34. O Último Apelo

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Capítulo 34

O Último Apelo

O banquete finalmente chegara ao fim, mas Visenya estava exausta. A noite tinha sido um desfile de falsidades, sorrisos forçados e conversas triviais, ela sabia que os olhares de simpatia e reverência que recebia dos nobres nada mais eram do que máscaras. Ao sair do salão principal, caminhou em silêncio pelos corredores da Fortaleza Vermelha, Sor Erryk a acompanhando com sua usual postura impassível. Quando finalmente alcançou seus aposentos, tudo o que desejava era a solidão.

—— Boa noite, Sor Erryk. —— disse ela gentilmente, mas com uma fadiga perceptível.

—— Boa noite, princesa. —— respondeu ele, assumindo sua posição de guarda na porta de seus aposentos.

A pesada porta de madeira fechou-se com um estalo, e Visenya permitiu-se afundar por um breve momento contra ela, os olhos cerrados. Sentia o peso do longo banquete ainda pulsar nas têmporas as conversas forçadas, os olhares cautelosos, as risadas estudadas. Não era como se esperasse outra coisa, mas, no fundo, cada momento de falsidade parecia drenar um pouco mais de sua paciência.

Suspirando profundamente, ela endireitou-se e, quando se virou, notou a presença de uma figura sentada ao lado da lareira, o brilho das chamas projetando sombras intensas em seu rosto. A postura relaxada e o olhar que a encarava desafiadoramente eram inconfundíveis, ter a visão de Daemon ali, naquele espaço privado fez o sangue dela ferver, cada passo que deu em direção a ele era cheio de fúria contida.

—— O que você está fazendo aqui? —— disse ela, sua voz firme, carregada de uma raiva reprimida —— Saia agora dos meus aposentos.

O príncipe, sempre tão imprevisível, levantou-se movendo-se com uma calma que a irritava profundamente, e antes que ela pudesse protestar, Daemon segurou seu rosto entre as mãos, forçando-a a olhá-lo. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que ela conhecia bem e que, um dia, havia confundido com devoção e amor.

—— Vim fazer uma proposta. —— disse ele, os olhos cravados nos dela, como se tentasse capturar sua atenção e a alma da princesa em um só movimento.

A Targaryen recuou, afastando-se das mãos dele com um gesto rápido, como se o toque queimasse.

—— Proposta? —— ela retrucou com desdém —— Eu não quero ouvir nenhuma proposta sua. Eu quero que você saia.

—— Por favor, me escuta. —— pediu o Targaryen quase implorando.

Resignada, Visenya caminhou até a mesa próxima, enchendo uma taça de vinho com dedos trêmulos, tentando manter algum controle sobre suas emoções.

—— Diga. —— disse ela, sua voz estava fria, quase indiferente, embora seu coração batesse descompassado.

O príncipe hesitou por um momento, avaliando a distância entre eles, não apenas física, mas emocional. Logo, ele avançou alguns passos, mantendo-se a uma distância que era, ao mesmo tempo, segura e provocadora.

—— Fuja comigo para Dragonstone. —— pediu ele, a proposta dele foi lançada no ar, simples, mas carregada de significados profundos.

A taça, agora cheia, ficou intocada sobre a mesa enquanto ela girava sobre os calcanhares para encará-lo. A seriedade em seus olhos a atingiu, mas Visenya não podia acreditar no que ouvia, ela o encarou com uma expressão incrédula.

—— Você enlouqueceu? —— disparou ela, sua voz baixa, mas afiada —— Eu estou noiva, Daemon.

—— Noiva, mas não casada. —— afirmou o Targaryen —— Ainda pode desistir. Essa união é uma insanidade, e você sabe disso.

The Rise Of The Queen - House Of The Dragons Onde histórias criam vida. Descubra agora