aquele típico ar confuso.

— Desculpa, Mon, é que... tô com muita fome mesmo — responde, meio envergonhada.

Com um movimento brusco, jogo o saco de comida no lixo ao lado da sua mesa. Sam arregala os olhos, chocada. Ainda com o rosto sério e irritado, me sento no colo dela.

— Se está com fome, estou aqui — digo, tentando chamar sua atenção.

— Mon, você está bem? — ela pergunta, colocando a mão na minha testa, preocupada.

— Claro, mas parece que você só tem olhos para a sua nova estagiária, não é? — digo, indignada. — Nem reparou na minha roupa.

— Eu vi sua roupa de manhã, Mon — ela responde, séria. — Não gostei de saber que você vai trabalhar assim, com uma roupa tão curta.

— Vesti assim por sua causa, sua idiota! — retruco, cruzando os braços.

— Por minha causa? — Ela sorri, me puxando para um abraço.

Ouço o estômago dela roncando de fome e suspiro, percebendo que, de fato, ela estava faminta.

— Então me diz, você acha graça naquela garota? — pergunto, tentando disfarçar o receio na voz.

— Na Emma? — Sam pergunta, surpresa.

— Tem outra, por acaso? — replico, séria.

— Mon, claro que não. Só tenho olhos pra você — ela diz, com uma calma que me desarma.

Olho para Sam, ainda desconfiada, e aponto para o abdômen dela, com um olhar decidido.

— Vou colocar um bebê aí dentro. E ele vai nascer com a minha cara — afirmo, determinada.

Ela me puxa pelo rosto e me beija, forte, até que ouvimos o estômago dela roncar novamente, me fazendo rir. Me afasto.

— Vou buscar outra refeição pra você — digo, com um misto de pena e carinho pela fome dela.

— Eu como você, Mon — ela diz, me apertando em seus braços.

— Estou menstruada, Khun Sam. Vai ter que esperar para outro dia — digo, levantando-me com um sorriso travesso. — E nada de comer bolos no almoço. Você vai começar a se alimentar direito se quiser carregar meu filho aí dentro.

Mon & Sam - Viúva Por EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora