Capítulo 45

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Perspectiva de Mon

Sentar com Sam e Chai naquele jardim era um conforto raro e precioso. Eu estava ali, entre as pernas de Sam, com Chai entre as minhas, num círculo de calor e familiaridade que há muito tempo não sentia. Deslizava os dedos nos cabelos do nosso filho, enquanto Sam me enchia o rosto de beijos suaves. Chai parecia alheio à intimidade, achando natural esse carinho compartilhado, o que me dava a oportunidade de aproveitar cada segundo daquele momento, sentindo o aperto dos braços dela ao meu redor.

Então, Chai soltou um bocejo forte, quebrando o encanto.

— Khun Sam, temos que ir para casa — disse, tentando controlar o pesar na minha voz.

— Sim, já está na minha hora de dormir — Chai murmurou. — E eu não gosto nada disso.

Sam riu, brincando com ele.

— Está gostando muito de estar aqui com a gente, Chai. Não inventa.

Ele revirou os olhos e bocejou de novo.

— Bom... tirando o fato de que a mãe Mon está me despenteando, até que não é ruim.

Sam nos apertou ainda mais forte, envolvendo nós dois nos seus braços quentes. Senti o toque dos seus lábios na minha bochecha, um gesto que me acalmava e ao mesmo tempo me trazia memórias.

— Durmam aqui comigo — ela pediu, com um tom de desejo suave na voz.

Antes que eu pudesse responder, Chai foi rápido em manifestar sua opinião.

— Nem pensar! Já é difícil dormir com uma de vocês — refilou, cruzando os braços em uma expressão fofa e irritada.

Sam riu, e logo rebateu com uma proposta.

— Tenho mais quartos, Chai. Não precisa dormir conosco, tem seu próprio espaço.

Ele ponderou por um segundo, já inclinado a aceitar a ideia.

— Bem, assim... talvez seja uma boa ideia...

Mas antes que a situação fugisse ao meu controle, falei de forma calma, tentando ser gentil.

— Khun Sam, vamos para casa, sim? — pedi, sentindo meu coração apertar, sem querer apressar as coisas. — Pode chamar um táxi para nós?

No entanto, Chai, empolgado com a ideia do novo lar, me puxou para a conversa.

— Mãe, amanhã vamos ver casas, né?

— Vamos sim, meu amor — respondi, tentando sorrir, mas ao mesmo tempo percebendo a expressão de Sam mudar.

Sentindo o abraço dela afrouxar, tomei seus braços e os puxei de volta ao meu redor. Queria que ela soubesse que essa decisão não era para afastá-la de mim, mas apenas a minha forma de tomar as coisas devagar, sem pressa. Chai se aproveitou do momento para compartilhar suas demandas, com aquele jeito prático e direto.

— Precisa ter dois banheiros, pra você parar de entrar enquanto eu estou usando! E meu quarto tem que ser longe do seu, pra eu não te ouvir ressonando — declarou ele, convencido.

Não consegui segurar a risada.

— Eu não ressono tão alto assim, filho.

Eles riram. E então, Sam chamou o táxi e nos acompanhou até ele. Antes de entrarmos, ela se inclinou para nos abraçar uma última vez, com um sorriso leve, mas o olhar carregado de saudade.

— Durmam bem — sussurrou, o carinho visível em sua voz.

— Ai, quanta lamechice pra um só dia! — Chai refilou, enquanto se encolhia no abraço.

Mon & Sam - Viúva Por EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora